Capítulo 27

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Fomos nos equilibrando pelo corredor, enquanto o ônibus andava. Nos sentamos mais no meio, no lado direito. Kurt ficou na janela e eu no corredor.
Fiquei feliz por estar o ajudando, porém, eu não fazia ideia para onde estávamos indo.

— Tom e Allan vão ficar irados. — Falei.

— Ah se vão.

Segurei sua mão, e fiquei olhando pela janela.
O ônibus passou por um tipo de buraco e deu um solavanco, se eu não tivesse me segurado depressa teria quebrado o nariz na poltrona à minha frente.
Reparei que havia um mapa da rota do ônibus no outro lado do corredor. Abri um sorriso e cutuquei o braço do Kurt.

— Vamos ao Coliseu!

— Sério?

— Sim, olha a rota do ônibus. — Apontei.

— Que ótimo, foi muita sorte.

Ficamos rodando pela cidade por quase trinta minutos, até que chegamos ao Coliseu. Era incrível, era tão bonito, eu fiquei meio sem reação, sem acreditar que eu realmente estava ali.
Estava cheio de turistas, eles estavam como urubus na carniça.

— Você quer tentar entrar? — Kurt perguntou — Está lotado.

— É, tem muita gente... Vamos ficar aqui fora mesmo, talvez mais tarde a gente entre.

Avistamos um gramado extenso, a alguns metros dali. Fomos para lá e nos sentamos embaixo de uma árvore. Ele abriu a mochila, tirou de lá uma garrafa de champanhe.

— Onde conseguiu isso, Kurt?

— Eu ganhei lá no hotel.

— Quem te deu?

— Um cara no saguão, acho que era turco, não sei — deu de ombros — Mas ele disse que eu devia experimentar, então...

— E você vai beber uma bebida que você ganhou, de um cara desconhecido, em um saguão de hotel?

— Só se vive uma vez, Mad. — Ele sorriu, então, posicionou o polegar embaixo da tampa.

Ouvimos um estouro quando a tampa voou para longe. Ele pegou dois copos descartáveis na mochila, serviu, e brindamos.

— Uau — falei, depois de dar o primeiro gole — Bem, esse turco sabe das coisas.

— Não é?

— Às vezes, vale a pena arriscar.

Ele assentiu, tomando mais do champanhe. Então, olhou para mim, depois para frente. Pensei em uma coisa, então soltei:

— Se você tivesse que escolher entre morrer amanhã ou viver para sempre, o que escolheria?

— Se todos os dias fossem como esse, eu escolheria viver para sempre.

Não consegui conter um sorrisinho. Ele passou a mão no meu cabelo, olhando em meus olhos, com um sorriso brotando em seus lábios:

— Eu estou bem, estou feliz, aqui com você. Eu não conseguiria desejar algo melhor que isso, de verdade.

Eu respirei fundo, nunca havia sentido o ar tão puro, nunca havia sentido uma sensação como aquela. Fiquei tão feliz ao ouvir aquilo, meus pulmões se encheram de ar, meu coração se encheu de vida.
Segurei sua mão e ficamos ali tomando champanhe, admirando o Coliseu.

*

Nós demos uma volta pelas redondezas, depois procuramos um ônibus para voltar. Por sorte, achamos um. Chegamos no hotel quase cinco da tarde, Allan deu uma bronca na gente, ficou falando por quase vinte minutos. Por fim, acabaram levando Kurt para fazer o que tinha de fazer, e eu fiquei no hotel. Só quando subi e entrei no quarto, percebi que tinha passeado por Roma usando moletom, chinelos e uma blusa velha.

In BloomOnde histórias criam vida. Descubra agora