Capítulo 7

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 Já era terça-feira, uma terça-feira nublada e fria. Estávamos eu e Kurt na sala. Courtney tinha ido para algum lugar com a banda dela. Charlotte não apareceu por lá. Então, estávamos sozinhos.
A televisão estava ligada, passando um filme de comédia. Ele, deitado de bruços no sofá, e eu no outro, super interessada no filme. Era bem engraçado, sobre uma família que viaja para uma cidadezinha, para passar o Natal em um chalé, só que vai dando tudo errado para eles. Em uma cena hilária, onde o pai da família sai rolando pela montanha coberta de neve, eu ri e olhei para o Kurt. Só então vi que ele estava dormindo.

Ele é tão lindo, parecia um bebê: dócil, frágil e delicado.
E então, de repente, ouvi a campainha tocando. Kurt não acordou, parecia estar num sono pesado. Levantei e fui até ele no sofá.

— Kurt? — toquei seu rosto — Acorda!

Não queria acordá-lo, mas não podia atender quem quer que fosse, ele era o dono da casa, não eu.

— Ei, vamos, acorda! — chamei de novo.

Ele abriu os olhos pela metade, mas os fechou de novo e continuou dormindo.

– Tudo bem, eu atendo.

Fui correndo pelo corredor, até a sala principal. Cheguei no hall de entrada, rodei a chave na fechadura e abri a porta. Parada ali, estava uma moça, com duas malas e uma bolsa chique. Era loira e mal encarada. Nos encaramos por uns segundos, caladas.

— Oi. — falei.

— Oi, meu nome é Madson. Estou procurando a Courtney, ela está?

— Courtney? — engoli seco.

— Sim.

— Endereço errado.

— O quê? — disse surpresa, com sua voz grave — Não pode ser, impossível, é essa a casa dela. Isso é algum tipo de brincadeira?

— Não — me apressei em dizer — É que ela se mudou, faz pouco tempo, não ficou sabendo?

— Se mudou? — indagou, parecendo irritada.

— Sim.

— Arr! — bufou — Sabe para onde?

— Não faço ideia, lamento.

— Mas que piranha!

Arregalei os olhos.

— Você não, ela. Como ela faz uma coisa dessas? Ninguém merece!

— Você tem onde ficar?

— Eu vou voltar para casa. Aliás, eu nem queria ter vindo para essa porcaria de cidade!

Ela puxou as alças das malas, e virou-se, arrastando-as. Três passos depois, se virou para mim novamente:

— Faz um favor pra mim?

Assenti e ela continuou:

— Se encontrar com ela, manda ela ir para o quinto dos infernos.

Ela foi embora, com raiva, e eu fechei a porta. UFA! Mas que situação.
Encostei na porta, com as pernas até trêmulas, mas me senti aliviada. Ela foi embora e eu continuaria ali, me passando por ela.
Fui até a cozinha, abri a geladeira e peguei a garrafa de vodca. Servi em um copo de vidro, e sentei à mesa. Beberiquei e fiz uma careta, era horrível. Mas, tomei outro gole. Senti aquilo descendo queimando pela minha garganta. Bebi uns bons goles, e servi mais um pouco no copo. Então, fui até a sala onde Kurt estava.
Fiquei mais relaxada com a vodca, senti como se fosse capaz de fazer qualquer coisa.
Olhei para Kurt, ele estava do mesmo jeito que deixei. Parecia tão bem, tão em paz. A gente se poupa de muita dor quando dorme.

In BloomOnde histórias criam vida. Descubra agora