Capítulo 5

1.2K 136 11
                                    

Mia Arden - 8 anos
Novembro, 2031
Rynvale, Valoria

_Mia está na hora.

_Não, por favor. - Imploro à babá, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas só pela menção.

Não de novo.

Eu não aguento mais.

_Você sabe que sua mãe me ordenou a te levar todos os dias para o laboratório. É sua única chance de sobreviver. - Ah, se ela soubesse...

Ela não sabe, mas não vou ao laboratório todos os dias para ter uma chance de vida. Essa foi uma baboseira que a mamãe contou a ela para convencê-la de que, não importa os meus pedidos, eu preciso ir todos os dias.

Assim, ela não desconfia que os testes de laboratório não são para me salvar. Na cabeça dela, a dor que sofro é para um bem maior no futuro, e minhas lágrimas são apenas de uma garotinha que precisa de tratamento para sobreviver.

Na verdade, estou sendo usada como cobaia de um experimento humano.

Respiro fundo e vou para o meu quarto trocar o meu vestido pelo uniforme do Briefing.

Briefing é o quartel onde meus pais trabalham. Eles fazem parte da maior organização secreta do governo. O trabalho sujo e as investigações são realizadas por eles, uma tropa pequena de oito soldados mais um capitão é a tropa de elite e só solicitada em casos extremos.

Eu não deveria saber disso, mas mamãe me quer bem preparada para, no futuro, ser um dos integrantes da tropa.

_Vamos? O carro já chegou.

Me obrigo a ir com a babá que nem sequer sei o nome. Nomes criam laços, e laços te deixam fraco.

Essa é minha infância: sem amigos e sem familiares. Minha única serventia na vida é ser uma cobaia de laboratório, para ser a hospedeira da maior invenção tecnológica existente.

O quartel do Briefing é um edifício robusto e imponente, localizado numa área remota e protegida por camadas de segurança. O prédio principal é feito de concreto reforçado, com janelas blindadas e portões de aço que parecem intransponíveis. Logo na entrada, há um posto de guarda, onde soldados armados inspecionam rigorosamente todos que entram e saem.

Dentro do quartel, há um longo corredor iluminado por luzes fluorescentes, com paredes cinzentas decoradas apenas por mapas e quadros de missões anteriores. As portas ao longo do corredor levam a diversas salas: a sala de estratégia, onde grandes mesas são cobertas por mapas e planos de batalha; a sala de armamento, com fileiras de armas e equipamentos de alta tecnologia; e a sala de treino, um amplo espaço com tatames, sacos de pancada e simuladores de combate.

Sei melhor de cada lugar desse quartel que do apartamento onde moro com os meus pais.

O capitão, um homem de rosto severo e cicatrizes visíveis, comanda a tropa com autoridade incontestável. Seus oito soldados, cada um especialista em uma área diferente, são letais e bem treinados, movendo-se como uma unidade coesa e eficaz. Eles compartilham um vínculo forte, forjado por inúmeras missões perigosas e segredos compartilhados.

Mas não tão forte ao ponto de ter sentimentos entre eles.

Não se deve existir sentimentos no meio de uma guerra.

O laboratório, por sua vez, é uma estrutura ainda mais secreta, situada num subsolo profundo abaixo do quartel. A entrada é oculta, acessível apenas através de uma porta blindada que requer múltiplas verificações de identidade. Ao passar por essa porta, um elevador leva diretamente para o coração do laboratório.

FacínoraOnde histórias criam vida. Descubra agora