Liberdade

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Rindou está sentado na cama, com os olhos fechados enquanto tenta meditar ou, pelo menos, encontrar um pouco de paz, enquanto eu refaço as minhas tranças.

De repente, a porta da cela se abre com um rangido metálico, e dois guardas entram.

— Vocês dois, estão livres. — diz um dos guardas, com um tom monótono que não deixa espaço para dúvidas.

Rindou e eu trocamos um olhar confuso. Livres? Isso é muito estranho. Não temos tempo para perguntar nada antes que os guardas se afastem, deixando a porta aberta.

— Vamos. — digo a Rindou, tentando ignorar a sensação de que algo não está certo. Ele se levanta, ainda com uma expressão de desconfiança, mas me segue para fora da cela.

Caminhamos pelo corredor estreito da delegacia, passando por várias outras celas até chegarmos à saída. A luz do sol nos cega momentaneamente quando passamos pela porta da frente. Assim que nossos olhos se ajustam, vemos alguém que não esperávamos encontrar.

Kokonoi está encostado em um carro preto brilhante, com um sorriso satisfeito no rosto. Ele é o cara que sabe fazer dinheiro como ninguém, sempre com uma solução na manga. Ele nos vê e acena casualmente, como se não fosse nada demais.

— Koko. — chamo, me aproximando dele. — O que está acontecendo? Por que estamos livres?

Rindou, ao meu lado, parece igualmente confuso. Kokonoi dá um passo à frente, ajeitando o uniforme da Tenjiku com um gesto despreocupado.

— Dei meu jeito, como sempre. — diz ele com um sorriso presunçoso. — Paguei a fiança para vocês e, de quebra, subornei os policiais para não perseguirem nós novamente. Considerem isso um favor.

Eu e Rindou trocamos um olhar novamente, desta vez de alívio misturado com admiração. Kokonoi sempre foi bom em manipular situações a seu favor, mas isso... isso é algo mais.

— Obrigado, Koko. — digo, sinceramente grato. — Não sei o que faríamos sem você.

Rindou assente, finalmente deixando escapar um suspiro de alívio.

— É, parece que você nos salvou de uma encrenca ainda maior.

Kokonoi dá de ombros, como se não fosse nada demais.

— Só estou fazendo o que faço de melhor.

Kokonoi volta para dentro do carro, porém antes de ir embora, ele abaixa o vidro e diz:

— Querem carona até a a casa de vocês?

— Aceitamos.

Assim que aceitamos a carona, entramos no carro do Kokonoi, um veículo preto brilhante que praticamente grita "luxo". Eu me acomodo no banco de trás, e Rindou entra logo atrás de mim, fechando a porta com um clique suave. É então que notamos uma presença inesperada no banco do passageiro ao lado do motorista.

Inui está sentado ali, olhando para nós com uma expressão calma e reservada. Antes que eu possa dizer qualquer coisa, Kokonoi se inclina e deposita um beijo rápido, mas cheio de afeto, nos lábios do Inui.

Eu e Rindou trocamos um olhar surpreso. Bem, isso explica muita coisa.

Kokonoi começa a dirigir, e o silêncio no carro é quebrado apenas pelo som suave do motor. Tento processar o que acabei de ver. Já havia rumores, mas agora está comprovado: Kokonoi e Inui estão namorando. Além do beijo, ambos usam a mesma aliança no dedo.

Olho para Rindou e vejo que ele está igualmente intrigado. Ele ergue uma sobrancelha, como se perguntando silenciosamente se eu sabia disso. Eu dou de ombros ligeiramente, indicando que estou tão surpreso quanto ele.

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