Quando a porta se abriu, me deparei com Dave sem camisa, usando uma calça de moletom.
— Oi. — Ele disse, surpreso.
— Oi. Será que a gente pode...
Ele ergueu a mão, me interrompendo:
— Olha, não é uma boa hora, tô no telefone com meu pai. Volta depois.
Ele se virou, com o objeto retangular preto, no lado do rosto:
— Sim, claro! É verdade... Nossa, você nem acredita no que aconteceu... Sim... Aliás, o Billy está bem?
— Dave, eu sei que não está falando com seu pai.
— O quê? – Exclamou, com a voz fina.
— Isso é um controle remoto.
— Eu apelidei o controle de pai, e tô falando com ele.
— Me dá isso aqui! – Tomei o controle da sua mão.
— Está bem, entra.
Entrei no quarto, ele fechou a porta. Sentei no divã nos pés da cama, e ele ficou de pé a uma certa distância. Ele quebrou o silêncio.
— Sobre o que aconteceu... Eu não sei, o que você quer que eu diga? Sim, me sinto meio mal de ter feito isso, por causa do Kurt e tudo mais. Mas, na realidade, vocês não têm nada sério, que eu saiba ele nunca te pediu em namoro nem oficializou nada ainda, não é? Então, foda-se, estávamos meio bêbados, nos beijamos, aconteceu.
— É, eu sei. Mas... Por que você fez isso?
Ele desviou o olhar, passou a mão no cabelo e suspirou:
— É como eu disse, estávamos meio bêbados e aconteceu. Só isso.
— Certo, entendi.
Olhei em volta, o quarto estava arrumado. Vi um pequeno caderno na mesa de cabeceira.
— Temos que conversar sobre outra coisa. — Falei, enfim.
Ele, ainda de pé, cruzou os braços e me encarou.
— Será que você pode sentar aqui, por favor? — Revirei os olhos.
Ainda relutante, ele veio e sentou-se ao meu lado no divã:
— Então, o que foi? Aconteceu alguma coisa?
— O Kurt está muito deprimido. E acho que anda pensando em... Bom, você sabe.
Ele franziu a testa, confuso:
— Pensando em que?
— Suicídio! — Sussurrei.
— O que? — Ele quase gritou.
Tapei sua boca com a mão:
— Fala baixo, tá bom?
— Mas, por que você acha que ele pensa nisso?
— Eu não sei, as coisas que ele fala, o jeito que ele anda ultimamente... Ele não está muito bem, estou preocupada.
— Reparei que ele anda estranho, mas nem passou pela minha cabeça uma coisa dessas. Vou conversar com ele, vou falar com Krist, precisamos de ajuda e...
— Não, você não pode falar com ninguém. Decidi te falar porque confio muito em você. Mas, seria uma confusão se isso se espalhasse.
— E o que a gente faz, então?
— Estou fazendo o que posso, mas não sei se é o suficiente, por isso vim te pedir aj...
— Espera... Espera um pouco... — Ele levantou e olhou para mim, completamente incrédulo, como se tivesse caído a ficha de algo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
In Bloom
FanfictionApós receber um presente de uma jovem excêntrica, a vida de Harley Madson mudou para sempre. Três caras começaram a fazer parte de sua vida, um é seu amigo, outro odeia ela, outro gosta até demais dela.