Capítulo 16

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Chegamos em casa quase oito da noite. Eu fui direto tomar um banho quente, depois vesti um vestidinho preto confortável e um casaco de moletom por cima.
Quando desci, encontrei Kurt na sala principal, de pernas cruzadas no sofá, tomando algo em uma xícara de porcelana. Sentei ao seu lado.

— Como você está? — Perguntei.

— Bem, estou ótimo, na verdade.

— Maravilha.

Ele levou a xícara até minha boca, eu, sem saber o que era aquilo, bebi um gole.

— Delícia, leite com mel?

— Sim — assentiu, e tomou o resto — Eu vou tomar um banho, e já desço, está bem?

— Ok, vai lá.

Ele deixou a xícara na mesinha, e subiu as escadas.
Uma ideia acendeu como lâmpada na minha cabeça: o bloco de notas!
Corri até a mesinha ao lado do sofá e abri a gaveta. Lá estava ele. Peguei depressa e abri. Sentei no canto do sofá, onde a luz do abajur iluminava. Respirei fundo e comecei a ler. As primeiras folhas estavam em branco. Mais para o meio encontrei uma folha escrita. Parei e comecei a ler aquela letra torta:

"É meio estranho, mas bom do mesmo jeito. Ela é surpreendente. Ela me dá uma sensação como um djavu..."

Na folha seguinte estava escrito HARLEY, em letras maiúsculas. Meu rosto corou.
Na próxima folha tinha mais alguma coisa escrito:

Dela de novo. Ela me deixa tão calmo e tranquilo, ela me excita sem me tocar.

A próxima folha estava escrito apenas: O cabelo dela fica bonito de qualquer jeito.
Fechei o bloco de notas. Aquilo era sobre mim e sobre como ele se sentia. Me senti confusa. Joguei o bloco de notas na gaveta e fiquei de pé. Respirei fundo e dei um tapa no meu rosto.

— Ai!

É, eu não estava sonhando.
Fui até a cozinha, bebi um pouco de água gelada. Meu rosto estava quente e provavelmente vermelho. Molhei as mãos na pia e passei sobre as bochechas.
De repente, meu coração deu um pulo quando Kurt apareceu na porta:

— Voltei.

Ele estava usando a mesma blusa de frio azul e uma calça de dormir. Veio até mim e se encostou na pia, de braços cruzados:

— Por que está molhando o rosto?

— Eu senti calor.

— Então, tira a blusa de frio.

— É, claro. — Assenti.

Eu fiquei quieta, mas ele continuou me encarando, então tirei o casaco de moletom.

— Tá cansada?

— Um pouco, e você?

— Também, tô a fim de dormir, você quer fazer alguma coisa?

— Não, vamos dormir — então me apressei em dizer — Quer dizer, não juntos. Sei lá.

Olhei para algum canto da cozinha, totalmente sem graça.

— Bom, você pode dormir junto comigo, se quiser. — Ele disse, me puxando pela cintura — Mas, só se você quiser.

O abracei sobre os ombros, e ele me encarou, na expectativa:

— Você quer?

— Quero.

Ele sorriu e me deu um selinho:

In BloomOnde histórias criam vida. Descubra agora