Nebbioso (taekook)

06 | sexual tension.

Jang Hanseok estava na porta da casa de Taehyung.

Ainda era madrugada quando Taehyung desceu as escadas descalço, mal tocando o piso do primeiro andar. Seu corpo, envolto apenas em um blusão que mal cobria suas pernas nuas, tremia sob o impacto do frio e da ansiedade. A sombra projetada sob a porta deslizava suavemente, como se ele se balançasse para zelar pela quietude da noite. Com passos hesitantes, Taehyung respirou fundo e atravessou a sala na escuridão, ansioso para encontrar os olhos daquele que o esperava.

Ao girar delicadamente a maçaneta, deparou-se subitamente com Hanseok em suas vestes escuras e úmidas do sereno noturno. Os olhos castanhos que o fitavam eram ferozes, os cabelos gotejavam suor e um sorriso diabólico curvava seus lábios arroxeados, acelerando seu pulso. O homem deu um passo à frente e, involuntariamente, Taehyung recuou; suas pernas não lhe obedeciam, impedindo-o de avançar. O medo da presença do homem fez-se sentir, invadindo-o poderosamente com um pânico incontrolável.

— Olá! Soube que estava tentando me encontrar — Ele proferiu, em um timbre rouco e falhado, como alguém que fumou a vida toda. Deu mais um passo, erguendo o braço esquerdo e tocando o rosto de Taehyung com a ponta dos dedos gelados. O corpo dele travou. A mão ainda segurava a maçaneta com força. Taehyung moveu os olhos lentamente em direção à cozinha da casa. Poucos passos. Poucos passos para chegar até ela, poucos passos para chegar até uma faca, um garfo ou qualquer coisa afiada que pudesse protegê-lo. Ele deveria ter chamado a polícia, deveria ter pensado nisso antes de abrir a porta, deveria ter ligado para alguém... — Mas eu te encontrei primeiro.

Quando os olhos dele retornaram a Jang, havia algo entre eles. Uma Glock G25 preta, com um JH prateado gravado no pequeno espaço abaixo do cano. Sua garganta queimou e um arrepio violento subiu por sua espinha quando ele se aproximou mais um pouco, encostando e pressionando a arma entre o espaço dos olhos dele.

— Você vai perder. — A voz de Jeongguk saiu pelos lábios de Hanseok e então ele puxou o gatilho.

Seu coração deu um salto dentro do peito.

— Taehyung?

As mãos de Nayeon estavam em seus ombros. Ele ergueu a cabeça rapidamente e percebeu que estava debruçado, torto e dolorido sobre a mesa da última fileira da sala de aula, que se esvaziava aos poucos. Ela o encarava, confusa, e ele tocava o local onde Jang havia pressionado a arma em seu sonho. Sua cabeça doía. Com todos os problemas dos últimos dias, ele já não conseguia dormir direito. Depois que Donghyun informou que compraria as passagens para Suwon em breve, pois já havia acertado tudo com os novos compradores da casa, dormir tornou-se um ato muito perturbador.

— Você estava tremendo — ela o avisou enquanto Taehyung passava as mãos pelos cabelos, tentando parecer o menos acabado possível.

— Pesadelo — deu de ombros. — Encontrou alguma coisa? — perguntou, apontando para o celular em suas mãos.

Ela negou.

— Nada. Mas eu acho esse nome tão familiar. Se eu pudesse encontrar uma foto dele...

— Você já tentou perguntar ao Jihoon se ele o conhece? — questionou enquanto saíam da sala de aula.

— Não vou perguntar nada a ele. Por que você não vai lá implorar ao Jeongguk para terminar de contar a história? Dar um nome não adianta muita coisa. — Ele a encarou por alguns segundos antes de piscar lentamente. Ela suspirou, balançando a cabeça negativamente. — Desculpe, Tae, mas não dá. Você sabe...

— Tudo bem. — Ele não insistiu. Pegou o celular no bolso e o ligou. Já era a milésima vez que pesquisava aquele nome na internet. Não havia nenhum Jang Hanseok na SNU, pois havia procurado exaustivamente em todos os cantos possíveis e impossíveis. Verificou em todas as redes sociais e passou a noite pesquisando em todos os lugares que poderia encontrá-lo. Percorreu as fraternidades, os grupos estudantis e até mesmo se esgueirou pelo jardim dos Nebbioso, mas nenhum dos membros lhe disse quem Hanseok era, apesar de ter certeza de que todos eles sabiam, só não tinham permissão para dizer absolutamente nada.