2006

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22 de Fevereiro de 2006,
Tokyo, Yokohama

Estou no local marcado pela Tenjiku, aguardando ansiosamente pelo conflito entre ela e a Toman, sentado ao lado do meu irmão Rindou. O ambiente está tenso, o ar pesado com a expectativa da batalha iminente. Todos ao nosso redor estão em alerta máximo, prontos para qualquer sinal de movimento.

Olho para Rindou, que mantém uma expressão séria, mas conheço meu irmão bem o suficiente para perceber o leve tremor em suas mãos. Ele está nervoso, assim como eu.

A notícia de que a Toman está a caminho se espalhou rapidamente, e agora, cada segundo parece uma eternidade. Tento focar no som dos nossos aliados ao redor, nas conversas baixas e nos passos inquietos, mas minha mente continua voltando para o confronto que está por vir.

— Está preparado, Rindou? — pergunto, quebrando o silêncio entre nós.

Ele me olha e dá um meio sorriso, aquele típico dele, meio sarcástico, meio encorajador.

— Sempre estou, Ran. E você?

Faço que sim com a cabeça, embora a verdade seja que a ansiedade está me corroendo por dentro. Este confronto com a Toman é mais do que uma simples briga de gangues. É uma luta pelo controle, pelo poder, pelo nosso futuro. E a incerteza do que está por vir me deixa inquieto.

A noite está fria, e o vento gélido não ajuda a acalmar meus nervos. Aperto o punho, sentindo a adrenalina começar a tomar conta. Tento me lembrar de todas as batalhas anteriores, de como conseguimos superar nossos inimigos mesmo nas piores situações. Isso deveria me dar confiança, mas a sombra da Toman é grande, e hoje eles vêm com força total.

— Só precisamos lembrar por que estamos aqui. — digo, mais para mim mesmo do que para Rindou. — Lutar pelo que é nosso, por nossa honra.

Rindou assente, seu olhar firme.

— E mostrar a eles que a Tenjiku não vai cair facilmente.

Ouço o som distante de motos se aproximando, o rugido dos motores ecoando pela noite. Todos ficam imóveis por um momento, cada músculo tenso. Olho para frente, sabendo que eles estão quase aqui. Respiro fundo, tentando acalmar meu coração acelerado.

— Vamos fazer isso, Ran. — Rindou diz, sua voz baixa mas decidida.

Dou um último olhar para meu irmão, e então me levanto, pronto para enfrentar o que está por vir. A Toman pode estar chegando com tudo, mas estamos aqui para mostrar que a Tenjiku não se curva diante de ninguém. O confronto está prestes a começar, e estou determinado a lutar até o fim, ao lado do meu irmão.

— Esses trombadinhas de moleques que andam de moto se acham os fodões. — resmunga Mochizuki.

— Você também se acha muito também, Mochi. — respondo com um sorriso no rosto.

— Falou o exibido que mete a tijolada nas pessoas mesmo sabendo que não era para fazer isso. — retruca furioso. — E ainda por cima usa luvas para não sujar as "mãozinhas".

— Se vocês gostam de brigar e carregar DNA dos inimigos de vocês, isso é problema seu meu bem. — abro um sorriso e arrumo o meu cabelo. — Eu não quero sujar minhas mãos com uns merdinhas desses.

— Boiola.

— Cala a porra da boca. Quem você pensa que é para falar assim do meu irmão? — resmunga Rindou e encara Mochizuki.

— Ui o neném do Haitani resolveu defender o irmão?

— É claro seu porra. Ele é o meu irmão. E não quero que você fale com ele assim.

— Tá bom não tá mais aqui quem falou.

— Vamos parar com essa conversa de mariquinha e ir logo para a luta? Eles chegaram. — responde Kokonoi.

— O Koko está todo nervosinho só porque se afastou do seu namoradinho.

— Vai pra porra!

Kokonoi se afasta e eu encaro Rindou e Mochizuki. Não sei de Koko e Inui tem alguma coisa, mas de fato ele ficou bem bravo por se afastar dele. Isso tá estampado na cara dele.

Eu decido esticar um pouco os braços, tentando aliviar a tensão que se acumula nos meus ombros. Olho para o lado e vejo Rindou se alongando também, mas o que vejo me faz parar e soltar uma risada alta.

Rindou está ali, abrindo um espacate completo. Sim, você leu certo. Meu irmão, o temido e sério Rindou, está literalmente com as pernas completamente esticadas no chão como se fosse uma ginasta profissional. Tento segurar o riso, mas falho miseravelmente.

— Ei, Rindou, o que diabos você tá fazendo? Tentando entrar para o Cirque du Soleil? — falo, rindo tanto que tenho que me segurar em um contêiner para não cair.

Rindou levanta a cabeça, me olhando com um ar de superioridade misturado com uma pontada de desconforto.

— Isso é alongamento, Ran. Coisa que você deveria fazer em vez de ficar rindo feito um idiota. Vai me agradecer depois, quando não tiver com cãibra no meio da luta.

Eu tento controlar minha risada, mas é impossível. A imagem do meu irmão, normalmente tão duro e impassível, ali no chão em um espacate perfeito, é simplesmente demais.

— Cara, você parece um boneco de teste de flexibilidade ou algo assim. Será que o pessoal da Toman vai se impressionar com sua técnica de yoga avançada? — brinco.

Rindou revira os olhos, mas um pequeno sorriso escapa.

— Pelo menos eu vou estar pronto para dar chutes altos, enquanto você vai estar com a coluna toda travada.

— Ah, claro, porque o segredo para derrotar a Toman é impressioná-los com nossa incrível flexibilidade. — respondo, tentando imitar seu espacate, mas falhando miseravelmente e quase caindo de cara no chão. Isso só faz Rindou rir mais ainda, e de repente, a tensão no ar parece um pouco mais leve.

— Vai com calma aí, Ran. Não queremos que você se machuque antes da luta começar. — diz Rindou, finalmente se levantando e batendo a poeira das calças.

— Tá bom, tá bom. — digo, ainda rindo. — Mas sério, se você começar a fazer piruetas no meio da luta, eu não vou conseguir segurar o riso.

A verdade é que, por mais estranha que a situação seja, esse momento de humor nos ajuda a relaxar um pouco antes da tempestade. A Toman está a caminho, e em breve estaremos lutando com tudo o que temos. Mas pelo menos, por agora, conseguimos rir um pouco e esquecer, mesmo que por um instante, a seriedade da situação.

— Vamos lá, irmão. Vamos mostrar para eles que, alongados ou não, a Tenjiku é uma força a ser respeitada. — digo, oferecendo um punho fechado para Rindou, que bate de volta com um sorriso.

— Com certeza, Ran. Com certeza. — ele diz e guarda o seu óculos no bolso interno do uniforme.

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