Capítulo Vinte e Quatro

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Micael franziu o cenho, antes de encarar lentamente a esposa.

— Por que está me colocando na parede?

— Porque eu sou casada com você! — Cerrou os dentes. — Owren irá nos cobrar isso, Micael.

— A puta que pariu Owren, Sophia! — Micael levantou-se de onde estava. Andou de um lado para o outro. — Você não vê que ainda não estamos prontos? E a sua irmã? Você já resolveu o assunto do bebê com ela? — Tentou desviar o assunto.

Sophia revirou os olhos, deu um impulso rápido, saindo da banheira. Micael assistiu quieto, tinha as mãos no rosto, aflito e excitado. Ela era demais à ele, jamais queria prostitutas de novo.

— Para onde está indo? — Colocou as mãos na cintura.

— Para o aposento. — Vestiu um roupão finíssimo em seda, quase transparente. — Não tenho mais nada para falar com você.

— Ãn-ãn... — Micael mexeu o dedo indicador, negando diversas vezes, como se fosse um policial. — Você não vai atravessar o corredor assim.

— E por que não?

— Meu pai pode ver. Serviçais podem ver. — Micael chegou mais perto. Roçou o polegar nos lábios delicados de Sophia. — Você está uma delícia molhadinha desse jeito, sabia? — Encostou a ponta do nariz no queixo de Sophia, lhe arrepiando.

— N-não. — O empurrou, contra a vontade. — Preciso ficar sozinha. — Deixou Micael, que quase morreu em saber que ela atravessou o corredor, com aquele traje.

Na manhã seguinte, Gertrudes correu o máximo que pôde, com uma bacia de alumínio em mãos e um pano úmido. Bateu duas vezes antes de entrar no aposento em que Anna estava, alcançando a mulher, que passava mal.

Seu bebê não estava sendo muito hospitaleiro.

— Pronto, princesa. — Gertrudes segurou seus cabelos, para que a mesma vomitasse. — Vou chamar algum médico.

Anna teve mais outra convulsão, forte. Soltou tudo da noite anterior, dentro da bacia de alumínio. Nenhuma das duas viram Sophia adentrar o local, estranhando o que estava acontecendo.

— Pelos Deuses... Anna! — Sophia se agachou, perto da mesma. — O que houve com ela, Gertrudes?

— Está passando mal desde muito cedo. Escutei o barulho. — Passou o pano úmido na testa de Anna. — O príncipe Frederico não está no palácio.

— E onde ele está? — Sophia estranhou.

— Saiu com o rei, pela madrugada. — Gertrudes não estava mentindo.

— E Micael?

— Estava passeando pelo jardim. — As duas se entreolharam.

Sophia ficou em silêncio. Levantou-se.

— Chame um médico! Eu vou procurar ajuda. — Avisou Gertrudes e Anna, que apavorou-se depois que Sophia saiu do aposento.

Ela desceu as escadas, com pressa. Passou por dois serviçais que perguntaram se Sophia estava bem, mas ela não ousou em responder. Caçou Micael pelo enorme jardim... Nada.

Estava se cansando quando encontrou o marido, conversando com um dos guardas. Parou perto do mesmo, ofegante por ter corrido tanto.

— Querida. — Micael estranhou. — O que houve? Onde você estava? — Segurou em suas mãos.

— Anna... — Recuperou o fôlego. — Anna está passando mal! Pode chamar Frederico de volta?

— O que Anna tem? — Micael se preocupou.

— Gertrudes disse que ela está passando mal desde manhã cedo. Mas Frederico saiu, com o seu pai. Ainda era madrugada quando isso aconteceu.

— Estranho. — Micael franziu o cenho. — Já chamaram algum médico? — Caminho com Sophia, para dentro do reino.

— Gertrudes iria fazer isso. Ela está vomitando muito!

— Que nojo! — Micael torceu o nariz. — Graças a Deus você não está grávida, não é mesmo? Imagina vomitar de manhã, sem ter comido nada. — Ele achou graça.

Já Sophia...

— POR QUE VOCÊ É RIDÍCULO À ESTE NÍVEL? — Gritou com o marido, perdendo a paciência.

— Foi uma brincadeira. — Se defendeu.

— DE PÉSSIMO GOSTO! — Sophia deixou Micael mais uma vez, andando um pouco mais rápido.

Adentrou rápida ao reino, subindo as escadas.

— Sophia, espere. — Micael estava quase alcançando.

— Me deixe, seu brutamontes burro! — Continuou subindo as escadas. — Vá atrás de um médico, você vai me poupar muito desse jeito. — Resmungou.

Micael parou no meio da escada, incrédulo.

— Espere aí. — Parou.

Sophia olhou para trás.

— Por que você não chamou um médico à Anna? — Cruzou os braços. — Aliás, eu ainda não entendi a sua finalidade indo atrás de mim? Por que deixou Gertrudes sozinha?

— Eu estava aflita e nervosa.

— E deixou Gertrudes sozinha com a mesma?

Sophia não soube responder.

— Eu queria que você me ajudasse. — Segurou o choro. A garganta deu-lhe um nó.

— Você me chama de brutamontes mas parece que é igual. — Micael soltou. — Vá atrás de Anna, eu vou atrás do meu pai e de Fred. — Desceu as escadas novamente, deixando Sophia.

Ela respirou fundo, um pouco trêmula. Quando chegou ao aposento, Anna não passava mais mal. Gertrudes havia descido mas deixou a princesa do outro reino, com um serviçal. O médico já estava à caminho, Sophia foi avisada.

Fez companhia para a prima, transparecendo que tudo ficaria bem. Alguns minutos depois e Anna estava sendo examinada, à sós com o médico que trouxeram.

— Minha princesa? — Gertrudes apareceu ao lado de Sophia, que estava quase entrando em seu aposento.

— Ah... Oi. — Sorriu leve.

— A senhora está bem?

— S-sim. Me sinto bem! — Ela não estava bem. — Como está Anna?

— De repouso. O médico disse que ela sofreu uma carga emocional grande. Estresse entre os reinos! — Gertrudes sorriu leve. — Irei levar uma sopa.

— Irá fazer bem! — Sophia assentiu.

— Tem certeza que a senhorita está bem?

— Sim, claro. — Sophia tentou disfarçar. — Vou me banhar e descer em seguida. Gostaria de um chá, por favor!

— Claro. Irei esperar! Fique bem. — Gertrudes abaixou-se antes de se retirar. — Com licença.

Sophia cerrou os olhos, adentrou o aposento, fechando a porta lentamente em seguida. Encarou-se no espelho antes de soltar um suspiro pesado. Seu coração acelerou ao levantar o tecido do vestido, que era longo, como de praxe.

Tateou sua parte íntima, sentindo os dedos úmidos e carregados. Quando voltou, o vermelho-vivo do sangue trouxe diversas perguntas. Por que estava sangrando?

Ainda não estava em regra. Por que estava sangrando?

— Deus tenha misericórdia. — Soltou, deixando uma lágrima cair. Não iria dizer à ninguém, afinal, o reino estava preocupado demais com Anna.

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