Capítulo 30

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Dom Fenn - 21 anos
Abril, 2044
Rynvale, Valoria

Os sons da guerra se misturavam com o ritmo acelerado da minha respiração. O cheiro de pólvora e fumaça queimava minhas narinas enquanto eu corria junto com os outros homens, saltando sobre os escombros, tentando encontrar cobertura em meio ao caos. Os bombardeios incessantes faziam o chão tremer sob meus pés. As rajadas de tiros pareciam vir de todos os lados, cortando o ar em uma sinfonia mortal que ressoava em meus ouvidos. Eu sabia que estávamos perdendo terreno. O exército estava mais organizado do que esperávamos, e agora, nossa única opção era recuar.

_Para dentro! - gritei, gesticulando para os homens mais próximos entrarem na casa maltrapilha à nossa frente. Estava quase caindo aos pedaços mas era melhor que nada no momento.

A estrutura estava em ruínas. Uma casa velha e abandonada, suas paredes rachadas e o telhado praticamente desabando. Mas, naquele momento, era o único abrigo disponível. Assim que o último homem entrou, segui rapidamente, me agachando atrás de uma pilha de escombros, tentando recuperar o fôlego. Eu podia sentir o suor escorrendo pela minha testa, misturado com a poeira e a fuligem que pairavam no ar.

Estamos perdendo e não faço a mínima ideia do que fazer para reverter isso.

A adrenalina corria pelas minhas veias, meu coração batia em um ritmo frenético. Precisávamos de uma pausa, algo para virar o jogo, mas o tempo estava contra nós. Estávamos encurralados. O som dos tiros não parava, como se cada bala estivesse destinada a nos achar, a nos derrubar.

_ Dom, o que fazemos agora? - perguntou um dos homens, sua voz carregada de medo e incerteza.

Eu não sei.

Olhei ao redor, avaliando a situação. Estávamos expostos, sem saída clara. O exército sabia onde estávamos, e era apenas uma questão de tempo até que nos encontrassem. Precisávamos de uma estratégia, uma saída, mas tudo parecia estar desmoronando ao nosso redor e eu nem queria pensar nas pessoas que tínhamos perdido em poucas horas.

Então, um som agudo cortou o ar. O zumbido dos aviões de combate sobrevoando acima de nós me fez gelar. Sabia o que viria em seguida. Explosões. Bombardeio aéreo.

_ Cuidado! Se abaixem! - gritei, mas já era tarde demais.

A explosão atingiu o teto da casa com força brutal. O impacto nos jogou contra o chão, pedaços de concreto e madeira caindo por todos os lados. Senti meu corpo ser arremessado para trás, batendo com força contra uma parede. O mundo ao meu redor se tornou um borrão de poeira, fumaça e caos no mesmo segundo. Por um momento, tudo ficou em silêncio, exceto pelo zumbido nos meus ouvidos. A visão turva, o peito apertado, e a dor latejante na cabeça me faziam sentir como se estivesse à beira da inconsciência.

Mas eu não podia me dar ao luxo de desmaiar. Não ali. Não agora.

Aos poucos, minha visão começou a voltar, e o som ensurdecedor da guerra ressurgiu. Levantei-me com dificuldade, sentindo cada músculo do meu corpo protestar. A sala onde estávamos havia sido parcialmente destruída. Parte do teto havia desabado, e a parede do lado direito estava completamente aberta, expondo-nos ao campo de batalha lá fora.

Acabo espirrando com a poeira do lugar, merda de alergia.

Os soldados inimigos estavam se aproximando. Eu conseguia ouvir seus passos, o clamor metálico de suas armas sendo preparadas. O bombardeio havia nos deixado vulneráveis, e agora eles estavam prontos para o ataque final, resumindo estamos mortos.

Mas enquanto eu ainda respirar levarei filhos da puta comigo.

_ Estamos expostos! - um dos meus homens gritou, tentando encontrar abrigo atrás de um pedaço de parede que ainda estava de pé.

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