13 | forewarned is forearmed.

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Ao chegar ao apartamento, Taehyung surpreendeu-se ao constatar que Jeongguk havia estacionado o jipe e o acompanhava até o interior do edifício. Distante em sua postura, ele agia como se sua presença fosse de pouca importância, quase ignorando sua companhia. Juntos, atravessaram o saguão em completo silêncio, transpondo a porta, momento em que a voz de Jeongguk rompeu o mutismo, expressando a necessidade de um banho antes de se dirigir à sua suíte através do corredor. Em seguida, trancou-se.

Taehyung então se dirigiu ao seu quarto, tirou os sapatos e permitiu que a frieza do piso o distraísse brevemente, antes de soltar um profundo suspiro de exaustão. Os ombros, sobrecarregados como se o peso do mundo recaísse sobre eles, eram uma sensação habitual, sempre presente. Sentando-se na cama, com os olhos fechados, alongou a coluna, dobrou as pernas e considerou seriamente a abordagem que teria com Jeongguk para se integrar ao esquema, ensaiando meticulosamente as palavras e reunindo argumentos consistentes, ciente do desafio que o aguardava.

Ele se levantou, retornando à sala e dirigindo-se à janela, onde contemplou a noite escura de Seul através do vidro gradualmente obscurecido pelas pequenas gotículas da garoa que começava a cair. Perdeu a noção do tempo que permaneceu ali, imóvel, apreciando a paisagem enquanto os pensamentos o envolviam. O céu encoberto prenunciava uma chuva de verão intensa, e à distância já se avistavam os clarões dos trovões. Envolveu o próprio corpo, arrepiado pelo ar gélido que invadia a sala de estar, e virou-se, sentindo os músculos contraírem ao deparar-se com a visão de Jeongguk bem em sua frente, junto à pequena adega de vinho embutida na parede no canto da sala, um tanto afastada da entrada.

Aparentemente, ele era suficientemente quente para ignorar o frio que afetava Taehyung. Sem camisa, com os cabelos e o peitoral molhados, descalço e usando somente uma bermuda cinza de algodão, derramou um líquido âmbar em um copo com gelo antes de voltar-se para ele, fitando diretamente seus olhos. E Taehyung não fez questão de romper tal contato.

— Você vai dormir aqui? — Ele perguntou, antes de processar suas próprias palavras, nem mesmo seu tom. Não foi algo inquisitivo, nem rude. Mas quase um pedido.

— Não — Jeon respondeu, aproximando-se enquanto tomava o líquido de seu copo. Puxou um suéter seu que estava jogado na cadeira próxima ao balcão e o entregou. Taehyung não hesitou em vesti-lo porque suas mãos começavam a adormecer. Percebeu que ele parecia tão cansado quanto ele, mais psicologicamente do que qualquer outra coisa.

— Fique se desejar. O apartamento é seu, afinal — lembrou, sentando-se no sofá, acompanhado por ele. Percebeu a chuva aumentar lá fora, enquanto os intensos relâmpagos iluminavam a ambos. Realmente, seria reconfortante não estar sozinho naquela noite.

Um silêncio tranquilo se seguiu entre os dois. Taehyung o observava levar o copo à boca, apreciando o líquido antes de engoli-lo com desejo. Parecia que ele esperava por esse momento há muito tempo. Seus olhos vagos e vazios fixavam-se no carpete da sala, enquanto os dele encontravam-se perdidos em seu rosto.

— Agradeço pelo que você fez hoje. Não sei como isso acabaria se você não estivesse comigo. — Taehyung deixou as palavras fluírem, demonstrando a real gratidão que sentia por sua atitude. — Sei que você não gostou de JiHyun não ter ido ao hospital ou feito um boletim, mas isso é...

— Eu sei bem o que isso é — cortou-o com a voz baixa e pesada. — Sei exatamente como é. Por isso, minha vontade era matá-lo e mandá-lo para onde pertence.

— Jeon...

— Junseo irá garantir que Woojin fique preso assim que ele sair do hospital. O desgraçado vai ficar trancado como um bicho até ter uma decisão do juiz.

— Espero que ele nunca mais pise na casa de Hoseok.

— Ele não vai — Jeongguk garantiu. — Nem que eu mesmo tenha que dar um jeito nele.

Nebbioso (taekook)Onde histórias criam vida. Descubra agora