Xeque-Mate Para o Amor

Capítulo Vinte e Nove

Sophia acordou com náuseas naquela manhã. Sentiu o corpo nu nos lençóis de seda, sentando-se lentamente para que a dor não aumentasse.

Procurou Micael pelo aposento mas não o achou. Tinha que se recompor! Levantou devagar, buscou um roupão felpudo, logo após, indo até o lavabo mais perto, tomando um banho.

Micael estava longe do reino. Decidiu cavalgar até Brahão, para analisar como estavam indo as coisas.
Na verdade, ele queria saber de muita coisa por ali.

— Meu príncipe!

Louise animou-se ao ver Micael descer do cavalo. Sorriu ao mesmo antes de dar um abraço.

— Como está? — Alisou os cabelos da menina.

— Estamos indo. Onde está Sophia?

— Ficou no reino. Ela não está muito bem. — Micael andou até a entrada.

— Por que ela não está bem? Sophia está doente? — Louise se assustou.

— Sophia está bem. — Micael parou em frente ao portal inicial. — Eu preciso falar com a rainha! — Soltou.

— Mamãe está lá em cima. — Louise avisou, assentindo à Micael, que entrou.

De primeira impressão, um reino abandonado. Serviçais trabalhavam quietos e Branca? Nenhum sinal da mesma, até alguém avisar que Micael estava ali.

Ela desceu alguns segundos depois, sorrindo ao genro, sendo doce ao recebê-lo.

— Bons dias, meu príncipe.

— Bons dias, minha rainha. — Micael beijou sua mão. — Como estão as coisas por aqui?

— Acredito que ótimas. — Branca desviou o olhar. — Sophia está bem?

— Por que a senhora acredita que estão... Ótimas? — Micael franziu o cenho.

— Ora... Porque sim. — Sorriu amarelo. — Minha filha está bem?

— Perfeitamente. — Os dois se encararam. — A senhora sabe o por quê da minha visita.

— Você quer saber de Sarah, não é mesmo?

— Rainha, nós precisamos resolver esse assunto antes que caia em Owren!

— Eu não quero resolver, Micael.

Branca saiu de perto, andou de um lado para o outro.

— Mas precisa resolver! Imagine o que...

— Eu não quero aceitar uma coisa dessas sob meu reino mas infelizmente não há o que fazer. — Pausou. — Sarah errou, mas não posso condená-la.

— Mas pode saber quem é o responsável por isso.

— O que está querendo dizer, Micael?

— Sarah não engravidou sozinha. — Foi a vez de Micael andar de um lado para o outro. — Sua filha não tem cara de engravidar por homens-não-herdeiros. Concorda comigo?

— Está chamando ela de qualquer, Micael? — Branca se irritou.

— Estou querendo desvendar quem é o pai do filho de Sarah, somente isso. — Cruzou as mãos atrás do corpo. — Owren precisa saber da notícia o quanto antes!

— Irei sair da cidade. — Branca soltou.

Um soco no peito de Micael. Ele não sabia o que dizer e Branca jamais poderia fazer aquilo.

— Não pode fazer isso!

— E por que não?

— Porque não! Estará abandonando um reino, uma cidade, um legado. — Micael estava se irritando, apressado. — Não pode desistir e abandonar tudo por burrice da sua filha.

— Micael Borges, respeito com as minhas filhas! — Branca cerrou os dentes.

— Tenho muito respeito mas este tipo de assunto eu não consigo ter. — Encarou Branca. — Vamos desvendar isso, de um jeito que não fique chato para nós.

— Você acha que eu sei quem é? Ora, não seja tão brutamontes como pensa.

— Estou sendo claro!

Os dois ficaram em silêncio. Branca passou a mão no rosto.

— Eu tive uma ideia mas preciso ter coragem para te dizer. — Branca fechou os olhos.

— O que houve? Pode me dizer tranquilamente.

— Não.

— Sim! — Micael tocou sua mão. — O que houve?

— Eu pensei em fazermos um trato. — Começou a andar. — Você e Sophia podem anunciar o bebê de Sarah como o de vocês!

— A SENHORA FICOU MALUCA? — Micael gritou.

— Acha uma péssima ideia?

— TOTALMENTE. — Micael esbraveceu. — Isso é blasfêmia! Uma mentira! Eu já menti terrores mas não posso fazer isso com o povo de Owren. Fora que prejudicaria Sophia.

— Por que iria prejudicar? Por acaso ela está grávida? — Branca arregalou os olhos.

— Não... NÃO! — Micael negou com a cabeça. — Não posso fazer isso. Também não posso deixar Sophia aceitar uma coisa dessas.

— Viu só? Você mesmo não quer nos ajudar, Micael. Se a população souber da verdade, estamos mortos de vergonha.

— Isso é loucura! — Micael se afastou. — Eu... Isso é loucura.

— Não é. Isso é uma ótima ideia, você não quer executar de fato. — Branca decepcionou-se. — Vou ver o que consigo fazer para... Acertar isso.

Micael saiu correndo do reino, deixando Branca sem entender. Subiu em seu cavalo, tentando chegar ao máximo o mais rápido possível.

A ideia não era ruim mas Micael não podia aceitar aquilo. Como Sophia iria esconder por tanto tempo?
E seu pai? Como reagiria?

Cavalgou tanto que parou ao ver Frederico, no mesmo caminho, em sua direção. Ficou sem entender.

— O que faz aqui, Fred?