Capítulo 12 - ENQUANTO VOCÊ DORMIA

21 1 0
                                    

Leonardo

Dois dias antes

Eu acordo depois do que pareceu uma eternidade, antes mesmo de abrir os olhos percebo que estou deitado em uma cama muito confortável. O odor característico de hospital se faz presente, mesmo nos melhores quartos dos melhores hospitais era impossível se livrar desse cheiro. Esse pensamento faz um leve sorriso tomar meus lábios.

Meu punho direito não dói, quando tento mexê-lo percebo que ele está imobilizado e a julgar pelo peso extra que sinto neste braço, sei que meu punho foi engessado.

Quando abro os olhos demoro um pouco até me acostumar com a luz da tarde que entra pela janela aberta, não fosse pelos aparelhos que me monitoram e o fato de minha cama ter proteções laterais de plástico, eu poderia até achar que estou em um hotel, tamanho o conforto e sofisticação do quarto. Ele é enorme, tem uma televisão bem fina na frente da cama, uma decoração com lindos quadros pintados e poltronas confortáveis.

Para a minha alegria vejo que Dominic está sentado em uma delas com o seu notebook, é claro que eu não esperava meus pais aqui, tenho certeza de que mesmo que eu estivesse correndo risco de vida, dificilmente algum deles viria me visitar.

- Finalmente! Eu já estava ficando preocupado. Vejo Dominic fechar o notebook e me lançar um sorriso caloroso inclinando o rosto para o lado.

- Quanto tempo eu dormi? Pergunto ainda desorientado.

- Alguns dias..., mas não se preocupe, eu cuidei de tudo enquanto você dormia. Ele se levanta da poltrona e vem até perto de mim.

Dominic é meu irmão mais novo e cuidamos um do outro desde sempre, quando meus pais começaram a se afastar de mim, ele me apoiou. Se não fosse por ele eu estaria sozinho, ele é a única família que me restou.

- Seu punho já deve estar quase bom, e os outros cortes e ferimentos já estão totalmente curados. Ele diz enquanto afaga minha cabeça.

- Obrigado. Digo fechando os olhos para voltar a dormir.

Saber que Dominic está aqui me conforta, me sinto seguro, protegido.

--- 🌃️ ---

Quando acordo novamente é madrugada, estou sozinho no quarto, embora saiba que se eu pressionar o botão ao lado de minha cama um enfermeiro ou enfermeira virá até aqui em poucos segundos. Não estou com fome ou com vontade de ir ao banheiro, creio que todas essas necessidades estejam sendo monitoradas de alguma forma.

Olho para a cidade pela janela, reparo nos prédios e em como algumas luzes ainda estavam acesas, embora a grande maioria delas estivessem apagadas. Me lembro do apartamento de Raphael, espero que lá as luzes estejam apagadas e ele esteja dormindo bem, só de pensar nele sinto um sorriso se formar em meus lábios.

Levanto minha mão esquerda em direção a minha boca, uma vez que a direita está engessada e prefiro não a mover se possível. Quando toco meus lábios me lembro da última boca que eles tocaram, lábios macios e quentes embaixo da água refrescante que caía sobre nós.

- Como será que ele está? Pergunto para o quarto vazio.

- Será que ele sente minha falta? Eu sinto a dele. Digo para a noite do outro lado da janela.

Embora eu ainda estivesse me sentindo leve, talvez pelo efeito dos remédios que com certeza estou tomando, aos poucos um sentimento de preocupação surge em meu peito quando eu começo a me lembrar do que aconteceu depois aquele beijo.

Inimigo ÍntimoOnde histórias criam vida. Descubra agora