Capítulo 2

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 Acordei no susto, com alguém passando uma pena no meu nariz.

— Atim! – espirrei.

Estava em uma maca, no que parecia um consultório médico. Cheiro de hospital, paredes brancas, luzes claras... Olhei para o lado e senti um frio na barriga. Kurt estava ali, e não parecia um sonho. Eu realmente estava ali, ele realmente estava ali. Mas como?

— O que tá pegando, gente? — perguntei.

Kurt estava em pé, ao lado da maca, lindo. Com aquelas roupas esfarrapadas e aquele cabelo loiro. O médico se levantou de trás da mesa, veio até mim.

— Diga A. — pediu.

Abri a boca e ele pressionou um palito de picolé na minha língua, olhando minha garganta. Depois botou uma luz forte nos meus olhos. E então, começou a me interrogar:

— Como está se sentindo?

— Confusa, muito confusa.

— Como eu esperava. — ele sacudiu a cabeça — Está sentindo algum incômodo?

— Não.

— Dor? Tontura? Fraqueza? Algo assim?

— Minha cabeça está doendo.

O doutor voltou para trás da mesa e sentou-se. Kurt olhou para mim com um olhar estranho. Engoli seco, e desviei o olhar. O doutor juntou as mãos em cima da mesa, então concluiu:

— Bom, pelo visto, ela está bem. Como ela caiu e provavelmente bateu a cabeça, está confusa. Talvez uma perda de memória recente, mas vai passar logo.

— Que bom. — Kurt disse, e os dois olharam para mim, me analisando.

— Escuta, onde você mora? — o médico perguntou — Tem alguém que conheça ou algum lugar que possamos te levar?

— Não conheço nada nem ninguém aqui. Não sei nem como vim parar aqui, cara.

— É, ela está mais confusa do que pensei... — o médico cruzou os braços pensando — Bom, ela não conhece ninguém aqui, não sabe onde ir, talvez seja uma turista que chegou na cidade. Deve levar um tempinho para ela se lembrar do que houve, não vai demorar muito. Dê analgésico para dor de cabeça e vai ficar tudo bem.

— Então eu tenho que tomar conta dela?

— É o certo, já que você a atropelou.

— Ok. — ele enfiou as mãos no bolso da calça e sorriu — Já tenho minha parceira para o paintball então.

— Faça como quiser, só não acerte a cabeça dela novamente.

O médico começou a mexer em uns papéis em cima da mesa. Desci da maca e fiquei de pé. Kurt me olhou, com um sorrisinho fofo, fazendo sinal para eu me aproximar dele. Hesitei um pouco, ainda meio confusa e sem saber como reagir.

— Relaxa, eu não vou te derrubar de novo. — ele riu.

Dei um sorrisinho amarelo e me aproximei dele.

— Podemos ir? — Kurt perguntou ao médico.

— Claro. Boa sorte!

— Ok, obrigado, viu?

— Não foi nada.

— Tchau. –acenei.

—Tchau, mocinha. Melhoras.

— Valeu.

Fomos até a porta. Quando já estávamos saindo por ela, o doutor disse, acenando:

— Tome mais cuidado com seu monociclo, Sr.Cobain.

In BloomOnde histórias criam vida. Descubra agora