Capítulo Vinte e Três

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Sophia engoliu o chá com um pouco de dificuldade, afinal, gostaria de saber da ilustre surpresa. Receber Frederico e Anna em um dia qualquer não era para qualquer um.

— Micael está ocupado? — Frederico mordeu a torrada, sutilmente.

— Ele deve descer... Em breve. — Lembrou-se do ocorrido no aposento. Voltou a tomar o chá.

— Esse reino já foi mais animado. — Frederico soltou um riso. Viu Gertrudes aparecer na sala de jantar novamente.

— O príncipe está vindo! — Gertrudes soltou à Sophia, que assentiu, rápida.

— Graças! Pensei que não iria vê-lo tão cedo. — Frederico levantou as mãos.

Micael estava descendo. Os cabelos úmidos por conta do banho recente. A veste impecável! O cheiro da fragrância deliciosamente suave. O oposto de Sophia, que ainda estava com o corpo pegajoso em óleo.

— Fred? O que faz aqui? — Micael franziu o cenho.

— Ora, não posso mais te visitar? — Sorriu amarelo ao primo.

— Poder pode mas... — Sentou-se ao lado de Sophia. — Faz tempo que chegou?

— Algumas horas atrás, mas você estava perdido lá em cima. — Frederico voltou a rir. — Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?

— Nenhuma. — Micael desviou o assunto. — Sejam bem vindos, e mais uma vez, você me...

— Seja hospitaleiro, Micael. — Sophia o interviu. — Parece que Anna está querendo viajar um pouco. — Sorriu para a moça, que fez o mesmo. — Escutei por alto. Estou certa?

— Na verdade estamos reformando a biblioteca do nosso reino. — Anna soltou, feliz. — Vamos adaptar para o bebê.

— Bebê? — Sophia fez uma careta.

— É! — Micael ficou um pouco sem graça. — Anna está... Grávida. — Fez uma pausa. — Para mim também foi uma imensa surpresa.

— Oh... Que... Interessante. — Sophia não sabia o que dizer. Lembrou-se da irmã rapidamente. — Meus parabéns!

— Logo serão vocês, estou certo? — Frederico limpou o canto da boca. Olhou para a esposa, que bateu duas palmas, contente. — Um herdeiro à Borgerith!

— Jamais. — Micael soltou.

Sophia encarou Micael, um pouco triste. Anna pigarreou antes de se levantar.

— Sophia, que tal caminhar um pouco? Minhas pernas estão pedindo isso. — Chamou a mesma, que assentiu, indo atrás.

As duas saíram. Frederico negou com a cabeça.

— Precisava disso?

— Você vem me dar lição de moral agora? Eu quero saber o que você está fazendo aqui! — Micael cerrou os dentes, não estava acreditando no que Frederico havia contado.

— Não está acreditando em mim?

— Ora, reformas no reino? Você já foi ótimo de mentiras, Fred! — Torceu o nariz. — Ande, me conte! O que aconteceu?

Frederico olhou o primo com deboche. Soltou um suspiro, pensando.

— Preciso ir atrás de alguém.

— De quem?

— Não irei te contar. É confidencial! — Levantou-se.

— Me poupe, Fred. Me conte logo, o que aconteceu para você pisar em Borgerith do nada?

— Estou com problemas. Preciso guerrear! — Andou até à frente, saindo para o jardim.

— Guerrear? — Micael torceu o nariz, segurou no braço de Frederico, o puxando. — Faz anos que não temos guerras em Owren. Por que está com essa ideia agora?

— PORQUE EU PRECISO. — Fuzilou Micael. — Eu ainda não posso dizer mas eu preciso!

Micael ficou em silêncio.

— Certo, você precisa guerrear mas não quer me contar o que aconteceu de fato?

— Eu ainda não posso te contar, Micael. Vou ser morto se souberem da verdade.

— Ótimo, está ajudando muito jogando essas charadas. — Esbraveceu. — Pode guerrear à vontade, eu vou descobrir do meu jeito. E eu não quero você cagando em Owren!

— Como é?

— Isso mesmo que você ouviu. — Micael colocou as mãos na cintura. — Quer fazer guerra? Faça no seu reino! Não coloque Owren nos seus problemas. Sei que você é meu primo mas não quero passar a mão na cabeça de ninguém.

Micael ficou extremamente bravo com a fala do primo. Andou de um lado para o outro, incrédulo. Viu Jorge se aproximar, montado em um cavalo. Desceu surpreso ao ver Frederico perto do filho, gostaria de saber o por quê da ilustre visita.

— Não aguento mais isso. — Micael soltou, bufando e saindo de perto. Jorge não entendeu nada.

— É uma longa história, meu tio. Vamos caminhar? Eu vou contar tudo. — Frederico acalmou Jorge, que assentiu de bom agrado.

Sophia caminhou com Anna pelo jardim bem cuidado do reino. Deixou a mesma falando sozinha, quando entraram no assunto de filhos. Não conseguia parar de pensar em Sarah, em como seria com a chegada do bebê.

Depois de um tempo, ela lhe deixou. Precisava de um banho! Sentiu o vestido pegar em seu corpo, sujo de óleo corporal. Subiu até o toalete, retirando suas vestes e preparando seu próprio banho de banheira.

Entrou na água e relaxou. Tinha os olhos fechados quando a porta se abriu.

— Gertrudes, não pr... — Abriu os olhos novamente. Viu Micael, de pé. — O que faz aqui?

— Sou seu marido. Não posso conversar com você?

— Eu não quero conversar com você! — Ficou brava novamente. — Pode sair, por favor?

— Não. — Micael sentou na ponta da banheira. — Quero pedir desculpas, por hoje.

— Por que você faz isso? — Sophia queria uma resposta concreta.

— Porque... Porque... — Micael olhou ao redor, buscando algo que lhe ajudasse. — Podemos conversar depois sobre isso, que tal?

— E por que não podemos conversar agora? Pode me dizer? — Sophia levantou os ombros.

— Não é um lugar apropriado para conversar sobre isso. — Micael respirou fundo. — Mas eu queria me desculpar com você.

— Disse à Frederico que não quer ter filhos. Outro assunto que também deveríamos conversar?

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