Chovia bastante quando o carro foi estacionado na calçada. Taehyung esperou que o homem lhe entregasse o troco de moedas e as enfiou no bolso. Fingiu não perceber o olhar curioso do motorista sobre seu destino perigoso e empurrou a porta do táxi, colocando o capuz sobre a cabeça e correndo pelo asfalto molhado até a entrada do pub.
Empurrou a porta do estabelecimento e o calor logo o abraçou. O lugar não era muito confortável. Foi alvo de todos os olhares tortos, o que o fez apressar o passo até a bancada e anotar seu nome no livro de visitas que lhe permitia subir até os andares dos quartos. Escreveu, pousando a caneta no meio do livro e passando os olhos pela folha. No dia anterior, o nome de Nayeon estava anotado. Ela havia visitado o quarto vinte e dois, segundo andar.
A saliva desceu seca por sua garganta. Talvez fosse um erro estar ali. Talvez o encontrasse com alguém, e isso o faria sair daquele lugar mais destruído do que havia chegado. Ele respirou fundo, soltando o ar de forma trêmula, percebendo que a cada passo que dava enquanto subia as escadas de madeira e seguia pelo corredor mal iluminado, seu coração acelerava mais. Jamais, em toda a sua vida, temera tanto por algo. Jamais se sentira tão acuado, tão incerto e desarmado.
Seus passos eram curtos e lentos, como se seu corpo o segurasse e lhe desse a oportunidade de não fazer o que estava prestes a fazer.
“Vamos”, sussurrou para si mesmo antes de passar pelas três últimas portas no fim do corredor. Os murmúrios bêbados dos homens que soavam no primeiro andar ficavam abafados conforme ele forçava as pernas a se moverem. Segundos depois, ele parou, observando os dois números de metal pendurados acima de uma porta de madeira.
Vinte e dois.
Ele respirou fundo, mais uma vez, tomado pelo receio do que viria a seguir.
Bateu à porta.
Pareceu uma eternidade até que a porta se abrisse. Os longos segundos fizeram com que ele tivesse vontade de sair correndo daquele lugar como um animal assustado, mas se conteve. Taehyung precisava vê-lo. Precisava ter certeza, com seus próprios olhos, de que ele estava de pé, inteiro, vivo. Precisava encará-lo, mesmo que isso lhe roubasse todo o fôlego e o paralisasse.
E foi exatamente o que aconteceu.
Quando ele surgiu do outro lado, o corpo de Taehyung congelou na mesma posição e sua garganta se fechou. Tentou se conter, mas foi inevitável que as lágrimas se acumulassem. Seus olhos escuros e brilhantes, sempre tão fortes e intensos, fizeram-no perder a pouca força que lhe restava. Taehyung quis desviar o olhar, mas não o fez. E Jeongguk também não rompeu o contato visual. Taehyung pôde perceber seus olhos inchados, um dos braços engessado, os grandes hematomas espalhados pelas costelas e abdômen desnudo, a mandíbula tensionada e o corte no canto da boca. Quase um mês se passara, porém, os ferimentos permaneciam nitidamente salientes.
— Posso entrar? — perguntou num fio de voz. — Por favor.
Ele começou a sentir as mãos suando enquanto mantinha os olhos nos dele naquele silêncio agonizante. Longos e tortuosos segundos depois, Jeongguk se afastou, permitindo sua passagem.
Quando entrou no quarto, a primeira coisa que percebeu foi o cheiro forte de cigarro. Havia uma pequena mesa de centro com alguns maços e bebidas, num conjunto que o fez perceber que não era o único a procurar aquele tipo de saída. Taehyung fechou a porta e o observou, sem camisa, apenas com uma calça de moletom escura, cruzar o quarto e pegar o cigarro aceso pousado no cinzeiro. Jeongguk caminhou até a janela, onde apoiou o braço no batente e tragou a fumaça bem lentamente antes de deixá-la escapar por seus lábios. Aquela visão o fez apertar os olhos e engolir o choro preso em sua garganta.
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Nebbioso (taekook)
Fanfiction[taekook | gangster] Em busca de vingança pelo irmão espancado, Taehyung confronta Jeongguk, líder da fraternidade da universidade, e ambos se envolvem em um perigoso jogo de segredos e desejos, sem perceber o risco de se apaixonarem.