Capítulo Vinte

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Micael desceu as escadas, depois de um longo banho relaxante. Encontrou o pai, andando de um lado para o outro. O cálice na mão esquerda, provando algum vinho.

— Meu pai. — O chamou. — Preciso ir até Brahão.

— Agora? — Jorge se espantou. — E Sophia?

— Está dormindo no aposento. — Sorriu leve, lembrando do que havia acontecido horas atrás. — Preciso ir!

— Micael, eu acho melhor não. — Jorge deixou o cálice de lado. — Está de noite, Sophia vai perguntar sobre você e eu estou desconfortável com esse assunto.

— Eu conversei com Sophia, ela está bastante chateada. — Micael lembrou. — Não há o que fazer!

— E por que você quer ir até lá?

— Para conversar com Branca. — Rondou o pai. — Eu quero saber o que aconteceu de fato. Sophia está sem cabeça para enfrentar esse assunto.

— Como você contou à ela, meu filho? — Jorge ficou interessado. Estava quase mordendo a ponta dos dedos.

— Fui direto ao assunto, ela precisava saber. — Pausou. — Agora precisamos achar um jeito da situação não ficar mais... Crítica. — Micael coçou o maxilar, um pouco sem jeito.

Gertrudes apareceu.

— Meu príncipe? Meu lorde? O jantar está servido! — Acenou enquanto saía levemente, os levando até à mesa exposta do jantar. — Irei chamar a princesa.

— Oh, não... É. — Micael pigarreou. — Eu posso chamar ela, não tem problema.

— Mesmo? — Jorge levantou uma sobrancelha.

— Claro que sim. — Micael sorriu amarelo. Jorge estranhou, dando de ombros.

Antes que virasse para a escada, Micael viu a imagem da esposa, no primeiro degrau. Tinha outro vestido ao corpo, estava com os cabelos úmidos e um cheiro delicioso. Esperou Sophia na ponta da escada, com um imenso sorriso.

Ela corou quando chegou próximo à Micael.

— Oi. — Soltou, doce.

— Oi. — Micael tocou seu rosto. — Descansou?

— Sim. — Estava corando tanto. — O jantar já está posto? — Ela desviou o assunto, chocando-se com o horário. — Por quanto tempo eu dormi?

— Algumas horas. — Micael enlaçou seu braço ao dela, o levando até à mesa de jantar. — Eu não quis te acordar. Estava linda dormindo. — Os dois se entreolharam.

Sophia sorriu. Micael puxou a cadeira para que a mesma sentasse, o que tirou um sorriso danado de Jorge.

— Sophia. Querida, Sophia. — Ficou sem graça ao olhar a menina, lembrando do ocorrido. — Como você está? Aposto que descansou bastante!

E como!

— Estou ótima, meu rei. — Soltou um suspiro. — Não precisa se manter desse jeito, já estou sabendo do ocorrido.

Gertrudes os serviu, com a ajuda de outros serviçais. Micael engoliu o suco de morango em silêncio, observando os dois por cima da taça.

— É... — Jorge alisou o polegar. — Eu sinto muito que tenha acontecido isso, justo com a sua irmã.

— Não precisa lamentar-se, meu rei. Eu estou brava! Esbravecida! Louca da vida! — Queria matar Sarah, se fosse possível. — Me sinto envergonhada de aceitar esse caos, ou pensar em algo para que Owren não saia comentando.

— Querida, é inevitável que Owren não saia comentando. — Micael deu ênfase, sorrindo amarelo. — Desculpa.

— Eu e Micael conversamos sobre um baile anual, para ajudar a sua irmã. — Jorge tentou acolher a situação.

Sophia lhe fuzilou com o olhar.

— Me desculpe mas não. — Ficou em silêncio.

Todos pararam de comer, principalmente Jorge, que ficou surpreso.

— Então está dizendo que não gosta da possibilidade do baile anual?

— Não! Eu quero encontrar o pai da criança de Sarah e saber explicações. — Sophia se irritou. — É ridículo mentirmos à Owren! De novo!

Micael estava preocupado com a reação de Sophia. Ela não era assim.

— Acho que você está se precipitando, Sophia. — Jorge tentou acalma-la. — Sua irmã precisa de alguém para se acolher. Terá um filho! Imagine a cabeça da sua mãe?

— Imagine a minha cabeça, meu rei? — Sophia o encarou. Tinha lágrimas em seus olhos. — Me casei, tive um baile anual incrível e agora minha família estraga tudo. Imagine a população quando souber dessa gafe ridícula? Sarah é uma moça de família! Como não se cuidou? Como deixou isso acontecer? Eu não consigo aceitar, é feio até para mim! — Sophia secou as lágrimas, levantou-se. — Me desculpe mas não. — Deixou a mesa.

— Vou atrás dela. — Micael levantou.

— Faça isso. — Jorge acenou para que fosse.

Ele correu até o jardim, Sophia já estava lá fora, buscando algum cavalo que estivesse disponível. Ele lhe parou no mesmo instante.

— Sophia! — Parou aos poucos. — Sophia, não faça isso que você está pensando.

— Precisa me levar até a minha mãe. — Encarou o marido. — Por favor! — Juntou as mãos.

— E por que eu te levaria até lá? Para você se chatear mais ainda? — Piscou rápido. — Amanhã será um novo dia! Repense primeiro, fique calma, as coisas vão se resolver.

— Resolver como, Micael? — Sophia colocou as mãos na cintura. — Eu quero que Sarah me conte a verdade!

— Você acha que ela vai te contar quem é o pai da criança? Eu acho que não. — Micael torceu o nariz. — Eu sei que você está mal com a situação mas, brigar não vai adiantar nada. Fazer a justiça também não.

— E vamos tapar o sol com a peneira?

— Talvez o baile anual seja bom. — Micael assentiu. — Ela pode encontrar algum pretendente que aceite a condição. Pode ser feliz com ele!

— Não. — Sophia negou. — Conheço Sarah, ela vai fazer a minha vida um inferno.

Micael franziu o cenho.

— E por que ela faria?

— Porque sim! Fora que eu acho isso errado, Micael! O pretendente do baile não é o pai da criança, não precisa assumir essa responsabilidade do nada. — Sophia explicou. Estava cansada só de pensar no que aquela história viraria. — Eu não sei como começar.

— Eu acho que... — Micael aproximou de Sophia. Tocou seu ombro. — Você precisa relaxar, ficar calma. — Afastou o tecido, beijando sua pele. — Eu posso fazer muita coisa por você, querida. — Sussurrou em seu ouvido.

Sophia fechou os olhos. A mudança de humor foi fantástica.

— Eu sei que... Você pode. — Tocou o rosto de Micael, que ainda beijava seu ombro desnudo.

— Eu acho que... — Micael virou Sophia para si, colando seu corpo ao dela. — Deveríamos voltar naquele fim de mundo e ficar por uma semana, de verdade.

Sophia riu.

— Sabe que eu gostei? — Beijou o lábio de Micael. — Podíamos ficar em lua de mel, dessa vez, de verdade.

— Eu super aprovo a sua ideia, querida. — Mordiscou o lábio de Sophia. — Agora que você se entregou para mim, é um caminho sem volta.

Ela corou. Beijou Micael novamente para não ter que responder. Ele percebeu.

— Ah não! Não me diga que vai se envergonhar? Não agora. — Tocou seu rosto.

— Vou me esforçar nisso. — Fez o máximo para não corar.

— Não tem como voltar atrás, eu quase entrei dentro do seu útero. Somos bem íntimos! — Apertou a bunda de Sophia, que achou graça, o beijando.

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