Capítulo 24

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Dom Fenn - 21 anos
Abril, 2044
Rynvale, Valoria

Meu coração acelera, mas permaneço imóvel, esperando.

Esperando ela me salvar.

A figura esbelta e mortal emerge das sombras como um predador, seus olhos brilhando com uma intensidade feroz. É Mia, e pela primeira vez, vejo a fúria contida em seus olhos, a raiva que ela escondeu por tanto tempo.

Mas o que acontece em seguida é algo que nem eu poderia prever.

Mia levanta a mão, e uma onda de energia varre a sala, derrubando guardas e generais como se fossem marionetes de papel. O poder que ela libera é avassalador, e a surpresa no rosto dos inimigos é clara assim como no meu.

Um segurança dá um passo para trás, os olhos arregalados de choque. Ele nunca esperou por isso, nunca soube do que Mia era capaz. E, para ser honesto, nem eu sabia.

_Mia... - Eu murmuro, incapaz de esconder minha surpresa.

Ela não responde. Em vez disso, seus olhos se fixam no segurança, que está paralisado, incapaz de processar o que está acontecendo. A expressão no rosto dela é determinada, fria, como a de alguém que finalmente encontrou seu propósito.

_Mia, o que você está fazendo?

Ela avança, cada passo ressoando no chão de pedra, enquanto a sala vibra com a energia que ela continua a liberar. Os guardas tentam se aproximar, mas são repelidos por uma força invisível.

Eu me levanto, as amarras nos meus pulsos se desfazendo graças à distração que ela criou. Meus olhos estão fixos nela, tentando entender o que está acontecendo. Como ela conseguiu esse poder? E por que nunca me contou?

Ela libera uma última onda de energia, silenciando-o para sempre.

O silêncio que se segue é ensurdecedor. Eu caminho até ela, ainda tentando processar tudo o que acabou de acontecer.

_Mia. - Eu começo, mas ela me corta com um olhar.

_Não temos tempo, Dom. Temos que ir.

Meu corpo está em alerta máximo enquanto eu observo a destruição que Mia causou. Guardas e generais estão espalhados pelo chão, corpos inertes, e a única coisa que se move é a energia residual que ela ainda libera, crepitando no ar ao redor. O cheiro metálico de sangue e ozônio paira pesado na sala, e o silêncio, após o caos, é quase ensurdecedor.

Eu me aproximo lentamente, ainda atordoado, tentando processar o que vi. Mia, a mulher que conheci por toda a vida, agora se revelava como algo muito mais poderoso, algo muito mais letal do que jamais imaginei. Ela havia sido transformada em uma arma viva, e eu... Eu nunca soube.

Mia... — Murmuro, mais uma vez, minha voz repleta de perguntas e choque.

Ela está imóvel, o peito subindo e descendo em um ritmo controlado, como se estivesse tentando manter aquela energia sob controle. Seus olhos brilham com uma intensidade assustadora, mas há algo mais neles agora... Algo ferido, algo quebrado.

Ela me encara com uma expressão impassível, fria como uma lâmina.

— Não temos tempo para perguntas agora, Dom. - Sua voz é baixa, mas autoritária, carregada de uma dor que ela claramente esconde. - Precisamos sair daqui antes que mais deles apareçam.

Engulo em seco e assinto. Ainda há tanto que preciso entender, mas ela está certa. Este não é o momento para discutir. Eu me aproximo dela, e juntos, saímos da sala devastada.

Os corredores do prédio estão estranhamente quietos. É como se o impacto da onda de energia tivesse se espalhado para além da sala, como um eco de destruição que deixou tudo em silêncio. Passamos rapidamente pelos corpos dos guardas caídos, pelos monitores quebrados e pelas paredes rachadas. É surreal. O poder que Mia possui é algo que nunca imaginei presenciar, ainda mais de alguém tão próximo de mim.

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