Inimigo Íntimo

Capítulo 07 - TEMPESTADE NOTURNA

Raphael

Enquanto corríamos em direção a minha casa que ficava a alguns quarteirões a frente, uma tempestade caía sobre nós.

A noite tinha sido bem legal, bebemos e conversamos bastante. Fazia um tempo que não reuníamos a galera assim, e a forma como o Leonardo se integrou ao nosso grupo de amigos foi uma surpresa muito gratificante.

Ouso dizer que "a barreira" havia finalmente sumido, talvez por isso tenha sido tão natural para mim convidá-lo para dormir em casa. Ok, não faço isso com frequência, nem mesmo com amigos de longa data. Mas nenhum deles precisou se abrigar de uma tempestade já altas horas da noite. Caso tivessem, o convite seria o mesmo.

Quando finalmente chegamos até meu endereço estávamos completamente encharcados. Camisa, calça, calçados, meias, até a cueca estava molhada. Era como se tivéssemos pulado de roupa dentro de uma piscina.

Olho para trás enquanto abro o portão e vejo Leonardo chegando ensopado, sua camisa está colada em seu corpo o que evidenciava muito seus músculos. Não sei por que, mas vê-lo todo molhado foi uma imagem muito satisfatória.

- Não repara a bagunça. Digo quando finalmente abro a porta que dá para a minha pequena sala.

- Nós vamos molhar o apartamento todo. Ele diz o óbvio enquanto eu fecho a porta atrás dele.

- Depois eu seco, não se preocupe. Pego em seu braço e o arrasto em direção ao banheiro.

- Vem, você precisa tirar essa roupa molhada! Tome um banho quente. Indico abrindo a porta do banheiro. Ele me olhou um pouco sem jeito, mas era a coisa mais correta a ser feita após tomar tanta chuva.

- Vou pegar uma toalha e uma troca de roupa para você. Digo já encostando a porta e vou até meu quarto.

Pouco tempo depois, enquanto procurava uma calça de moletom e uma camisa larga para ele, ouço o som do chuveiro se opor a chuva que continuava a cair sem trégua lá fora.

Quando voltei até a porta entreaberta do banheiro uma sensação muito intensa me atingiu no estômago. Era uma mistura de excitação e medo, curiosidade e autocensura. Algo similar ao que me atingiu aquele dia em que o Leonardo estava só de toalha na minha frente. Só que desta vez a toalha dele ainda estava na minha mão. Eu podia entrar e encontrá-lo completamente nu tomando banho.

Entro no banheiro e para meu alívio o box está fechado. Vejo a silhueta de Leonardo no vidro texturizado embaçado pelo vapor da água quente. Meu coração está batendo forte de novo, sinto meu corpo tenso.

Olho para suas roupas encharcadas amontoadas no canto do banheiro. Não consigo deixar de notar sua cueca preta toda molhada que está parcialmente visível dentro da calça jeans.

- Você precisa tomar um banho também. Ele diz de dentro do box e eu quase pulo com o susto. Ele havia notado que eu estava no banheiro.

- Trouxe uma toalha e uma troca de roupa pra você. Digo meio sem jeito.

- Assim que você terminar eu vou... Começo a dizer quando a porta do box é aberta e eu rapidamente olho para o chão estendendo a toalha a frente para que ele a pegue.

Ouço uma pequena risada nasal e ainda de cabeça baixa fecho os olhos quando sinto a toalha sair de minhas mãos.

- Vem, deixa eu te ajudar. Eu sinto quando as mãos dele, que estão bem quentes devido ao banho, começam a levantar minha camisa.

Abro os olhos, ele havia enrolado a toalha na cintura e estava levantando minha camisa até minha cabeça com uma expressão descontraída. Com certeza eu estava vermelho, eu não esperava uma atitude dessas.