Capítulo 4

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Dom Fenn - 20 anos
Abril de 2044
Rynvale, Valoria

Falta exatamente 8 dias para o meu aniversário, e pretendo ganhar de presente sair dessa merda de missão suicida com vida.

E se isso acontecer será um feito e tanto!

Não me surpreendeu nenhum pouco ter sido escalado.

Na verdade até gostei disso, tava mesmo precisando respirar novos ares e quem sabe em Ygraine consiga me divertir um pouco.

E também estava puto com a Mia por ela ter me seguido pelas ruas de Rynvale, ela parece que é doida.

Idiota.

Acha que por estar na tropa consegue se defender, mas na verdade é só uma mimadinha que teve tudo do bom e do melhor sem precisar fazer nada!

Nem sequer passou pelo teste antes de ser uma soldado. Acho que ela nem sequer sabe que precisa fazer um teste fudido para entrar naquela merda.

A vida para ela é um arco-íris colorido e deve achar que no final tem um pote de ouro como as crianças acreditam.

Agora precisarei ficar 100% atento até na minha sombra, e ainda rezar para ela não abrir aquela boca maldita e dizer sobre os caras.

Merda, também precisaria arranjar outro local para eles ficarem em segurança.

Tudo por culpa dela!

Ando apressado enquanto ela caminha atrás com o rabo entre as pernas e um pescoço sangrando minimamente, estava louco para provar o seu sangue mas me contive.

Mesmo o prédio luxuoso tendo vários elevadores, uso a escada para chegar até o último andar. Preciso pensar com calma e analisar cada ponto de Ygraine para não morrer ainda na água.

É a única forma de desconhecidos entrar, e eles sabem disso e mantêm uma patrulha enorme em toda a extensão litorânea do país.

Segundo o Briefing, os equipamentos estariam à nossa disposição no momento em que quisermos partir, mas pretendo ir logo hoje.

Quanto antes ir, o quanto antes volto.

Nem percebo em que momento alcancei o final da escada.

Mia, com o rosto pálido e os olhos arregalados, tenta acompanhar meu ritmo.

_Dom. - Ela começa, a voz hesitante. - Eu sei que você está com raiva de mim, mas...

_Cala a boca, Mia. - Interrompo bruscamente. - A única coisa que você precisa saber é que vamos partir para a missão durante a madrugada. Esteja pronta às 2 da manhã. E se você fizer qualquer merda, se atrapalhar ou se meter onde não deve, eu juro que não vou pensar duas vezes antes de te deixar para trás.

Ela assente, os lábios trêmulos, e eu continuo meu caminho, ignorando a tensão crescente entre nós. Não posso me dar ao luxo de distrair com os problemas dela agora. Tenho que garantir que tudo saia conforme o planejado, porque, ao contrário dela, eu não tenho um pote de ouro esperando no fim dessa jornada.

Quando chega no horário combinado saímos em silêncio até a base, conseguiríamos uma carona e ainda precisava pegar umas coisas lá.

No silêncio da madrugada, o som dos nossos passos ecoa pelo corredor vazio. O ar está pesado com uma combinação de expectativa e medo. Mia finalmente parou de tentar falar comigo, talvez percebendo que qualquer tentativa de justificação seria inútil. Chegamos à entrada do quartel, um prédio cinza e austero que parece projetado para intimidar.

Os guardas noturnos nos cumprimentam com um aceno de cabeça, reconhecendo nossas ordens. A porta pesada do armazém se abre com um ranger sinistro, revelando fileiras e fileiras de equipamentos militares. Mochilas, armas, munição, trajes de mergulho e tudo o que precisaríamos para a missão estão à nossa disposição.

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