Capítulo 19

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Mia Arden - 18 anos
Agosto de 2041
Rynvale, Valoria

Estou exausta do treinamento de hoje e completamente cheia de ódio dos meus pais. Dom já entrou para o quartel, e eu nada! Isso é totalmente injusto; treino diariamente desde criança. Além de ter feito tudo para que eles não me tratassem como se eu fosse um bicho descartável. E para completar ainda tive que escutar da minha mãe que não sou boa suficiente, querem mais o que? Que eu fique imortal e sem emoções? Talvez queira uma máquina de guerra que não precise sequer descansar por alguns segundos.

Talvez seja isso.

Qual é, tenho um fuck poder do caralho e só posso usar em situações controladas pelo governo. Não que eu queira sair matando por aí, mas se necessário for, tenho essa possibilidade e gostaria de usar sem ser por simulações. Ainda tenho que escutar minha mãe no ouvido direto falando o quanto tenho que melhorar. E quando entro no apartamento, vejo de cara o Dom com a Sombra Mortal em mãos deitado no sofá totalmente despreocupado com a vida, desgraçado.

A Sombra Mortal é uma faca projetada para soldados de elite. Sua lâmina de 20 cm é feita de necronite, um metal super-resistente, e possui um perfil ondulado com micro-serrilhas ultrassônicas para cortes precisos. O cabo, feito de bio-cerâmica autorregenerativa, adapta-se à mão do usuário e inclui um sistema de aquecimento e um escudo de energia ativável. A bainha de nano-tecido é flexível e resistente, com fixadores magnéticos e bloqueio biométrico, além de um módulo de camuflagem ativa. A faca possui uma inteligência artificial que comunica-se telepaticamente com o usuário, fornecendo informações táticas, e opera em três modos: Combate, Superfície e Emergência, este último emitindo um sinal de socorro e choques defensivos.

Ele a ganhou ano passado do meu pai, quando entrou no quartel. E aquela cena faz a raiva dentro de mim borbulhar ainda mais.

Dom está no centro da sala, girando a faca entre os dedos como se fosse um brinquedo. A lâmina brilha à luz suave da tarde que entra pelas janelas, e posso quase ouvir o zumbido das micro-serrilhas ultrassônicas cortando o ar. Ele percebe meu olhar e sorri, aquele sorriso presunçoso que me faz querer socar a cara dele.

_Que foi? Não tenho medo de cara feia. - Ele diz, despreocupado, continuando a girar aquela merda na mão. Essa faca deveria ser minha! Ela é passada de pai para filho, e ele não é filho dele.

É inacreditável como eles nem fingem que preferem ele. O fato de Dom ter essa arma é como um lembrete constante do quanto sou desprezada na minha própria casa. Sinto meu estômago revirar de raiva e ciúme, sinto a ponto de vomitar e nem sei o motivo disso. O treino foi tão pesado mentalmente e fisicamente que não me surpreenderia de passar mal ao ponto de desmaiar ou vomitar.

_Se tivesse medo, morria de susto todo dia quando se olhasse no espelho. - Retruco, e isso nem é verdade. Quanto mais tempo passa, mais belo ele fica.

_Que infantil da sua parte, Mia. Por isso seu pai deu a Sombra Mortal para mim. Um cara estrangeiro e sem um pingo de sangue Arden. — Trinco os dentes. Sempre que ele pode, joga isso na minha cara. — Afinal, a filhinha dele é só uma mimada, é meio difícil de confiar em uma bebê chorona.

Minhas mãos se fecham em punhos tão apertados que minhas unhas se cravam nas palmas das mãos. Não posso fazer nada se tenho pais filhos da puta. Sinto o chip pulsar, um lembrete irritante do que sou capaz de fazer, mas que nunca posso usar.

_Vai para o inferno com essa merda. - Ignoro sua existência e vou para a cozinha atrás de um copo de água, tentando acalmar o fogo que arde dentro de mim.

_Pode deixar, tenho coisas a resolver lá mesmo e depois tenho treino com o seu papai amado.

Cada palavra dele é como um golpe, cada provocação me empurra mais perto do limite. Eu só quero que ele cale a boca. Que ele suma e me deixe em paz com a minha raiva e frustração.

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