Capítulo 23 - ELE

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Leonardo

Fiz um acordo com meu pai, eu não causaria mais problemas, e em troca ele me daria o capital necessário para eu começar meu próprio negócio.

Eu nunca tive "as qualidades" necessárias para participar de seu império, ele sempre jogou isso na minha cara. O coitado do Dominic é quem vai acabar pagando o pato, pois estava começando a ser sufocado por ele e toda a sua cobrança. Enfim, foi um ótimo acordo para nós dois.

Conforme o tempo ia passando eu ficava cada vez maior, mais forte e independente. Eu havia me focado tanto na academia e no meu empreendimento que os resultados em pouco tempo eram surpreendentes. Meu corpo estava totalmente diferente, tinha ganho um pouco de músculo, o que já me deixou bem mais sexy, e minha empresa tinha um ótimo faturamento. Eu estava muito orgulhoso.

Foi nesse meio tempo que conheci Alberto, um jovem muito meigo, que fez algo despertar dentro de mim. Pela primeira vez eu sentia atração por alguém, e o fato dele ser um homem não fazia diferença, pois eu queria estar sempre perto dele. Aos poucos ele conseguiu mais do que reavivar meu coração despedaçado, ele começou a morar dentro dele.

Mas minha mãe rapidamente destruiu essa frágil sementinha que estava surgindo. Eu nunca tinha visto ela tão descontrolada, ela gritava tão alto que era possível ouvi-la claramente por toda a casa e até no jardim. Todos os empregados ouviram do que ela me chamou, e como encheu a boca para falar que "meu amante" só queria nosso dinheiro.

Ela gargalhava enquanto descrevia como Alberto havia ficado satisfeito e aliviado, quando ela finalmente pagou pelas duas vezes que ele foi para cama comigo. E como havia sido torturante para ele fazer tudo aquilo e não saber se seria pago.

- Afinal é só por isso que um homem estaria disposto a se deitar com você. Ela disse com desdém.

- Você é tão ingênuo que nem desconfiou, e pior, achou realmente que ele estava gostando de você. Patético!

Eu sentia meu coração sangrar, essa serpente demoníaca não podia ser minha mãe. Minha mãe sempre foi doce e justa, a mulher a minha frente era ardilosa e preconceituosa, ela fazia questão de humilhar o próprio filho na frente de todos os empregados. Ela não respeitava nem mesmo Dominic, que veio correndo ver o que estava acontecendo e ficou aterrorizado com a cena dela.

- Eu sinto NOJO de você! Ela disse me olhando com tanta raiva nos olhos que eu não consegui suportar.

- PARA MÃE! Por favor! Dominic gritou em meu socorro, mas ela nem se importou. Essa foi a última vez que ela me olhou nos olhos.

Eu saí correndo... Não suportaria os olhares dos empregados após tudo que ela disse, não suportaria nem mesmo o olhar de compaixão de Dominic agora. Eu queria gritar, queria bater em alguém, não era justo, eu não tinha feito nada de errado dessa vez e mesmo assim estava sendo punido.

Quando finalmente eu fiquei sem forças para correr, sentei na calçada e chorei. Eu sabia que nunca mais veria Alberto, porque mesmo se o que ela disse não fosse a verdade, minha mãe havia aprendido como afastar pessoas indesejadas de sua família.

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Muito tempo depois ouço quando sons agudos de saltos se aproximam de mim, quando olho para cima, uma mulher de batom vermelho em um vestido preto colado no corpo me olhava com uma das mãos na cintura.

- Levanta! Ela ordena e eu fico surpreso com o tom autoritário.

- Eu quero ficar sozinho. Respondo e abaixo a cabeça. Eu não estava atrás de um programa.

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