Capítulo 1

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Dom Fenn - 8 anos
Novembro de 2031
Zarendale, Tressida

A guerra havia chegado na minha cidade essa tarde.

Vi algumas cenas pela TV mas o papai sempre desligava e falava que o nosso país era seguro. Que Valoria se contentaria com a conquista de Fendaron e pararia a guerra.

Escutei pela escola que o ditador Zarin Pryn não pararia em mais um país, mas acreditei no papai.

Ele nunca erra.

Olho ao redor tentando encontrar os meus pais mas eles sumiram depois que um batalhão valoriano entrou na mercearia que estavam.

Eu tinha ficado no carro esperando eles mas desci depois de que escutei uma explosão e gritos vindo do local.

Em segundos o lugar tranquilo se tornou um amontoado de poeira e isso fazia o meu nariz coçar, minha mamãe dizia que eu tinha alergia algumas coisas.

Eu não gosto de poeira.

Ela é chata e me irrita.

Espero que não tenha sido gritos da mamãe, papai choraria também se ela chorasse.

Eles sempre foram tão unidos que cansei de rir das noites em que mamãe ficava com raiva da toalha em cima da cama e o papai fazia alguma piada para disfarçar a situação.

Ele dizia que nunca imaginou se casar com alguém como ela e faria de tudo para nunca a perdê-la.

Eu estou tão assustado com tudo que sinto o meu corpo tremer sem controle.

_Mamãe! - Grito desesperado tentando encontrá-los.

Sinto meu rosto molhado de lágrimas e sei que o papai ficaria triste de me vê assim, ele sempre diz que gosta do meu sorriso por ser igual o dele. Mas não consigo parar de chorar e coçar o meu nariz.

Cadê os meus papais?

Corri pela rua, desviando de escombros e tentando não tropeçar nas pedras e pedaços de metal espalhados pelo chão. O sol começava a se pôr no horizonte e vi algumas casas ao redor também sendo saqueadas e destruídas, fechei meus olhos por alguns segundos por conta com a luz forte do sol tingindo o céu de um laranja profundo me incomodar levemente, enquanto o cheiro de fumaça e destruição enchia o ar continuei andando. O medo e a incerteza apertavam meu peito, o que está acontecendo na minha cidade?

Morávamos na capital de Tressida desde que papai conseguiu entrar em uma empresa grande de computação. E eu decidi que quero ser que nem ele quando crescer, um gênio da informática!

Papai ama o emprego por conseguir trabalhar muitas vezes em casa e com isso eu era beneficiado com um parceiro no basquete.

Lembro-me que na época da mudança mamãe também ficou feliz e disse que agora conseguia me dar um irmãzinha que tanto pedi.

Queria ser que nem os meus amigos da escola que tem alguém para brincar em casa com a idade parecida, mas não queria dividir os meus carros elétricos, então, pedi uma irmã.

Ela ainda poderia brincar comigo mas não iria ficar com os meus brinquedos depois, e eu ainda poderia protegê-la como um irmão mais velho. Papai ficaria orgulhoso!

_Mamãe! Papai! - Gritei novamente, minha voz rouca e entrecortada pelo choro e os soluços involuntários.

Passei por carros destruídos e vitrines quebradas, e a visão do caos me fez perceber que minha cidade nunca mais seria a mesma. Meu coração batia acelerado, e o silêncio ensurdecedor após cada explosão fazia meus ouvidos zumbirem.

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