"Eu me odeio tanto"

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Esse capítulo pode causar gatilhos envolvendo crises de ansiedade e automutilação.

Alex pov

Eu estava em casa tentando falar com a Lívia, por algum motivo ela não respondia minhas mensagens, mas ela não era de demorar para responder, então eu estava estranhando.

Eu mandava mensagem para ela sem parar perguntando se estava tudo bem, mas nada. Tinha acontecido algo com ela? Eu tinha feito algo errado hoje? Ela ficou desconfortável com o que nós fizemos e não quis me falar?

Todas essas perguntas rodavam em minha mente, mas sem resposta. Depois de um tempo ouvi uma notificação de mensagem no meu celular e abri correndo, era uma mensagem dela, a pior mensagem que ela poderia ter me mandado "me deixe em paz".

O que estava acontecendo? Por que ela não queria falar comigo? O que eu tinha feito de errado? Bom, eu não sei, mas com certeza fiz algo errado, porque ela parecia muito irritada comigo.

Alex: Idiota, idiota, idiota - eu falava enquanto batia na minha cabeça repetidas vezes.

O que eu tinha feito? Ela não gostava mais de mim? Ela nunca gostou de mim e acabou percebendo depois de hoje? Por que isso estava acontecendo de novo? Por que todo mundo simplesmente desiste de mim e vai embora sem nenhum aviso prévio?

Eu me sentia um garotinho outra vez, um garotinho sem mãe que chorava toda noite esperando o papai voltar do trabalho, mas ele não voltava, ele nunca voltava, todo esse tempo eu me culpei pela ausência dele, acreditei que talvez eu fosse um filho ruim. Agora eu tenho certeza que a culpa é minha, eu sou uma pessoa ruim, porque agora a Lívia também está indo embora.

Eu estava sentindo falta de ar, uma falta de ar insuportável que fazia meu peito arder, eu tentava e tentava puxar o ar, mas ele não vinha, eu sentia que ia desmaiar a qualquer momento.

Eu estava sentado no chão do meu quarto e sequer tinha forças para levantar e ir até o banheiro buscar meus remédios.

Alex: Eu me odeio tanto - eu falei baixo chorando abraçado com os meus próprios joelhos.

Eu precisava de alguma coisa para me distrair de toda essa dor, e só tinha uma coisa capaz de fazer isso, minhas lâminas, mas eu não estava com elas, e não conseguia pegá-las agora, então pensei no meio mais fácil e rápido de me fazer sentir dor.

Eu estava sentado encostado em uma das paredes do meu quarto, então fiz um movimento brusco e bati a parte de trás da minha cabeça na parede sentindo uma dor enorme, e o sangue quente escorrer de minha nuca, então eu fiz isso outra vez, e outra, e outra, fiz isso tantas vezes que até perdi as contas, parei apenas quando senti minha visão ficar embaçada.

A dor na minha cabeça era lancinante, mas nada pior do que a dor em meu peito em saber que eu tinha perdido a mulher da minha vida sem nem entender o motivo de tudo isso, nada pior do que a dor de saber que eu sou um caos tão grande que ninguém consegue ficar por muito tempo.

Eu deitei no chão do meu quarto, ainda abraçado em meus joelhos, eu estava chorando muito, odiava essa sensação, essa sensação de me sentir um lixo, de sentir que ninguém nunca na minha vida vai se importar o suficiente para ficar comigo, mas porquê eu estava surpreso? Se nem o meu pai ficou depois que minha mãe morreu, porquê outra pessoa ficaria.

Eu fiquei deitado por um longo tempo, não conseguia parar de chorar, nem de tremer, não conseguia respirar e muito menos levantar do chão.

De repente eu ouvi o som da minha porta se abrindo, mas eu não tinha a visão dela, então não conseguia ver quem tinha entrado até a pessoa se aproximar de mim.

Imprevisto - LilexOnde histórias criam vida. Descubra agora