Capítulo 24

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Quando a porta se abriu, me deparei com Dave sem camisa, usando uma calça de moletom.

— Oi. — Ele disse, surpreso.

— Oi. Será que a gente pode...

Ele ergueu a mão, me interrompendo:

— Olha, não é uma boa hora, tô no telefone com meu pai. Volta depois.

Ele se virou, com o objeto retangular preto, no lado do rosto:

— Sim, claro! É verdade... Nossa, você nem acredita no que aconteceu... Sim... Aliás, o Billy está bem?

— Dave, eu sei que não está falando com seu pai.

— O quê? – Exclamou, com a voz fina.

— Isso é um controle remoto.

— Eu apelidei o controle de pai, e tô falando com ele.

— Me dá isso aqui! – Tomei o controle da sua mão.

— Está bem, entra.

Entrei no quarto, ele fechou a porta. Sentei no divã nos pés da cama, e ele ficou de pé a uma certa distância. Ele quebrou o silêncio.

— Sobre o que aconteceu... Eu não sei, o que você quer que eu diga? Sim, me sinto meio mal de ter feito isso, por causa do Kurt e tudo mais. Mas, na realidade, vocês não têm nada sério, que eu saiba ele nunca te pediu em namoro nem oficializou nada ainda, não é? Então, foda-se, estávamos meio bêbados, nos beijamos, aconteceu.

— É, eu sei. Mas... Por que você fez isso?

Ele desviou o olhar, passou a mão no cabelo e suspirou:

— É como eu disse, estávamos meio bêbados e aconteceu. Só isso.

— Certo, entendi.

Olhei em volta, o quarto estava arrumado. Vi um pequeno caderno na mesa de cabeceira.

— Temos que conversar sobre outra coisa. — Falei, enfim.

Ele, ainda de pé, cruzou os braços e me encarou.

— Será que você pode sentar aqui, por favor? — Revirei os olhos.

Ainda relutante, ele veio e sentou-se ao meu lado no divã:

— Então, o que foi? Aconteceu alguma coisa?

— O Kurt está muito deprimido. E acho que anda pensando em... Bom, você sabe.

Ele franziu a testa, confuso:

— Pensando em que?

Suicídio! — Sussurrei.

— O que? — Ele quase gritou.

Tapei sua boca com a mão:

— Fala baixo, tá bom?

— Mas, por que você acha que ele pensa nisso?

— Eu não sei, as coisas que ele fala, o jeito que ele anda ultimamente... Ele não está muito bem, estou preocupada.

— Reparei que ele anda estranho, mas nem passou pela minha cabeça uma coisa dessas. Vou conversar com ele, vou falar com Krist, precisamos de ajuda e...

— Não, você não pode falar com ninguém. Decidi te falar porque confio muito em você. Mas, seria uma confusão se isso se espalhasse.

— E o que a gente faz, então?

— Estou fazendo o que posso, mas não sei se é o suficiente, por isso vim te pedir aj...

— Espera... Espera um pouco... — Ele levantou e olhou para mim, completamente incrédulo, como se tivesse caído a ficha de algo.

In BloomOnde histórias criam vida. Descubra agora