Capítulo Vinte e Cinco

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— FODA-SE!

Micael gritou ao ver Frederico e o pai, juntos. Ambos cansados, um rosto triste, com sono.

— Bons dias, meu filho. — Jorge sorriu amarelo à Micael.

— Bons dias é o cacete! — Parou em frente aos dois. — Onde estavam?

— Na floresta? — Frederico segurou o riso. — Fomos caçar! Você é bunda-mole demais para isso.

— Verdade, eu sou muito bunda-mole... — Micael foi irônico. — Enquanto os dois estavam brincando de matar veadinhos no bosque, sua esposa estava soltando os órgãos no reino.

— Como é? — Frederico ficou sério.

— Exatamente! — Micael encarou os dois. — Anna estava passando mal. Gertrudes chamou um médico, não me pergunte o que ela tinha. — Colocou as mãos na cintura.

Frederico correu para fora do bosque, deixando Micael com Jorge, que ainda refletia o que havia acontecido.

— O senhor não vai dizer nada?

— Ora, você quer que eu diga o que? — Continuou andando. — Anna é uma mulher incrível! Espero que esteja tudo bem.

— Que história é essa do senhor sair com o Fred? — Estava com ciúmes. — Eu sei que vocês são cheios de historinhas mas... Caçar? De madrugada?

Jorge soltou uma gargalhada gostosa.

— O que há? Você está com ciúmes, Micael?

— Eu não tenho ciúmes!

— Pois parece uma menininha perguntando de tudo. — Jorge terminou de rir. — Tem algo que você queira me dizer?

— Várias coisas! Começando por ele estar aqui, do nada.

Jorge parou de andar, virou-se para encarar Micael.

— Está insinuando que está acontecendo alguma coisa?

— Diversas, meu pai! Fred não viria ao reino por nada. Sem datas comemorativas. — Micael o fuzilou com o olhar. — Conheço o primo que eu tenho.

— Então vá descobrir o que é. Melhor do que encher o meu saco, igual uma menininha. — Jorge riu de novo, o deixando.

Micael grunhiu, seguindo o pai, indo de volta ao reino.

Frederico chegou às pressas no reino. Foi até o aposento onde Anna estava, recebendo todas as informações, do que havia acontecido mais cedo.

Sophia secava os cabelos. Depois do ocorrido, tomou um banho rápido de banheira. Tinha um roupão felpudo no corpo, enquanto se encarava no espelho da penteadeira. Buscou a escova para pentear seus cabelos longos, macios e loiros.

A porta se abriu, lhe assustando um pouco.

— Oi. — Micael fechou a porta, bem rápido. — Você está bem?

— Sim. — Sophia não o olhou.

— Como Anna está? O bebê está bem?

— Estresse entre os reinos. Repouso absoluto. — Penteou as pontas. Ainda não havia olhado Micael. — Eles estão bem.

— Já entendi. Você vai ficar fazendo isso até a gente entrar naquele assunto tosco de filhos.

— Tosco? — Ela havia o encarado. — Você acha que ter filhos é... Tosco?

Micael jogou a cabeça para trás. Estava cansado de brigar.

— Sophia, eu ainda não estou pronto. Entendeu?

— E por que você não está pronto? — Deixou a escova de cabelo, se levantando. — Tem algo que podemos conversar para resolver isso?

— Não, não tem. Fim do assunto!

— Não é fim do assunto, ainda temos muito o que resolver. — Ficou frente à frente com o marido. — Eu vou engravidar, de um jeito ou de outro.

— Ah vai, e como? Você vai me trair? — Debochou.

— Transamos bastante, Micael! É impossível você ser burro o bastante para não saber isso.

— Quem é burra aqui é você, Sophia. — Juntou as mãos, sendo sínico e debochado.

Sophia piscou várias vezes, não havia entendido.

— Por que está falando desse jeito?

— Você nunca vai engravidar sem o meu consentimento nesse reino. Entendeu?

— Como é?

— É isso que eu falei! — Estava esbravecido. — Não quero mais esse assunto por aqui.

— Então...

— É, Sophia. É! — Micael andou de um lado para o outro. Colocou a mão na cintura, como fazia quando estava bravo. — Eu gozo fora para você não engravidar. Satisfeita? — Abriu as mãos.

Sophia ficou em silêncio. Sentiu o salgado da lágrima encostar em sua bochecha. A garganta doeu pelo nó dado. Ela não sabia o que fazer.

— Você me usou. — Soltou, ainda baixo.

— Não, eu não te usei em nada! Eu só não quero que isso aqui se reproduza. — Gesticulou aos dois. — Amo transar com você, amo gozar, fora de você. — Micael soltou. — Estávamos indo bem.

— Disse certo, nós estávamos! — Sophia secou suas lágrimas.

— Me desculpa por ser tão drástico.

— Eu quero que você vá se foder. Só isso que eu quero!

Ela passou perto do marido, o empurrando, como sempre fazia. Vestiu-se rápida e saiu do aposento. Chorou durante o caminho que fazia, tinha que achar Jorge o mais rápido possível.

O encontrou dentro da biblioteca. Tinha um livro em mãos mas estava cochilando sentado, na poltrona de couro perto da lareira. Assustou o sogro, que deu um pulo no mesmo instante.

— Me desculpe, meu rei. — Sophia fechou a porta com tudo. — Eu não aguento mais!

— Mas... O que houve? — Coçou os olhos. — Por que está com o rosto inchado? Estava chorando?

— Eu, Sophia de Brahão, venho até aqui pedir uma permissão de separação, com meu marido, Micael Borges, do reino de Borgerith.

Jorge ficou incrédulo. Levantou-se devagar, digerindo as palavras de Sophia.

— Sophia... Isso é errado! É contra as leis. Você não pode se separar dele. — Ficou desesperado, querendo entender.

Sophia deu um passo em sua frente.

— Então prepare a guilhotina e avise Owren que estarei lá em baixo. Se é até a morte nos separe, então eu prefiro morrer!

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