Facínora

Capítulo 20

Mia Arden - 21 anos
Abril, 2044

Rynvale, Valoria

A voz mais uma vez ressoou, mas agora em um tom de desespero e urgência que gelou meu sangue. Todos ao meu redor pararam, seus rostos expressando confusão e medo. Rynvale era normalmente uma cidade calma e organizada tirando a parte da pobreza extrema que vive e ditadura, mas agora estava à beira do caos.

Código 23! REPITO, CÓDIGO 23!

Essas palavras ecoaram novamente, penetrando a ordem cotidiana com um estrondo de pânico. Pessoas começaram a correr em direções opostas, criando uma atmosfera de caos e incerteza entre elas.

Eu encarei Dom, esperando que ele soubesse o que estava acontecendo. Seu olhar estava fixo em um ponto distante dali, mas assim que a voz se calou, ele virou-se para mim, uma expressão estranha esculpida em seu rosto.

_ Que merda foi essa? - Eu perguntei, a confusão e o medo entrelaçados na minha voz. Não fazia ideia do que estava acontecendo, e parecia que todos ao redor estavam tão perdidos quanto eu.

A cidade estava mergulhada em uma aura de desconforto, a sinistra mensagem reverberando em nossos ouvidos. Era como se o mundo estivesse prestes a desabar, e nós éramos apenas peões no tabuleiro de um jogo invisível.

E eu quero saber que jogo é esse, e infelizmente, sinto que sou uma peça importante.

_Vai para o quartel, preciso ir resolver uma coisa. - Dom falou rapidamente, a urgência em sua voz me pegando de surpresa antes que ele disparasse pela rua, como se o próprio inferno estivesse em seu encalço e logo fosse alcança-lo.

_Dom! Mais que droga! - Gritei atrás dele, mas ele não parou, não olhou para trás. Nada.

Ele estava indo na direção oposta ao nosso apartamento, o que significava que não estava preocupado com Elio. O pensamento me deixou inquieta. Dom estava indo para algum lugar específico. Ele conhecia a fonte do caos?

O caminho que ele tomou... O caminho para o esconderijo.

A resistência.

Merda!

Resoluta, decidi segui-lo. Precisava saber o que estava acontecendo, precisava entender por que ele estava tão determinado a correr para aquele lugar.

Será que ele sabia de algo?

Comecei a correr atrás dele, a adrenalina alimentando meus passos. As ruas de Rynvale estavam cheias de pânico agora. Pessoas corriam para suas casas, alarmes soavam em todas as direções. A atmosfera calma e teoricamente pacífica da cidade tinha se transformado em um cenário de filme de desastre.

Cada esquina que eu virava revelava mais caos: carros parados, alarmes disparados, pessoas se empurrando nas calçadas. O pânico era quase tangível, como uma onda de energia negativa que pairava sobre tudo.

Dom desapareceu em uma rua lateral, e eu corri atrás dele, determinada a não perdê-lo de vista. Ele tinha uma vantagem, mas eu ainda me lembrava bem essa parte da cidade, e não demorou muito para que eu o visse novamente.

Finalmente, cheguei ao esconderijo. Um prédio discreto que, à primeira vista, não tinha nada de especial e escondido onde era guardado por um homem grande e musculoso. Mas eu sabia o que se escondia por trás de suas paredes. Havia rumores sobre o lugar, histórias de encontros secretos e tecnologia de ponta. E eu já tinha estado ali para comprovar com os meus próprios olhos.

Do lado de fora, um segurança estava posicionado, a expressão fechada enquanto observava o caos se desenrolar nas ruas ao redor. Quando me aproximei, ele me encarou, avaliando se deveria me impedir de entrar.