Capítulo 15

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 Paramos em frente um lugar, parecia um bar ou lanchonete, mas estava fechado.
Kurt buzinou, esperou um tempo, então buzinou de novo. Segundos depois, um portão ao lado do bar se abriu. Saiu de lá um homem, devia ter uns quarenta anos, barba rala, forte e alto, usando uma bermuda florida, chinelos e com uma mochila velha na mão. Kurt sorriu e baixou o vidro da janela. O cara veio e entregou a mochila para ele.

— Está tudo aqui?

— Como você pediu — o homem disse, depois olhou pra mim — E aí?

— Oi — Respondi.

Kurt entregou para ele algumas notas, agradeceu, então fomos embora.
Voltamos para o Centro, mas fomos para uma parte menos movimentada.

— Então, para onde vamos agora? Praticar mais vandalismos? — Brinquei.

— Vou te levar a um lugar que quero que conheça.

Pelo jeito, estávamos chegando, ele desacelerou e foi parando o carro. Estacionou rente ao meio fio. Era uma biblioteca, parecia antiga. A fachada era azul claro, a tinta das paredes estava desbotando.
Saímos do carro e fomos até lá, tinha um jardim na frente. Do lado da biblioteca havia um portão de grades. Fomos até ele e Kurt tirou uma chave do bolso e abriu. Tinha um corredor longo ali, empoeirado, com folhas secas espalhadas pelo chão. No fim desse corredor, tinha uma porta branca de madeira, amarelada pelo tempo. Kurt pegou outra chave e a abriu. Entramos em um lote muito grande, com muros altos. E tinha uma estufa ali, ela era enorme. Nós entramos nela, e eu olhei para todas aquelas flores, boquiaberta.

— Gostou? — Kurt perguntou.

— Eu adorei, caramba, que lugar incrível.

— É, muito legal. Sente o cheiro e o silêncio.

Respirei fundo, olhando em volta.

— Advinha de quem é esse lugar? — Ele sorriu.

—Não me diga que...

— Sim, é meu. Comprei faz um tempo, mas ninguém sabe.

— Nossa, você comprou esse lugar?

— Bom, cada um faz o que quer com o dinheiro que tem. — Deu de ombros.

— Aqui é incrível, Kurt.

— Aqui é o meu cantinho secreto.

— Agora não é mais tão secreto. — Apontei pra mim.

— Você pode saber.

Ele segurou meu queixo e me deu um selinho.

— Vem cá. — Ele pegou minha mão e fomos andando entre as flores.

Vi azaleias e begônias lindas. Fomos até o fim da estufa, e entramos em um corredor, que quase podia tocar o teto transparente com a mão, de tão baixo. No fim dele, saímos numa outra estufa, só que pequena. Tinham algumas roseiras nos cantos, e um banco almofadado. Fomos até lá e sentamos. Ele colocou a mochila e a sacola com os doces no chão, perto do seu pé.

— Aqui é muito legal, não é? — Ele comentou.

— Muito.

— Sabia que ia gostar — Ele olhou em volta, pensativo.

Então, me olhou, de um jeito estranho, como se soubesse de algum segredo meu.

— No que está pensando, Mad?

— Posso te pedir uma coisa?

— O que quiser.

Me levantei e tirei do bolso meu MP3. Desenrolei o fone e coloquei um no ouvido. Liguei, fui adiantando até a música que eu queria, então apertei stop.

In BloomOnde histórias criam vida. Descubra agora