Nebbioso (taekook)

21 | too late.

Taehyung observou Jeongguk retornar aos seus amigos e reassumir seu lugar no sofá. E decidiu que era hora de partir quando Chunhee se levantou e caminhou em direção a Jeon, sentando-se em seu colo e selando seus lábios rapidamente, como se marcasse seu território, como se quisesse lembrar a Taehyung de quem ela era. Ele desviou o olhar e levantou-se, avisando a Hoseok que precisava de um pouco de ar. Realmente não conseguia mais respirar direito ali dentro.

Hoseok decidiu acompanhá-lo. As ruas movimentadas do centro de Seul não estavam tão cheias naquele horário e, diferente da gritaria que preenchia seus ouvidos dentro da cafeteria, o silêncio lá fora foi reconfortante. Mesmo com o vento gelado que se estendia pela tarde, Hoseok o arrastou até a sorveteria onde Namjoon e ele costumavam gastar todas as suas moedas. Fazia anos que não colocava os pés naquele lugar. A primeira coisa que pensou ao se aproximar foi que algo tão simples, como comprar um sorvete de chocolate com o irmão, estava longe de acontecer novamente. Coisas pequenas, singulares, normais; Namjoon nunca mais faria nada disso.

Poucos minutos depois, enquanto ele esperava seu pedido e tentava expulsar aquele pensamento tão ruim da cabeça, alguém o chamou pelo nome. Ele não precisou se virar para saber que era Seokjin, que deu mais alguns passos e se posicionou ao seu lado, debaixo da pequena marquise violeta da sorveteria. Taehyung se virou para encará-lo.

— Podemos conversar?

Taehyung voltou a atenção para o senhor atrás do balcão e pediu um pote de sorvete de limão. Sem calda. E com pedaços de cerejas.

— Esse ainda é o seu preferido? — perguntou-lhe.

Seokjin sorriu.

— É, sim.

Hoseok concedeu-lhes privacidade e optou por aguardá-los na sorveteria. Enquanto eles aguardavam que Seokjin pegasse o pote, ele pagou pelos sorvetes. Juntos, caminharam um pouco mais adiante e detiveram-se à sombra de uma árvore. A curiosidade pairava no ar, principalmente pela percepção de certa luta interior por parte de Seokjin.

— O que está acontecendo entre você e Jeongguk? — Sua voz finalmente soou.

— Pode ser mais específico?

— É que estou constantemente vendo vocês dois juntos e fiquei sabendo que está morando no apartamento dele. — Sua cabeça balançou de um lado para o outro, como se não acreditasse nas próprias palavras. — Eu vejo a forma como vocês conversam, como se olham, como vivem para cima e para baixo como se fossem, sei lá... íntimos. Quando isso aconteceu?

— Você não sabe? — perguntou de forma irônica.

— O que eu sei é que as pessoas têm comentado sobre vocês dois. Muitas coisas.

— Eu deveria me importar com isso?

— Quando acham que você está transando com Jeon Jeongguk? Sim, deveria.

— Estranho. — Franziu as sobrancelhas, fingindo não entender o que ele estava insinuando. — Todos que transam com ele se gabam bastante sobre isso.

Seokjin cruzou os braços e fez aquela cara de quem está prestes a dar um sermão.

— Você perdeu o juízo de vez? Não acho que eu precise dizer que tipo de gente ele é, porque você sabe tão bem quanto eu! Qual é, Taehyung? Jeongguk é dono de um mundo de drogas, de violência, de coisas que só vão te afundar! E ele não vai se importar quando isso acontecer, sabia? Eu sei que está confuso e triste com tudo o que aconteceu, mas já ouviu aquele ditado? "Não se torne o que te destruiu"?

Suas palavras ressoavam em seus ouvidos como peças soltas de um quebra-cabeça, enquanto ele ponderava sobre o fato incômodo de Seokjin ter evitado seu contato por todos esses anos, como se estivesse fugindo de um problema. De repente, ele apareceu, agindo como se Taehyung fosse incapaz de compreender suas decisões de vida.