Capítulo Oito

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Sophia adorou a recepção de bom gosto do rei Jorge. Optou em não ficar muito junto com Micael, mas foi quase impossível, já que, sua mãe obrigava a trocar palavras com o mesmo, de minuto em minuto.

Conheceu todo o reino e de praxe, aproveitou para almoçar em família. Sentou-se ao lado de Micael quando todo o banquete foi posto.

Ela estava odiando aquilo.

— Então, eu estava conversando com o rei Jorge e preferimos fazer a cerimônia na semana que vem. — Branca sorriu. — O que acham?

— Eu acho péss... Incrível. — Micael levou rapidamente uma taça de água até os lábios.

Sophia encolheu os ombros nus, por conta do vestido clássico sem alças.

— Princesa? — Jorge chamou sua atenção, esperando uma resposta.

— Semana que vem? — Observou os dois, que estavam animados. — Muito rápido, não? — Soltou um riso nervoso.

— Os convites já chegaram até os familiares do campo. Os da sua família também! — Jorge respondeu animado.

Sophia ficou em silêncio.

— Pedi para que Gertrudes fizesse sua prova de vestidos amanhã de manhã. — Ele voltou a sorrir. — Vamos receber um especialista nisto! — Passou confiança na mesma, que não obteve nenhum sorriso ou animação.

— Um homem? — Sophia coçou a nuca, envergonhada.

— Um homem que gosta de homem. — Micael soltou, bebendo mais um gole d'água. — Podemos falar dos docinhos, que tal? Eu começo! — Mudou de assunto, deixando Jorge e Branca sem entender nada. — Quero brigadeiro.

— Brigadeiro, meu príncipe? — Branca ficou surpresa.

— Não posso pedir brigadeiro no meu próprio casamento?

— C-claro. — Ficou sem graça, corando. — Sophia também ama brigadeiro.

— Acho que... Acabamos. Não? — A mesma cortou o assunto. Estava cansada daquilo.

— Vamos comer a torta! — Jorge lembrou-se. — Gertrudes? — Chamou.

Sophia viu a mulher com mais dois serviçais. Tinha a torta de morango em mãos, colocando na mesa. Serviu Sophia com uma fatia delicada. Não podia mentir, estava tão bonita. Os morangos frescos enfeitando a massa.

— Sophia, espero você para o jantar hoje à noite. — Jorge avisou.

— Jantar, meu rei? — Ela franziu o cenho, sem entender.

— Eu irei caçar pelo bosque, hoje à noite, com alguns guardas. Nada perigoso. — Lembrou-se, deixando Micael e Sophia se odiarem mais ainda. — Deixei Gertrudes preparar um delicioso jantar! Para os dois. Como forma de gratidão.

— Não estou acreditando. — Micael disse alto, revendo o que havia dito depois. — Quer dizer, esse jantar vai ser ótimo para nós... Princesa. — Encarou Sophia, sorrindo falso à ela. — Escolha o seu melhor vestido. Na verdade, você nem precisa. — Fuzilou a mesma com o olhar.

— Vou escolher o meu melhor vestido, pode apostar. — Sorriu falsa à ele.

— Perfeito! — Jorge sorriu. — Mal posso esperar para esse grande dia chegar. O casamento. — Ele queria tanto esse dia.

Sophia comeu a torta no impulso, estava sem fome diante à tanta conversa sobre seu casamento. Por fim, saiu da mesa, acompanhada de Micael e não entendeu o porquê.

— Vamos andar um pouco. Por favor! — Disse à ela, surpreendendo Jorge e Branca.

Caminharam para fora do reino, seguindo ao jardim. Micael parou Sophia quando estavam longe dos dois.

— Escuta aqui sua pobre metida à besta. — Apontou para Sophia. — Só vou me casar com você pois se não, vou ser deserdado. Eu não gosto de você e muito menos quero morrer ao seu lado. Entendeu?

— Idem, o mesmo à você! E espero que você me respeite, entendeu? — Também apontou para Micael. — Serei sua esposa mas gosto de respeito.

— E você tem respeito com os outros desde quando?

— Desde que sou uma princesa, meu príncipe. — Foi debochada. — Vim de um berço muito educado, por sinal. Diferente do seu!

— Tá bom. — Riu sarcástico. — Graças à minha família, você não está próxima de passar fome. Só eu sei o que sua mãe não está fazendo para isso acontecer.

— Está falando do baile anual? Que por final, foi um...

— Um o que? — Chegou próximo de Sophia.

As respirações coladas. Sophia sentiu-se estranha.

— Nada. — Ficou em silêncio.

— Você ia dizer que o baile foi um fracasso? — Micael levantou a sobrancelha. — Ora, ora.

— Eu não ia dizer nada, meu príncipe. — Saiu andando. — Só não quero você no meu pé todos os dias.

— Impossível. — Seguiu ela. — Nós vamos nos casar. Você ainda não entendeu isso?

— Eu não quero entender isso. — Os dois pararam de andar.

Sophia olhou fixamente para os olhos de Micael. Sentiu algo estranho mas parou seus pensamentos. Assim como ele, que fixou os olhos castanhos em Sophia.

— Algum problema, princesa?

— Nenhum. — Piscou rápido. — Você tem mais alguma coisa que queira falar comigo?

Micael ficou observando Sophia, em silêncio. Um clima estranho que não soube identificar.

— Acho que você já está liberada, futura esposa. — Soltou um riso debochado. Sophia revirou os olhos.

Deixou ela ir e bagunçou os cabelos quando seus pensamentos ficaram estranhos demais. Ele odiava ela, ponto.

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