Uma semana depois.Finalmente, graças ao glorioso dia! O grande dia da cerimônia! Owren estava cheia, com mais habitantes do que o ideal. Todos de fora queriam assistir a belíssima cerimônia. Alguns alojaram-se no portão do reino, para tentar ver alguma faísca de novidade.
Salão de festas, flores, carruagens e mais carruagens chegavam no reino. Seria um grande dia!
— Bons dias, queridos. — Jorge passou por sua família do sul. Estavam alojados em outra parte do reino. Viajaram somente para a cerimônia. — Já comeram? Gertrudes fez uma torta de nozes dos deuses! — Sorriu à beça.
— Estamos fazendo uma pausa, meu lorde. — Tia Mônica agradeceu pelo convite.
Jorge adentrou até o aposento de Micael, que estava acompanhado de dois especialistas. Havia feito barba, ajeitado o corte de cabelo e por fim, estava dando os últimos ajustes em sua vestimenta de linho.
— Tudo certo por aí? — Jorge perguntou ao ver Micael, de frente ao espelho.
— Já é a décima vez que o senhor pergunta a mesma coisa. — Estava sem paciência. — E sim, está tudo bem. Me sinto ótimo para o meu velório. — Foi irônico.
— Micael, por favor... — Jorge andou até o mesmo. — Está tudo lindo lá fora! Sua mãe iria chorar à beça se visse você, vestido desse jeito. — Segurou o rosto do filho. — Eu prometi que não iria chorar mas está sendo difícil.
— Meu pai, meu pai. — Micael negou com a cabeça. — Não seja veado! Eu sei que parece o meu enterro mas não precisa chorar. — Abraçou Jorge, que deixou as lágrimas caírem. — É sério que o senhor está chorando? — Largou o pai, olhando sua face alagada.
— Droga. — Jorge secou suas lágrimas. — Enfim... Temos quatro horas até todos descerem. A maioria já chegou. — Mudou de assunto.
— E ela? — Micael ficou curioso.
— Está no último aposento. Gertrudes já cansou de dizer que ela está parecendo uma princesa! — Jorge sorriu. — Está linda!
— Só acredito vendo. Mas ela consegue se esforçar. — Micael deu de ombros. — Agora por favor, não chore mais. E avise a tia Laura que não pode comer todos os camafeus antes da festa, ok?
— Ela ama camafeus, Micael.
— Foda-se. — Arqueou a sobrancelha.
— MICAEL! — Jorge voltou a se irritar.
— É melhor o senhor recepcionar o resto dos convidados. — Empurrou gentilmente o pai até à porta. — Te vejo daqui há quatro horas!
— Quatro horas uma ova! — Avisou o filho, que espantou-se. — Você precisa estar lá fora antes da noiva. Ficou doido?
— Por que eu preciso? Ora! Eu sou o príncipe, posso me atrasar quando quiser. — Se gabou.
— Te vejo daqui à pouco! — Jorge ordenou, colocando medo em Micael, com seu olhar.
Sophia estava no último aposento. Tinha profissionais mexendo em seu cabelo, com um lindíssimo penteado. Havia feito a maquiagem e agora estava relaxando os pés, em uma água morna com sais. Até que não foi tão ruim quanto pensou.
Seu vestido lhe esperava em uma capa protetora, pendurado perto de um roupeiro. O salto médio branco, ao lado. Ajustou o laço do roupão que usava, um pouco nervosa.
— Alguém sabe que horas precisamos estar lá? — Sophia perguntou, aflita com a correria.
— Quando escutarmos o som do primeiro trompete. — A mulher que lhe maquiava avisou, soando leve. — Fique tranquila! Você está muito tensa, princesa. — Tocou de leve seu ombro.
Sophia realmente estava tensa, era como se seu mundo tivesse parado especialmente para aquilo. Até parecia o seu aniversário, pensou.
Não viu quanto tempo ficou naquele aposento, mas quando se deu conta, as horas haviam se passado. Até demais.
