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Taehyung abriu a porta do apartamento e bateu-a com força excessiva. Um resmungo desgostoso seguiu-se em resposta, e seus olhos logo se fixaram no homem sentado no sofá. Ele usava calças largas, estava sem camisa e descalço, parecendo jogado ali de maneira displicente, com as pernas abertas e uma expressão pouco amigável. Sua mão subiu, dedos apertando o espaço entre as sobrancelhas, enquanto a outra segurava um cigarro.

— Bata a porta com mais força, Taehyung. Minha cabeça não poderia doer mais — disse ele, mal-humorado.

Taehyung deixou as chaves na adega, em silêncio, sem desviar os olhos. Jeon inclinou-se ligeiramente, deu uma última tragada e apagou o cigarro no cinzeiro, ao lado da caneca que exalava vapor. Em seguida, virou o rosto para encará-lo, enquanto este se aproximava devagar, sentindo o coração pulsar na garganta.

— Fiz café, se quiser. — A voz dele estava ainda mais rouca, e Taehyung só não teve certeza de que ele havia acabado de acordar bem naquele momento porque ainda via as gotículas de água em seu tórax, indicando que tomara um banho. — Ficou horrível, mas vai ajudar na ressaca.

Taehyung manteve seu silêncio e contornou o sofá lateral. Seu peito subia e descia conforme sua respiração se intensificava, e dentro dele, todas aquelas borboletas voavam enlouquecidas, como uma plateia ansiosa para ver o ato final. Não era mais capaz de prestar atenção em nada que não fosse sua própria mente se perdendo no fato de que estava irreversivelmente apaixonado pelo rapaz sentado à sua frente. Em como tudo nele era cruelmente bonito e atraente. Em como ele precisava da boca dele na sua. Em como ele precisava acabar com aquela distância entre eles o mais rápido possível.

E foi o que fez.

Jeongguk apenas o observou, curioso, enquanto Taehyung se aproximava bem lentamente. Ele ergueu o rosto quando se posicionou bem à sua frente. Devagar, começou a colocar uma perna de cada lado do quadril dele, afundando os joelhos no sofá e sentando-se em seu colo. Agora, estava muito perto. Muito perto daquele olhar tempestuoso, que se intensificou ainda mais quando as mãos dele deslizaram firmes em sua cintura. Um olhar cheio de desejo. Paixão.

Um olhar que ele sabia lhe pertencer. Ele tocou seus lábios cuidadosamente, deslizou os dedos por seu rosto, acariciou o contorno de seu maxilar e envolveu seu pescoço. Só conseguia desejá-lo com toda a sua força, como se a vontade de tê-lo fosse tão grande que nem mesmo o contato físico seria suficiente.

E então ele avançou e o beijou. De uma forma lenta, intensa e completamente faminta.

E foi como se tudo nele começasse a entrar em colapso, pois percebeu o tamanho da saudade mútua que existia naquele toque. Deliciou-se em seus lábios macios, sedentos e gradativamente mais brutos, moldando os seus com maestria.

Jeongguk o abraçou, apertou-o, levou seu corpo contra o dele, provou-o e trabalhou sua boca na dele como se, de alguma forma, aquele fosse o primeiro e o último beijo que dariam na vida. A urgência, o calor, a vontade e o desespero eram palpáveis, e ele pôde se lembrar perfeitamente da primeira noite deles.

— O que é isso? — Jeon soprou contra seus lábios, hipnotizado, sem querer deixar que sua boca escapasse da dele. Taehyung abriu os olhos, vendo-o também abrir os seus com muita calma, como se estivesse levando um tempo para descer do céu até a terra novamente.

Jeongguk fixou seu olhar no dele com uma intensidade que fez seu coração se aquecer, e ele sorriu, afogando-se naquela tempestade negra que eram seus olhos. Poderia eternizar-se nos olhos do outro, perdendo-se para sempre naquela fascinante imersão visual.

— Isso, amor, somos nós — sussurrou em resposta.

Jeongguk deixou a sombra de um sorriso deslizar no canto de sua boca.

Nebbioso (taekook)Onde histórias criam vida. Descubra agora