16 | explosion.

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Inconscientemente, Taehyung puxou o travesseiro com o perfume tão familiar para perto de si e afundou o rosto, permitindo que o odor penetrasse seus pulmões e lhe proporcionasse uma estranha sensação de conforto. Experimentou a sensação de quase sorrir e liberar um dos suspiros piegas, esperançosos e tolos que afloravam. Ao abrir finalmente os olhos, seu coração palpitou com a avalanche de pequenos fragmentos da noite anterior que invadiram sua mente, desejando veementemente que Jeongguk não estivesse presente, testemunhando, com seu sorriso cínico, aquele íntimo momento provocado por seu subconsciente traidor.

Em um movimento rápido, ergueu-se e necessitou de alguns segundos para recordar que era domingo, embora não lograsse discernir a hora do dia. A cortina blecaute da janela da sala encontrava-se fechada, mantendo o ambiente sombrio, ainda que uma tênue luz se insinuasse por suas laterais. Encontrava-se no sofá, agora envolto por uma manta suave cobrindo-lhe as pernas, juntamente com o travesseiro pertencente a Jeongguk.

Ele respirou fundo, expulsando tudo de sua memória, desde os acontecimentos da noite passada até qualquer coisa que envolvesse o nome de Jeon. Escovou os dentes, arrumou a sala, fez um bom café da manhã — embora já fossem três e meia da tarde. Ele havia hibernado, por isso seu estômago roncava com direito. Havia um bom tempo que não dormia tão bem, pelo menos sem os pesadelos que o assombravam; ao contrário, dessa vez, ele quase conseguia se lembrar brandamente de ter visto o rosto de sua mãe em algum sonho. Não sabia se havia sido realmente um sonho ou alguma memória ainda lúcida enquanto fechava os olhos. Mas ele sabia que tinha visto. E isso o deixava feliz de uma forma que poucas coisas conseguiam. Era raro sonhar com ela.

Sentou-se na banqueta da cozinha com seu café no mesmo instante em que o celular dele vibrou no balcão. Fitou o nome de Jeongguk na tela e atendeu.

— Bom dia, anjo. — Sua voz descontraída soou do outro lado da linha, e seu aparente bom humor fez Taehyung rir.

Agora ele o chamava de anjo? Onde estava o diabinho?

— Bom dia, JK. Já está com saudades? — provocou, levando a xícara aos lábios.

— Mas é claro. Você babando no meu ombro foi uma das coisas mais lindas que já vi na vida. Até tirei uma foto.

— Eu não babo — se defendeu. — E eu espero que você não tenha feito isso, ou vou ser obrigado a quebrar seu telefone.

— Que isso, gatinho? Sabe que não pode mais me agredir, está apaixonado por mim. E eu não admito relacionamento abusivo, então é melhor ser um bom garoto.

— Vá à merda — disse entre risadas.

Jeongguk riu.

— Vai fazer alguma coisa hoje à noite?

Ele precisou de alguns longos segundos para respondê-lo. Por um momento, quis dizer que não, mas tinha um jantar com Bogum e não cometeria a loucura de cancelá-lo apenas porque Jeongguk o estava convidando para algo.

— Eu tenho um compromisso — respondeu.

— Vai demorar?

— Devo passar a noite toda fora. — não achou uma boa ideia dizer com quem estaria. — Mas por quê?

Ele fez silêncio por alguns segundos.

— Por nada — foi tudo o que disse antes de avisar que precisava desligar.

Taehyung posicionou o aparelho sobre o balcão, ligeiramente frustrado e levemente arrependido. Questionava-se se o possível convite poderia estar associado a algum esquema de narcóticos, alguma festividade ou até mesmo um convite no estilo de Bogum. No entanto, rapidamente rejeitou tais pensamentos. Sacudiu a cabeça com exasperação. Sentia a vontade de verter o café escaldante sobre sua própria cabeça, desejo este motivado por uma necessidade de cessar, de uma vez por todas, os pensamentos acerca de Jeongguk.

Nebbioso (taekook)Onde histórias criam vida. Descubra agora