— Por favor, me diga que não é verdade o que você fez na fraternidade.
Hoseok colocou a bolsa sobre o balcão e o encarou, sentando-se no banco com as pernas à sua frente. Taehyung deu uma rápida olhada em seu rosto magro, com olhos ligeiramente arregalados e boca entreaberta.
— Sobre o que exatamente você está se referindo? — perguntou.
— Bom, para começar, me disseram que você foi até Jeongguk, explodiu o carro dele com um coquetel molotov, chutou suas bolas, furou seus olhos com as unhas e tentou esfaqueá-lo com um canivete! Garoto, você é maluco!
Taehyung achava impressionante a criatividade das pessoas.
— Mais ou menos isso. — Encolheu os ombros.
— Mas que droga, Tae! — Ele o repreendeu com um gemido frustrado, catando algumas moedas da carteira. — Eu sei que está muito mal com a situação do Namjoon, eu sei mesmo, mas, por favor, não aja como um inconsequente. Um frappuccino, por favor. — Ele solicitou à garçonete que estava à frente deles e em seguida o encarou. — Por que você não me ligou?
— Foi um impulso. Eu estava muito irritado, Hobi. Não consegui me controlar e, quando percebi, já estava lá fervendo de raiva. Você sabe.
— Sim, eu sei. - Ele revirou os olhos. — E eu já disse que você precisa procurar tratar esses seus surtos de raiva. Uma terapia, um psicólogo, alguma atividade física intensa ou algo do tipo.
— Jeongguk espancou meu irmão e admitiu isso na minha cara. Você não tentaria, no mínimo, rasgar a jugular dele?
Seu melhor amigo o encarou por longos segundos antes de soltar um suspiro e balançar a cabeça.
— Beleza. Mas faça direito. Por que você não vai à polícia e denuncia ele?
— Porque ainda estou pensando.
Seul era uma cidade grande, mas em seu distrito todos os idosos se conheciam e todos os jovens eram tratados como causas perdidas da sociedade. A não ser que você fosse um estudante de medicina, direito ou qualquer outro curso adicionado ao fator: pais ricos – o que certamente era o caso de Jeongguk –, então as coisas poderiam ser melhores. Mas para alguém como Namjoon, criado no subúrbio por um pai pobre e solteiro, cursando história e com uma mochila repleta de drogas, não seria tão simples. Na verdade, seria terrível. E Taehyung tinha certeza de que seu irmão seria tratado como um estudante desmiolado, viciado em cocaína e cerveja barata, que foi espancado porque, simplesmente, era um babaca. E Jeongguk, coitadinho, Deus o livre, um rapaz brilhante que jamais seria capaz de fazer algo tão cruel assim, sairia impune.
Então, ele precisava pensar. Taehyung tinha que elaborar uma estratégia para conseguir provar a culpa de Jeongguk, sem colocar seu irmão em uma posição difícil. Hoseok estava certo. Precisava parar de agir de forma inconsequente e começar a raciocinar. JK era muito esperto para que ele fosse tão imprudente.
— Tete — A mão de Hoseok tomou a sua. Seus olhos castanhos sorriram para ele. — Eu não vou deixar você passar por isso sozinho. Seu irmão vai melhorar, nós vamos conseguir um trabalho para você e eu já disse que pode ficar na minha casa se o seu pai realmente for embora. Você sabe que lá não tem muito espaço e você não vai conseguir dormir direito com o choro do Hyun, mas pelo menos vai ter um teto e uma coberta quentinha. Isso eu garanto a você.
Pela milésima vez, Hoseok lhe ofereceu sua casa. Na verdade, era realmente o único lugar que ele tinha para ficar. Mas não podia. Taehyung sabia que seria mais um peso em sua vida. Hoseok era seu melhor amigo há muitos anos e isso lhe permitia compreender como sua vida funcionava: uma mãe com quatro filhos mais novos que ele, sendo dois do atual padrasto, um homem grosseiro e autoritário, que os infernizava o tempo todo. Moravam em um apartamento de três cômodos que mal cabiam as crianças, por isso Hoseok passava a maior parte do tempo na universidade, na cafeteria ou em qualquer outro lugar, somente para evitar aquela realidade.
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Nebbioso (taekook)
Fanfiction[taekook | gangster] Em busca de vingança pelo irmão espancado, Taehyung confronta Jeongguk, líder da fraternidade da universidade, e ambos se envolvem em um perigoso jogo de segredos e desejos, sem perceber o risco de se apaixonarem.