Frederico tinha a face assustada, encarou Micael, demorando alguns minutos para reformular suas palavras.— O que faz aqui? — Micael voltou a perguntar.
— Fazendo rondas.
— Em Brahão? — Ergueu uma sobrancelha.
— Por necessidades. — Sorriu amarelo. — O que você faz aqui?
— Vim conversar com a minha excelentíssima sogra. — Micael soltou, suave. — Estou surpreso de te ver aqui. Não deveria estar com Anna?
— Anna está muito bem! Eu recebi um chamado, parece que precisam reforçar a base de segurança. — Mentiu à Micael.
— Como?
— Me comunicaram que Brahão está precisando de guardas e segurança. Cheguei para dar alguma ajuda. — Frederico deu de ombros, não estava comprando Micael com aquela conversa.
— Entendi. — Ele fingiu acreditar. — Se precisar de mim, estarei no reino. — Alongou-se diante do cavalo, se preparando para sair dali.
Frederico assentiu, um pouco sem graça. Esperou que Micael saísse na frente, escutando as cavalgadas sumirem pela floresta.
Já em Borgerith, Sophia se encantava ao contar uma história para as mesmas crianças, cujo fez uma briga alguns dias atrás. Jorge escutou as risadas, verificando o que a nora estaria fazendo, dentro da biblioteca.
— Enfim... Moral da história! — Sophia sorriu à beça. — Alguém pode me dizer?
— Eu! Eu! — A menina pulou animada, apontando o indicador para cima.
Jorge entrou no mesmo instante.
— Hum... — Pigarreou, chamando a atenção. — Sophia, posso falar com você?
— Claro, meu rei. — Ficou séria novamente, ajustando sua postura. As crianças se encolheram, com medo. Sophia transpareceu segurança ao olhar para as mesmas, de novo. — Terminamos depois! Que tal um pedaço de bolo de nozes? — Esfregou as mãos.
— Podemos ir até lá? — O garoto teve medo na fala. Sophia assentiu, incentivando as crianças, que correram até a cozinha do reino.
Jorge não dissera nada, somente olhou.
— O que gostaria de falar comigo? — Ela andou até o rei.
— Eu gostaria de pedir... Desculpas. — Encarou Sophia. — Fui rude ao falar daquilo. Eu não sou assim!
— Entendo, meu rei. Eu também peço desculpas pelo meu comportamento. — Sophia cerrou os olhos. — São só crianças, não vão roubar nada e fazer algo de errado. — Tranquilizou.
— Eu não me referi à isso.
— Sim, o senhor se referiu sim! — Ela assentiu. — Eu entendo que é uma regra mas não podemos tirar a educação de seres tão puros. São crianças! — Sophia começou a andar em círculos. — Lindas crianças.
— Você gosta de crianças, Sophia?
Aquela pergunta lhe pegou desprevenida. Sophia gostava de crianças, mas sabia que na atual situação, não teria uma tão cedo.
— Gosto. — Ela sorriu. — São incríveis! Eu sinto falta de Louise bebê.
— Eu ficaria muito feliz se ganhasse um neto. — Jorge segurou o sorriso, espantando Sophia, que ficou surpresa.
— Um... Neto? — Sua bochecha corou.
— Sim! Seria incrível! Fora o amadurecimento de Micael, mudaria cem vezes mais. — Pensou alto.
— Acredito que Micael esteja mudando, meu rei. São fases! — Sophia queria mudar de assunto o mais rápido. Filhos lhe daria choro, aquele assunto ainda mexia com ela.
Ela queria muito ser uma mãe incrível, assim como Branca foi com ela.
— Eu irei caminhar um pouco. — Jorge foi rápido ao mudar de assunto. — Obrigado por me escutar.
Sophia agradeceu em um imenso sorriso, mas logo morreu-se ao assistir Micael entrar com tudo na biblioteca, como se estivesse anunciando uma terceira guerra. Jorge se assustou.
— Que diabo, que pressa é essa? — Perguntou ao filho, sem entender.
— Preciso conversar com você. — Disse à Sophia, bastante sério.
— Estou me retirando. — Jorge deu às costas, saindo. Fechou a porta em seguida.
Micael trancou assim que o pai passou pelo portal. Sophia não entendeu, franzindo o cenho.
Por que ele estava fazendo isso?— O que houve? — Encarou o marido.
— Eu fui em Brahão, tentar entender essa história maluca da sua irmã.
— É sério, Micael? — Sophia não gostou.
— Sim, é sério! — Andou de um lado para o outro. — Sua mãe é uma maluca, pinel, fugida de manicômio.
— EI! Não fale assim da minha mãe. — Esbraveceu.
— Sabe o que ela me propôs? Uma coisa terrível! Cruel! Blasfêmia! — Micael gesticulou. — Pediu para que você cuidasse do filho de Sarah. Olhe só para isso! — Abriu os braços, incrédulo.
Sophia ficou em silêncio.
— Você não vai dizer nada? Não vai dizer que isso é uma pura blasfêmia?
— Minha mãe propôs isso à você? — Sophia pensou novamente. — Seria um jeito de esconder à Owren o segredo de Sarah?
— Não me diga que você gostou dessa atrocidade.
— Não é uma ideia ruim, Micael. Ela é minha irmã! Sei que isso é uma vergonha mas preciso ajudar ela.
— Você vai se propor à isso? Sophia, pelo amor dos deuses. — Micael passou a mão no rosto, extremamente nervoso. — Irá se esconder por meses até o bebê nascer? E depois? Vai mentir ao seu povo sobre a criança?
— Eu não acho uma má ideia! Eu sei que nunca vou ser mãe por sua ignorância, Micael. — Soltou.
Um tiro no peito. Micael ficou calado, como se alguém cortasse sua língua.
— Isso é mentira.
— Ah, mentira? — Sophia foi irônica. — Seu pai acabou de me dizer que adoraria ser avô. Mas acho que isso nunca irá acontecer, não é mesmo?
— Já conversamos sobre isso.
— E não chegamos em nenhuma conclusão! — Sophia encarou o chão, em silêncio. — Sabe... A ideia da minha mãe pode mudar nossas vidas. Até porquê, seu querido e lindo povoado irá perguntar do nosso herdeiro. O que você vai dizer sobre isso?
— Você quer tanto um filho? — Micael suspirou. Colocou as mãos na cintura. — Certo. Vamos ter um filho! Vamos ter um herdeiro! Está feliz?
— Não seja assim, Micael.
— Você quer tanto um filho mas não pensou nos dois. Eu já disse que não estou pronto! E também não quero que você aceite essa ideia maluca da sua mãe. Meu pai vai odiar saber disso!
— E você vai contar?
— Ele é o rei. Ele precisa saber!
Sophia cerrou os olhos, respirou fundo.
Iria matar Micael se fosse preciso.— Podemos entrar em um acordo. — Sophia levantou o dedo indicador.
— E qual seria? — Micael cruzou os braços.
— Ou temos um filho, ou então, ficamos com o bebê de Sarah e mentimos à Owren.
— Isso não é um acordo, é uma chantagem! — Micael negou com a cabeça.
— Você tem duas opções, Micael. Pense bem antes da sua decisão.
Deixou o marido pensar sozinho, saindo da biblioteca. Ela tinha aterrorizado todos os pensamentos dele.
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Xeque-Mate Para o Amor
RomanceUm conflito entre dois reinos: De um lado, Micael. Do outro, Sophia. Em um poderoso baile anual para ajudar o reino de Brahão, tudo sai do controle quando Micael e Sophia são flagrados em um momento íntimo. Por regras para não serem deserdados, se...