02 | private hell.

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- Você realmente vai denunciá-los? Não tem medo das consequências? - Nayeon perguntou, acomodando-se entre as almofadas do quarto de Taehyung. Ele podia sentir os olhos dela fixos nele enquanto pegava a mochila de Namjoon debaixo da cama.

- Não - Ele assegurou, retirando os pinos de cocaína e os tabletes de maconha da mochila. Nayeon arregalou levemente os olhos e se afastou para o lado. Ele precisava esconder todas aquelas coisas ou Namjoon e ele acabariam mal naquela história. - No entanto, ainda não irei à polícia.

- Por que não?

Com um olhar discreto, ele percebeu o que parecia ser um vislumbre de frustração em seu rosto. Ele tinha certeza de que o desejo dela era que ele os entregasse às autoridades, pois isso prejudicaria seu primo, Jihoon, um dos membros dos Nebbioso. Havia uma história complexa entre eles que ela nunca revelava.

- Porque preciso pensar em todos os pontos dessa situação - respondeu. - Quem me garante que não vão dizer que essas drogas são do Namjoon? - E ele tinha quase certeza de que aquilo, de fato, aconteceria. - Além disso, você sabe que terei que incluir seu primo quando falar sobre eles, certo? Jihoon está sempre com o Jeongguk.

Nayeon riu com desgosto.

- Não se preocupe, Taehyung. Na verdade, eu o odiaria se não fizesse isso.

Ele parou o que estava fazendo para encará-la.

- Quando vai me contar por que o odeia tanto? O que ele fez para você?

Como de costume, Nayeon desviou o olhar, sem responder.

Taehyung suspirou, cansado, reunindo todas as drogas e guardando-as em outra mochila, ocultando tudo no fundo do guarda-roupa. Ele a conhecia bem demais e sabia que ela não respondia bem à pressão, então há algum tempo decidiu que esperaria até que ela se sentisse pronta para confiar nele o suficiente e contar o que quer que tudo aquilo fosse.

Nayeon deu-lhe uma carona até o hospital e voltou para casa. Ele pegou o elevador até o quinto andar e avistou Donghyun sentado em uma das poltronas do corredor, com a cabeça encostada na parede e as mãos cruzadas sobre o joelho dobrado. Parecia cochilar e assustou-se quando ele tocou em seu ombro.

- Como ele está?

Donghyun soltou o ar e arrumou a postura, dando espaço para que Taehyung se sentasse, e ele o fez, avaliando-o. Seu pai tinha profundas olheiras abaixo dos olhos ainda avermelhados e seus lábios estavam rachados pelo frio.

- Os médicos disseram que o quadro dele é estável - respondeu de maneira apática. Aquilo significava que, apesar de sua cabeça ter sido praticamente esmagada, Namjoon sobreviveria. - Eles conversaram comigo sobre os tratamentos de que seu irmão vai precisar.

- E, então?

Donghyun balançou a cabeça negativamente.

- Medicamentos de alto custo, tratamento ainda mais caro. Sem mencionar a conta do hospital, a cirurgia que ele fez, as despesas médicas... Não vou conseguir. Não tenho condições. Liguei para sua tia Go e ela me informou que alguns dos tratamentos em Suwon são bem mais baratos... então... talvez essa seja a solução, por enquanto.

- Está pensando em se mudar? - perguntou, sentindo um peso cair sobre os seus ombros.

- Parece ser a única saída, Taehyung. Eu simplesmente não vou conseguir pagar tudo aqui com o salário que ganho. Ficaria inviável.

- Eu também vou procurar um emprego, vou ajudar, nós podemos...

- Mesmo que você conseguisse um emprego, não seria suficiente. São remédios e tratamentos por um tempo que ainda não sabemos quanto durará. - Donghyun o interrompeu, apertando o topo do nariz. - A única coisa que preciso de você agora, Taehyung, é que não seja tão egoísta e infantil, e tente entender que estou fazendo o melhor para a recuperação do seu irmão.

Nebbioso (taekook)Onde histórias criam vida. Descubra agora