Capítulo Nove

37 5 1
                                    


Sophia acordou bem cedo na manhã seguinte. Deixou sua mãe para ir até o reino de Borgerith, fazer sua prova de vestidos confeccionados somente à ela. Alto tom e realeza, pensou.

Saiu da charrete quando um guarda lhe ajudou, ajustou a barra do vestido que estava usando, que não era nada de grife e bons panos.

— Bons dias, princesa. — Gertrudes lhe recebeu. — Como passa?

— Bons dias. — Sorriu para a mulher. — Estou ótima! E você? — Puxou assunto.

— Obrigada por perguntar. Estou bem! — Gertrudes segurou sua mão. — Vamos até o terceiro aposento. Gregory está nos aguardando! — Gertrudes sorriu confiante à Sophia, que ficou sem entender.

Subiram as escadas até chegar no terceiro aposento. Ela se assustou ao escutar a voz meio máscula e feminina do homem, que dava chiliques aquela hora da manhã.

— Como assim não trouxeram o cetim que eu escolhi? Vocês não sabem trabalhar? — Andou de um lado para o outro. — Inferno! Onde está o linho? — Perguntou à sua ajudante, levada pelo mesmo.

Gertrudes deu três passos antes de adentrar o aposento.

— Gregory? — Sorriu amarelo à ele.

— Quem me chama? — Virou-se em um tom debochado, encarando Sophia, com aquele vestido nada alto e de boa realeza.

Olhou a menina dos pés até a cabeça, com desgosto.

— Céus! Princesa Sophia do reino de Brahão? — Alisou o indicador e polegar. Estava nervoso, com pigarros na garganta.

— Prazer em conhecê-lo, Gregory. — Sophia foi simpática.

— Enfim... — Pigarreou. — Vamos achar um vestido... Clássico à você. — Sorriu falso para a menina.

Gregory bateu duas palmas rapidamente, assustando seus ajudantes. Fez com que Sophia se sentasse em uma poltrona de veludo, assistindo os quatro tecidos e desenhos que havia trago, especialmente ao seu biotipo.

— Eu pensei em usarmos Duchese para seu belo corpo. Vamos realçar sua cintura e deixar sua face angelical destacar no branco do vestido. — Gregory pousou as mãos no rosto de Sophia.

Mostrou o vestido, que estava posto em um manequim. Era extremamente lindo! Ela sorriu, se imaginando ali dentro. Uma pequena abertura na parte de trás, deixando as costas em uma nudez sutil. A frente totalmente coberta, com detalhes em pérolas e algumas pedrinhas de diamante.

— Fique de pé, por favor. — Gregory soltou à Sophia, que fez. — Tire sua roupa. Vamos ajustar os detalhes. — Colocou as mãos na cintura.

— É... Ajus... — Olhou Gertrudes, com medo. — Minha roupa?

— É! — Gregory estava perdendo a paciência. — Ande logo! Preciso estar em outro reino daqui há cinquenta minutos. — Encarou Sophia.

— Eu não vou ficar nua na sua frente. Jamais!

Sophia fez com que todos lhe olhassem. Gertrudes abaixou a cabeça, um pouco sem graça.

— Meu bombom de nozes. — Gregory ficou em sua frente. — Você sabe que meu negócio é o seu futuro marido, não é mesmo? — Tocou o queixo de Sophia. — Eu estou com inveja de você! Agora por favor, tire sua roupa e vamos agilizar com isso.

Sophia engoliu seco, tendo a ajuda de Gertrudes para fazer a prova do seu vestido.

Lá em baixo, Jorge relia alguns documentos na biblioteca. Abriu um livro empoeirado, antes de ajustar o óculos em sua face, se alienando.

— Posso entrar?

Viu Micael em meia porta, segurando a maçaneta. Jorge olhou por cima do óculos.

— Já entrou. — Deixou o livro em cima da mesa. — Pensei que estivesse caçando.

— E eu tenho cara de caçar? — Sentou-se na poltrona, na frente do pai. — Ela já chegou?

— Você sabe que sim, não seja idiota. — Soltou um risinho. — Está ansioso?

— É como se eu fosse morrer e assistisse o meu próprio funeral. — Micael cruzou as mãos.

— Não seja rude.

— O senhor está sendo rude comigo, meu pai. Por uma baita mentira, vou ficar preso com ela. — Micael se irritou. — Já viu quantos problemas vamos ter?

— Que problemas, Micael? Me diga? — Jorge cruzou os braços. — Você precisa aumentar o seu campo de visão. A garota é ótima! Sua família está ruim? Sim, porém... Ela é uma pessoa de ótimo coração.

— Ótimo coração? — Micael blefou. — O pai dela matou meia família e você acha a família dela de bom coração?

— Micael, eu não vou discutir com você. — Jorge se levantou. — Só quero que você a respeite! Seja homem, pare de andar atrás de prostitutas enquanto estiver com ela.

Micael arregalou os olhos, ficou de pé, um pouco assustado.

— Me tire tudo menos o direito de visitar minhas prostitutas.

— MICAEL!

— O QUE? — Ele abriu os braços. — Ela é virgem, me odeia e não vai querer me dar. Bom para o senhor ou quer outro tipo de argumento?

— É essa sua mentalidade? Por favor! Respeite a moça. — Jorge torceu o maxilar. — Você não vai escapar, Micael. Owren irá te cobrar um herdeiro!

Micael gargalhou, como se estivesse escutando uma piada suja. Jorge revirou os olhos, não adiantava conversar com o filho.

— Nunca terei filhos, meu pai. Pelo contrário, se Sophia se deitar comigo, jamais terá minha porra dentro dela. Entendeu? — Aumentou o tom de voz.

— Moleque. Você é um moleque! — Jorge negou com a cabeça, saindo da biblioteca.

Encontrou-se com Gertrudes, que estava na porta. Não gostou de vê-la ali, parecia que estava escutando algo.

— Algum problema, Gertrudes? — Jorge semicerrou os olhos.

— Sophia terminou a prova do vestido. Ficou lindo! — Sorriu leve. — Gostaria de servir um chá com bolo de creme.

— Claro. Não irei participar mas Micael irá. — Jorge encarou o filho, que fechou o rosto, não gostando da ideia. — Ele tem vários assuntos para conversar com Sophia.

— Certo, eu irei servir o chá. Com licença! — Abaixou-se rápida, saindo das vistas do rei.

Micael andou sem vida até a sala de jantar, com uma má vontade tremenda. Queria matar o próprio pai de ter anunciado isso.
Mas Jorge nunca iria se cansar de mandar em Micael, ainda mais agora com o casamento.

Xeque-Mate Para o Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora