Capítulo 37 - ALEKSANDER FERRARÉZZI

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Raphael

"Espero por você à meia-noite no Camarote Premium da Hella. Não se atrase!"

Eu li pela milésima vez a única pista escrita no verso do cartão enquanto o taxista aguardava o sinal de trânsito abrir. Era quase meia-noite e eu estava a caminho da Hella, mesmo achando que encontraria a boate fechada.

- Talvez eu encontre alguém na porta... Murmurei sem perceber.

- Desculpe senhor, falou comigo? Perguntou o motorista me olhando pelo retrovisor.

Balancei a cabeça negando e pedi que ele seguisse com cuidado devido ao horário. Enquanto o veículo voltava a se mover, notei como a noite sem luar deixava as ruas mais escuras e sinistras nesta parte da cidade. Algo nesse convite fazia um arrepio percorrer minha pele, e o fato do símbolo da Império estar no cartão só deixava as coisas mais estranhas.

Quando desci do veículo na frente da boate, a rua estava deserta, notei uma movimentação suspeita em um beco próximo, achei melhor não olhar, mas tudo indicava serem usuários de drogas. Apressei o passo até o grande portão de metal onde apenas dois seguranças com grossos sobretudos monitoravam os arredores.

A essa hora, durante as noites em que a Hella está aberta, uma longa fila com dezenas de pessoas estaria virando a esquina, grandes refletores estariam ligados, além da iluminação característica da mais glamurosa e nada discreta balada da cidade. Hoje todas as luzes estão apagadas, não há filas ou refletores, tudo parece fechado e trancado.

- Boa noite, eu queria saber... Comecei a dizer ao me aproximar dos seguranças.

- CONVITE! Solicitou ríspido um deles estendendo a mão antes de eu terminar de falar.

- Me mandaram vir... Tentei explicar sobre o cartão.

- ENTÃO CAI FORA! Ordenou o outro me cortando de novo no meio da frase.

Olhei feio para eles, não me deixei intimidar, eles eram maiores do que eu, mas haviam sido mal-educados sem necessidade e eu não ia engolir isso. Tirei o cartão do bolso para esfregá-lo na cara deles, eu não vim até aqui para ser escorraçado de graça.

- OLHA AQUI SEU... Comecei a dizer muito irritado com o cartão em mãos.

Um deles arrancou o cartão de mim, pegou uma caneta de luz negra do bolso e ligou sobre o logotipo em alto-relevo. Uma sequência numérica ficou visível e após olhar com mais cuidado reconheci como sendo a data de hoje.

- VOCÊ PODE ENTRAR! Disse o segurança me devolvendo o cartão enquanto o outro destrancava a porta.

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Assim que passei pelas portas me vi em uma antecâmara ricamente decorada, já era possível ouvir um pouco da música pulsante vinda do interior da casa, embora ainda bem abafada.

Uma linda jovem me recepcionou me ofertando uma máscara preta simples, era apenas uma faixa de tecido com furos para os olhos e um recuo para o nariz, um artificio para esconder minha identidade.

- Aproveite a noite. Disse ela assim que eu coloquei a máscara.

Quando passei pelas pesadas cortinas vermelhas e finalmente avistei a pista principal, fiquei extremamente chocado com o luxuoso interior da Hella e com o grande número de pessoas que estavam na pista. A maioria esmagadora era de homens, todos usando o mesmo tipo de máscara que eu.

Muitos deles estavam sem camisa, e após um olhar mais atento, noto vários caras se beijando, dançando juntos de modo provocante, e até transando no meio da multidão. A casa exalava luxuria, todos os elementos da decoração referenciavam a sexo, além de várias telas digitais projetarem pornografia das principais e mais conhecidas produtoras.

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