Escutou uma falação alta e sim, o primeiro trompete ser tocado, como a mulher havia avisado.Colocou seu vestido de noiva, que havia ficado perfeito, mais do que no dia da prova. Desceu até o salão de festas com a ajuda de outros quatro profissionais, levando seu véu imenso. A cerimônia de casamento acontecia lá fora, no jardim.
O coração bateu mais forte quando a mesma parou em frente ao portal, vendo a imensidão de convidados naquele único lugar. O florido, objetos decorando, seus familiares e por fim, Micael.
Se não conhecesse a peste, diria que era um anjo naquele altar.A vestimenta de linho realçou seus braços fortes e seu peitoral. A barba muito bem feita, os olhos castanhos fixados no vestido branco e detalhado de Sophia.
Realmente, ela estava uma princesa de mão cheia. Delicada como se fosse escrita por alguém, como se tivesse saído de algum livro encantado.
Porém, nenhum dos dois estavam felizes.
Não esboçaram nenhum sorriso.
Sophia andou pelo tapete vermelho como se estivesse indo à uma forca. Agarrava o buquê, na esperança de pedir ajuda à um arranjo de flores.Micael, já nervoso, balançava as pernas como se estivesse apertado para ir ao banheiro. As mãos suadas e a cabeça com mil pensamentos por minuto. O que ele iria fazer? Não podia correr dali, seu pai lhe mataria.
Assistiu Sophia parar em sua frente, se acomodando ao seu lado para receber a benção. Não escutou nada do que estava sendo dito, o oposto dela, que ainda prestou a atenção, mesmo odiando se casar com Micael.
Ele sentiu sono, fome, vontade de comer.
Pensou em prostitutas, lembrou-se do dia que fez orgia com quatro garotas que ganhavam a vida com aquilo. Pensou na morte de sua mãe, imaginou Sophia nua, pensou no cavalo que perdeu quando tinha seis anos. Lembrou-se do seu primeiro beijo.Sua mente iria explodir!
— Sendo assim, meu príncipe, pode beijar a sua princesa.
Micael acordou do transe quando escutou a seguinte frase. Balançou a cabeça, rápido. Sophia o encarava, sentindo raiva por ele não ter prestado a atenção em nada.
— Perdão... Como? — Perguntou.
— Pode beijar a sua princesa, meu príncipe.
A frase foi repetida. Micael encarou Sophia, um pouco nervoso pela situação. Esperou que ela dissesse algo mas a mesma ficou em silêncio, esperando.
Segurou no rosto de Sophia, delicadamente. Foi se aproximando devagar, quase em pausa. Viu a mesma fechar os olhos e esperar por seu primeiro beijo.
Mas ele não beijou como ela esperava. Selou os lábios, somente. Sabia que Sophia não sabia beijar e esperou outra ocasião para fazer acontecer.
Ficou alguns segundos com seus lábios carnudos colados no dela, até escutar a salva de palmas do público. Sophia abriu os olhos e descolou de seus lábios, o odiando por aquilo.
Estavam oficialmente casados, mesmo não querendo. Tinha um anel de diamante na mão esquerda e Micael, uma aliança de ouro.
Só a morte podiam lhe separar agora.— Meus parabéns, meu filho. — Jorge abraçou Micael. — Estou orgulhoso de você!
— Não venha com isso, meu pai. Não agora. — Largou Jorge, saindo de canto.
Sophia cumprimentou alguns convidados, buscou Micael com o olhar mas não o achou. O clima tenso iniciou onde estavam, até todos irem até o salão de festas.
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Xeque-Mate Para o Amor
RomanceUm conflito entre dois reinos: De um lado, Micael. Do outro, Sophia. Em um poderoso baile anual para ajudar o reino de Brahão, tudo sai do controle quando Micael e Sophia são flagrados em um momento íntimo. Por regras para não serem deserdados, se...