Capítulo Vinte e Seis

81 6 3
                                    


— SOPHIA!

Jorge deu um pulo, se assustando. Olhava Sophia com terror nos olhos, não podia ser ela que estava falando.

— O que deu em você? Está maluca?

— Não, eu não estou. — Sophia o enfrentou. — Micael é um péssimo marido! Onde o senhor errou?

— O que houve? — Jorge estava sem entender. — V-vamos conversar... É... — Estava nervoso. — Por favor! Vamos só... Conversar. Você pode me contar o que aconteceu.

— Eu não quero contar o que aconteceu, meu rei. Eu só quero sair desse lugar, me desligar totalmente com Micael. É isso que eu quero! — Gesticulou.

— Eu imploro que converse comigo, por favor. Eu posso lhe ajudar! Sempre vou lhe ajudar, querida. — Segurou na mão de Sophia, a acalmando.

Jorge a tratava como se fosse uma filha. E sabia que seu nervosismo e pedido constante foi algo que Micael havia feito.

Ele foi rápido ao acalmar a nora, lhe trazendo para uma poltrona confortável, ainda dentro da biblioteca. Pediu para que algum serviçal lhe trouxesse um chá, bastante quente. Sophia teve vergonha ao contar o que havia acontecido. Mas Jorge entendeu perfeitamente, se irritando também.

— S-sophia. — Pigarreou. — Isso é bastante chocante para mim, acredite. Porém... Eu...

— O senhor não sabe o que fazer, eu também não sei. — Estava triste, lembrando das palavras grotescas de Micael. — Acho que gosto dele!

— Você acha? — Jorge levantou uma sobrancelha.

— Sim. — Sophia ficou em transe. — Um reino precisa de uma criança, é natural, em todas as histórias de reinos. — Explicou. — Devemos construir o nosso mas Micael não quer, consequentemente.

— Acho que Micael não está pronto, realmente. — Jorge fez uma careta. — Ele ainda não sabe os prazeres da vida. Precisa crescer mais, viver mais! Entende?

— Viver mais? O Micael precisa de um choque!

— Eu concordo. Ele precisa crescer e virar homem. — Jorge levantou-se. — Um conselho que eu te daria é: relaxe, durma um pouco e amanhã pense em outras coisas. Você não precisa lidar com ele agora, busque um tempo para você. — Sorriu à Sophia.

— Vou seguir o conselho, meu rei. — Sophia ficou corada. Deixou a xícara com pires ao lado de uma mesa pequena. — Desculpe o incomodo.

— Não precisa se desculpar. Eu entendo como você deve estar se sentindo.

— Boas noites, meu rei. — Sophia passou por Jorge, ainda de cabeça baixa. Ele viu a menina ir, quis matar o filho pelo pensamento. Teria uma conversa séria com Micael.

Na manhã seguinte, o silêncio tomou conta de Borgerith. Micael desceu mais cedo para o café da manhã, se escondendo de Sophia, mas, seu plano falhou quando viu a mesma descer, se juntando à mesa posta do café. Sentou-se afastada do marido. Jorge complementou, segundos depois, tentando cortar o clima ruim que se atraía.

— Bons dias. — Frederico apareceu. Estava energético, aquela hora da manhã. — Como estão? — Sentou-se perto de Micael, sentindo o clima ruim que estava.

— Bons dias, garoto. — Jorge tentou descontrair. — Onde foi tão cedo?

— Estava jogando. — Buscou uma maçã.

— Jogando? — Micael interviu, franzindo o cenho.

— Arco e flecha. — Frederico mastigou a fruta. — Por que o espanto?

— Não me diga que você acordou pela matina para jogar arco e flecha. — Jorge se impressionou. — É um homem mudado, Fred!

— Eu sei. — Soltou um riso. Voltou a encarar Micael. — Aconteceu alguma coisa?

— Nada com que se preocupe. — Jorge sorriu leve, tinha as mãos cruzadas em cima da mesa.

Sophia tomava seu café em silêncio, o que irritou Micael, em partes.

— Irei para casa amanhã de manhã. Anna já está apta para sair! — Frederico avisou. — Fiquei com medo que fosse algo mais grave, graças que não deu em nada.

— Foi apenas um susto. — Micael soltou. — Ela vai ficar bem.

— Sim. — Frederico assentiu. — Eu me vou! Com licença. — Saiu rapidamente, não estava afim de dividir aquela tensão pela manhã.

— Com licença. — Sophia fez o mesmo. Limpou sua boca com o guardanapo de pano, se levantando logo após que Frederico saiu.

— Bom, já que todos se foram, eu também me vou. — Micael afastou a cadeira, mas Jorge lhe interrompeu.

— Você não vai à lugar nenhum. Sente-se. AGORA! — Ordenou ao filho, que estranhou.

— Certo. — Voltou a se sentar. — O que eu fiz agora?

— Você? Me diga o que você não faz, Micael? — Encarou o filho, com desprezo. — Eu já sei de tudo! — Levantou as mãos.

— O que o senhor sabe?

— Sophia me procurou ontem para se separar de você. A garota jurou a morte, Micael. A MORTE! — Cerrou os dentes. — Por que você não consegue agir como um homem descente?

Micael ficou pasmo ao escutar aquilo. Nunca imaginou que Sophia reagisse desse jeito.

— Ela fez isso?

— Fez! E você é o causador. — Apontou para Micael, lhe acusando. — Ela gosta de você. Está querendo construir uma família e você diz aquilo?

— Meu pai, será que eu posso me defender?

— Você não tem como se defender, Micael. Está errado! — Jorge ficou nervoso. — Você deve agir como homem! Eu não sou eterno, não vou durar para sempre. Se eu morrer amanhã, quem irá cuidar do reino? Você mal lava uma veste íntima sozinho, quem dirá cuidar de um lugar como esse. — Cruzou os braços, esbravecido.

— Certo. É o meu direito não querer ter filhos agora, entendeu? Eu não estou pronto! Eu não sei como eu vou reagir à isso, é... Muito novo para mim! — Micael ficou em transe. — Sophia quer muito um bebê mas agora não, meu pai. Eu não posso!

— Você acha que não está pronto para assumir responsabilidades? Mas está pronto para ver mulheres nuas e sem valor dançando para você. Entendi! — Foi irônico. — Saiba de uma coisa, Micael. Sophia não é idiota! Quando ela se irritar, você vai sofrer. E muito!

Micael encarou o pai. Escutou as palavras.

— Acredito que você precisa crescer, sair desse mundo ridículo que você criou, na sua cabeça. — Pausou. — Seja homem! Assuma suas responsabilidades! Vá a guerras! Faça o que precisa ser feito.

— Sim.

— Você gosta da Sophia?

— Sim.

— E por que age desse jeito?

— Porque eu não estou pronto para ser pai. Só isso! Ela não pode me obrigar.

— Ela pode, Micael. A partir do momento que você se casou com ela. — Jorge levantou-se. — Não perca o seu tempo. Converse com ela! Dê uma dose de alegria à esse lugar!

Micael ficou pensando, em silêncio. Não moveu um músculo se quer.

— Dê a Sophia o que ela realmente quer.

Jorge saiu, deixando Micael com centenas de pensamentos. Não sabia o que fazer, mas estava quase aceitando o fato de dar um filho à Sophia.

Xeque-Mate Para o Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora