Capítulo 5

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 Quando voltamos para casa, já era noite. Eu fui direto para o banheiro. Abri o armário e avistei um frasco de pasta de dente líquida. Era azul e tinha cheiro de eucalipto. Molhei a boca, botei umas três gotas na ponta do dedo e o usei como escova de dentes. Depois enxagüei a boca e lavei o rosto.
Sai do banheiro, desci as escadas. Parei no primeiro degrau. De frente pra mim, tinha o hall de entrada e a porta. Do meu lado esquerdo, tinha um pequeno espaço e o corredor que leva para a cozinha. Do meu lado direito havia a sala principal, e no canto um corredor. Decidi ir por ele. Esse corredor era maior que o outro. Na primeira porta do lado direito, vi uma luz pela fresta embaixo da porta. Fui até lá, era uma outra sala. Tinha uma estante encostada numa das paredes, dois sofás, a televisão ligada e um tapete grande no meio, com almofadas espalhadas.
Kurt estava deitado no sofá, de barriga pra cima e com os pés nas costas do sofá. Ele me olhou quando entrei.

— Conseguiu não se perder. — ele disse.

— Pois é.

Sentei no tapete, e abracei uma almofada. Na televisão passava um programa, com um cara ensinando a receita de um doce. Até parecia bom.

— Mad?

Olhei para ele, que continuou:

— Vem cá, senta aqui.

Ele sentou-se, dando lugar para mim. Levantei e fui me sentar ao seu lado. Ele ficou quieto um instante, passou a mão no cabelo, então olhou para mim.

— Que foi? — perguntei.

— Então, eu... — começou a dizer mas foi interrompido por um choro de bebê, vindo do corredor. Ele olhou para a porta, depois para mim e continuou — Eu queria...

— Olá! Olha só quem chegou! — Courtney apareceu na porta.

E lá estava ela, com Francis no colo fazendo birra.

— Se comporta Fran, temos visita!

Kurt se levantou e foi até elas. Pegou Frances no colo e ela pareceu feliz. Ele começou a brincar e entreter ela. Courtney veio até mim:

— Oi, e ai? Passou a tarde bem por aqui?

— Sim, muito bem.

— Que bom — ela olhou para o Kurt — Foi bom, para você tomar conta desse meninão para mim. Aliás... — ela chegou mais perto, falando baixo — Ele vomitou ou teve alguma crise emocional?

— Não, aparentemente estava bem.

— Milagre.

Ela sentou-se ao meu lado no sofá, tirando as botas.

— Então, me fala, como está o Jack?

— O Jack? Ele está como sempre, sabe? — engoli seco.

— Pois é. Desde que Thereza morreu, ele anda muito... Ah,você sabe.

— Sei.

— Mas, você está melhor, não é? Está levando as coisas numa boa?

— Sim, claro. É difícil mas, a vida continua. Não há muito o que se possa fazer.

— Exatamente — assentiu e sorriu — Fico feliz de ter você aqui. Ela era importante pra mim, e você também é.

Eu retribuí o sorriso. Nisso, Kurt veio até nós, com Frances no colo:

— Quer pegar nela?

— Está bem —me levantei — Vem cá, Frances.

Ela estava com um vestidinho vermelho, o cabelinho loiro meio bagunçado. Aquelas bochechas gordinhas, que fofura!

In BloomOnde histórias criam vida. Descubra agora