Capítulo 3

1.8K 181 70
                                    

Mia Arden - 21 anos
Dezembro, 2044
Rynvale, Valoria

Eu e o Dom somos liberados para nos prepararmos e irmos para a missão por conta própria. Vou para o meu quarto no quartel e troco de roupa antes de sair. Pego meu uniforme de camuflagem urbana, ideal para a missão que nos espera, e coloco minha pistola no coldre junto à cintura. Ajusto o cinto tático e verifico se o rádio está funcionando e visto um blusão por cima de tudo.

Na saída, vejo o Dom caminhando já um pouco longe pelas ruas de Rynvale.

_Aquele não é o caminho do apartamento. - Penso um pouco alto demais.

_Falou algo, Mia? - Olho para o lado e vejo o capitão.

_Não, senhor. - Digo seca, ainda observando a direção que o Dom está tomando. Tô curiosa para cacete.

_Espero que não tenha ficado com raiva, espero que entenda meu lado e o quanto preciso achar uma forma de punir o Dom para ele não repetir essas rebeldias dele. - Diz o capitão com um tom paternalista que só me irrita mais.

_ Jamais. - Me viro rapidamente, sorrindo para ele cinicamente. - Afinal, o que é levar um choque quando se foi escolhida para uma missão suicida? Sabe, Capitão, a vida é muito curta para se ter rancor. A minha então! Puts, curtíssima.

Saio deixando ele para trás, sem dar tempo para resposta.

_Mia!

_Meu nome é Soldado Arden, senhor! - Grito sobre o ombro, sem parar.

Só o que me faltava. O desgraçado me come na noite anterior, me desloca para uma missão para lá de impossível, ainda me pune por algo que não fiz e ainda quer papo comigo.

Só falta querer me matar e eu ter que agradecer de joelhos por essa bondagem.

Reviro os olhos, mas apresso o passo, tentando alcançar o filho da puta que chamo carinhosamente de Satã Junior.

Ando pelas ruas decadentes da área pobre de Rynvale, com um capuz tentando esconder a minha identidade, mesmo sabendo que ninguém me conhece. O cheiro de lixo e esgoto é sufocante, e a visão dos prédios em ruínas, grafitados com mensagens de rebeldia, só reforça o quão abandonada essa parte da cidade está.

Olho para trás e vejo se o capitão ainda me segue, mas ele já desapareceu. Melhor assim. Sigo Dom, mantendo uma distância segura. Ele vira em um beco estreito, mal iluminado, e eu o sigo, sempre em alerta.

Entro no beco e vejo Dom parar em frente a uma porta de metal enferrujada. Ele olha ao redor, e eu me escondo rapidamente atrás de uma pilha de caixas. Dom bate na porta com uma sequência de toques ritmados, e logo a porta se abre, revelando um homem robusto com um rifle pendurado no ombro. Eles trocam algumas palavras que não consigo ouvir, e então ele entra, desaparecendo de vista.

Espero alguns minutos antes de me aproximar da porta. Tento ouvir algo através da porta, mas tudo está silencioso.

_Droga, o que ele está aprontando? - Penso alto novamente, preciso parar com essa mania chata.

Decido que a única maneira de descobrir é entrar. Bato na porta, imitando a mesma sequência que vi Dom fazer, sou boa em decorar coisas. A porta se abre uma fresta, e vejo o homem robusto me olhando desconfiado.

_O que você quer? - ele pergunta, sua voz grave ecoando pelo beco.

_Estou com Dom. Ele me mandou vir. - Digo, tentando soar confiante.

O que ele faria? Me dar um tiro na cabeça? Estaria morto antes de colocar o rifle na minha direção.

O homem me examina por um momento antes de abrir a porta completamente. Entro rapidamente e ele a fecha atrás de mim. O interior é mal iluminado, cheio de caixas e equipamentos espalhados pelo chão. Sigo pelo corredor estreito até uma sala onde encontro Dom conversando com um grupo de pessoas. Reconheço alguns deles - mercenários e rebeldes que ouvi falar em rumores pela cidade.

FacínoraOnde histórias criam vida. Descubra agora