Capítulo 28

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Dom Fenn - 21 anos
Abril, 2044
Rynvale, Valoria

Acidade de Rynvale ainda estava em pé, e a vida, para muitos, seguia normalmente. As ruas estavam lotadas de civis indo e vindo, cumprindo suas rotinas diárias, completamente alheios ao que se passava nos bastidores, nas sombras. Mal sabiam eles que aquela tranquilidade era apenas uma fina camada, prestes a ser destruída pelo caos iminente da guerra. A rebelião estava crescendo. Silenciosa, porém cada vez mais intensa.

Para o povo, os boatos de guerra eram apenas isso: boatos. As ruas de comércio fervilhavam com vendedores chamando clientes, e as famílias ocupavam as praças em meio a risadas e conversas despreocupadas. A cidade ainda tinha uma aparência de paz, mas nós, que lutávamos por algo mais, sabíamos a verdade.

As informações que vinham dos informantes dentro do governo eram claras: a invasão era uma questão de tempo. O exército imperial estava se mobilizando para suprimir qualquer resistência que ousasse surgir. E isso incluía nosso grupo. A cidade estava sob uma vigilância o exército do ditador já estava ciente de que algo estava acontecendo, mas ainda não sabiam onde procurar.

Havia mapas da cidade espalhados, marcados com rotas de fuga na nossa mesa, locais de esconderijo e pontos estratégicos que poderíamos usar a nosso favor.

_O exército está começando a cercar a cidade. - disse Kalev, um dos mais antigos membros da resistência que chegou correndo para nos avisar. - As ruas principais já estão sendo monitoradas. Precisamos sair daqui antes que nos cerquem de vez.

_Temos que encontrar uma rota segura. - Respondi, meus olhos fixos no mapa à minha frente tentando  de todas as formas achar algo. - Não podemos lutar de dentro da cidade. Eles têm vantagem em número e armas. O terreno urbano vai nos encurralar.

Um dos outros membros, Leona, apontou para uma área nas colinas ao norte da cidade.

_E se nos movermos para cá? O terreno é mais acidentado. Podemos nos esconder e montar uma base por lá e tem alguns destroços para isso.

Assenti, considerando a sugestão. As colinas proporcionariam um local mais isolado e defensivo, longe das patrulhas que estavam começando a tomar conta da cidade.

_Isso pode funcionar. - disse, traçando uma linha com o dedo no mapa. - Se conseguirmos sair da cidade sem sermos detectados, poderemos usar o terreno ao nosso favor.

_O problema é como sair daqui sem levantar suspeitas. - disse Kalev. - Eles estão de olho em tudo. Qualquer movimento em massa vai chamar atenção.

Era verdade. Qualquer tentativa de retirada em grupo poderia ser facilmente detectada. Precisávamos ser sutis, dividir as forças em pequenos grupos e sair gradualmente, sem que parecesse uma fuga em massa.

Depois de horas de debate, chegamos a um plano. Dividiríamos os rebeldes em grupos menores, cada um saindo da cidade por diferentes rotas, em horários espaçados. Levaríamos apenas o essencial que é as armas e nos encontraríamos nas colinas, onde começaríamos a montar nossa base de operações. A operação teria que ser precisa, e qualquer erro poderia nos expor.

Durante as horas seguintes fizemos isso e nas próximas horas nós escondemos entre os destroços e esperamos, sabia como o exército atuava e tinha certeza que não demoraria muito para eles nos acharem e foi com isso que escutei o aviso do nosso espião que estava procurando informações e só nos avisariam quando o exército chegasse.

E eles chegaram com tudo.

O som ensurdecedor das explosões e disparos ecoa ao redor instantaneamente, uma sinfonia caótica de destruição que preenche o ar com o cheiro acre de pólvora e metal queimado começa. Meu coração bate no ritmo das explosões, pesado e rápido, enquanto meu olhar percorre o campo de batalha. Soldados e rebeldes se movem como sombras em um pesadelo, corpos se entrechocando, sangue sendo derramado a cada segundo. A poeira sobe em nuvens densas, tornando a visão difícil, mas não posso me permitir perder o foco. Há muito em jogo. Muito a perder.

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