Após receber um presente de uma jovem excêntrica, a vida de Harley Madson mudou para sempre. Três caras começaram a fazer parte de sua vida, um é seu amigo, outro odeia ela, outro gosta até demais dela.
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Acordei com uma dor de cabeça terrível. Estava deitada numa cama de casal, provavelmente no quarto do Ramon. Olhei para o frasco de soro pendurado em um prego na parede, e vi que já tinha acabado. Sentei na cama, tomei 20 segundos de coragem e retirei o acesso venoso, com muito cuidado. Levantei da cama, usando aquela camisa masculina enorme. Me sentia quebrada e nauseada. Fui ao banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto e penteei o cabelo, para tentar parecer menos pior.
A casa estava silenciosa, fui pé ante pé até a cozinha, e Ramon estava ali mexendo no armário.
— Ei, você acordou, como se sente? — Ele perguntou quando me viu parada atrás da bancada.
— Minha cabeça está explodindo.
— Tome uma aspirina depois do café da manhã.
Ele tirou do armário uma caixa de cereal Snow flakes, da caixa azul.
— Eu gosto muito desse. — Comentei.
— Eu sei.
Então, ele abriu a geladeira e pegou uma garrafa de iogurte Manny's de morango.
— Eu também gosto desse iogurte.
Ele sorriu, presunçoso, e tirou da geladeira uma tigela com melão em cubos, botou na bancada e polvilhou aveia em cima.
— Eu...
— Eu sei, também gosta disso. O Dave voltou da casa do Kurt com uma lista de tudo que você gosta.
— Nossa.
— É, parece que o objetivo de vida dele é agradar você.
— E cadê ele?
— Dormindo.
Então, me dei conta de algo:
— Ei, eu dormi no seu quarto?
— Sim, não lembra o que aconteceu?
— Bom... Vagamente, eu lembro que passei muito mal, vomitei até a alma e fiquei tomando soro na veia.
Ele pressionou os lábios, reprimindo uma risadinha.
— O quê, o que foi? O que aconteceu?
— Ah, nada demais, eu acho. Você e meu primo se pegaram gostoso ontem. A sua cama quebrou e deixamos você no meu quarto. Foi isso.
Eu senti como se estivesse caindo de um prédio. O meu sangue gelou, minha pressão deve ter caído, porque de repente minhas pernas ficaram fracas e eu me apoiei na bancada.
— Ei, tá tudo bem? — Ele se aproximou.
— Ai meu Deus... — Arfei, vendo toda a noite anterior passar na minha mente como um filme — Eu fiz isso... Puta merda.
