O Teste

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Hanna

Uma semana.Temos, provavelmente, uma semana de vida.Aproveitá-la seria uma boa ideia, mas Erik e eu não sabemos o que fazer.Não podemos usar nossos poderes já que o sistema de segurança foi instalado novamente.As duas últimas semanas também não foram legais.Demorou um pouco até convencer Erik de conversar com John.Ele é realmente o nosso único ponto de esperança e eu detesto admitir isso.

Numa sexta-feira, no intervalo, Erik se encontrou com John em um dos milhares de corredores da escola e remontamos o trato.Foi resolvido que iremos nos rebelar caso não passarmos no teste.O que é muito provável.John também concordou que, antes de tomar qualquer decisão, irá nos consultar.Pelo menos temos um fio de esperança nisso tudo.

Então chegou a outra semana e o sistema voltou.Não usamos nossos poderes por muito tempo e ainda continuamos sem usá-los.Realmente está sendo difícil porque eu já estava me acostumando com eles.Agora essa semana também está um tédio.Padma está evitando Erik e não está conversando tanto comigo como antes.Passamos de amigas para colegas.Eu vi Jimmy um dia desses.Eu estava pegando minhas coisas no meu armário quando nossos olhos se cruzaram.Ele estava de frente ao seu armário a dez metros de mim.Não mudou nada.Mesmo cabelo, mesmas roupas.Porém me olhou com rancor e simplesmente tomou seu caminho de volta.Se ele me odeia eu não sei e provavelmente nem saberei.

Hoje é a mesma coisa.Levantamos, tomamos café vamos para a escola de ônibus.A mania de olhar em volta para se certificar que não tem nenhum drone por perto ainda não passou.Eu confesso que estou incomodada até mesmo para ler meus livros sabendo que alguém na Área Restrita está controlando um drone para ler junto comigo.Por incrível que pareça, uma menina com sua agilidade atingiu um drone sem querer e ficou desesperada quando sentiu o impacto na sua perna pensando ser algum bicho.

A rotina diária já estava bastante chata.Então, finalmente, chegou sábado.Vamos para a praça e ficamos lá.Comendo, conversando, rindo.Provavelmente nosso último fim de semana juntos.Não consigo evitar de abraçar meu pai e minha mãe da mesma forma que eu fazia quando eu era criança.Me afastou e deito olhando para o teto de vidro.Posso ver as milhões e milhões de estrelas que se espalha nele.Incrível.

Domingo.O dia mundial do tédio finalmente ficou legal pelo menos uma vez na história.Minha mãe fez um banquete maravilhoso enquanto passava o jogo de beisebol.Eu larguei os livros e assisti com eles.Eu definitivamente gostei de torcer com meu pai e com Erik.Almoçamos enquanto discutimos sobre o placar do próximo jogo do Galaxy, o time que torcemos.Depois nós jogamos O Jogo da Vida na mesa holográfica, o que foi perfeito porque eu ganhei.Passeamos pelo bairro enquanto Finn nos acompanhava cantando músicas clássicas com sua voz horrível, o que nos fez rir e também irritou os vizinhos.Um domingo perfeito.

Quando vou subir a escada para ir dormir, meu pai fala.

-Você devia ir dormir com esse sorriso sempre, querida.

E eu realmente estou sorrindo.Uau, eu to sorrindo.Palmas para mim.

-Boa noite, filha.-meus pais falam juntos.

-Boa noite.-respondo e subo as escadas.

Quando vou entrar no meu quarto, percebo Erik me fitando no final do corredor de frente a porta do banheiro.Tenho o impulso de correr e abraçá-lo.

-Boa noite, nerd.-ele brinca.

-Boa noite, cabeça oca.-respondo e o solto.

Esse abraço foi muito mais que um boa noite.Foi uma despedida de uma vida normal.Isso tudo pode parecer exagerado mas infelizmente é a realidade.Nós não vamos passar pelo teste, a menos que tenhamos sorte, muita sorte.Vamos nos rebelaram caso for necessário, que será o sinônimo de querer morrer.Então, se analisarmos bem a situação, não é exagero.

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