Provocações

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Na lanchonete no centro de Tokyo, converso com meu irmão sobre a divisão da nossa gangue. É uma discussão séria, cheia de estratégias e planos, mas de repente, Angry solta algo que me pega de surpresa.

— Eu não suporto o Rindou Haitani. — ele diz, cruzando os braços e franzindo a testa.

Levanto uma sobrancelha, curioso.

— Por que não, Angry?

— Depois da batalha com a Tenjiku, ele continua me provocando. — Angry responde com uma irritação evidente na sua voz. — Dois meses se passaram e ele ainda faz careta quando me vê ou me chama de bebê chorão.

Tento conter o riso, mas é difícil. A ideia do Angry odiar Rindou mais ainda se soubesse que ele é meu "cunhado" é hilária. Dou uma risada curta, não conseguindo evitar.

— Talvez você deva dar uma chance para ele, tentar se entender. — sugiro, tentando soar conciliador. — Às vezes, ele só pode estar fazendo isso para chamar atenção.

Angry balança a cabeça vigorosamente, sua expressão firme.

— Não, Smiley. Eu nunca vou me dar bem com o Rindou. Odeio aquele cara. Ele e o irmão dele, aquele exibido.

Sorrio, mas não insisto mais. Conheço meu irmão o suficiente para saber quando ele está decidido. Mesmo assim, a ideia do Rindou e Angry se provocando constantemente é quase cômica. Por enquanto, manterei esse pequeno segredo sobre meu relacionamento com Ran.

Continuamos nossa conversa sobre a gangue, mas não consigo deixar de pensar na dinâmica complicada e divertida entre Angry e Rindou. A vida nunca é simples, mas esses momentos a tornam muito mais interessante.

— Por onde você andou ontem já que eu não estava em casa? — ele pergunta enquanto coloca mais ketchup no seu lanche.

Abro um sorriso ainda mais largo ao lembrar o que eu, Nahoya Kawata, passei a tarde toda fazendo longe da presença do Angry... a imagem do Ran encima de mim estampa a minha mente instantaneamente, e ao me lembrar dizendo meu nome enquanto eu simplesmente judiava do seu interior me faz sorrir.

— Smiley? Ei? SMILEY!

— Foi mal. É que eu me lembrei de uma cena engraçada de um filme que eu estava assistindo ontem. — falo e bebo um pouco da minha bebida. — Bom, eu passei o dia todo em casa mesmo. Assistindo TV. Fiquei de bobeira o dia todo. Sacou?

— Saquei.

Angry volta a conversa séria sobre a Toman, mas não consigo evitar de sorrir, como de costume. De repente, a porta da lanchonete se abre e vejo Ran e Rindou entrando.

Observo Ran caminhando. Ele parece simplesmente desfilar, cada passo que ele dá é perfeito. Seu cabelo solto se movimenta com graça, acompanhando cada passo seu. O rosto dele se ilumina e se destaca sob a luz de LED do local, tornando sua entrada ainda mais impressionante.

Ran percebe que estou olhando para ele. Ele olha de volta e sorri, aquele sorriso que me faz sorrir ainda mais. Há uma conexão silenciosa entre nós, uma faísca que só nós entendemos.

Angry, percebendo minha distração, franze a testa e olha para trás. Quando vê Ran e Rindou, revira os olhos e solta um suspiro exasperado.

— Não é possível que até na lanchonete a gente não tenha sossego com essa duplinha deplorável. — ele murmura, irritado.

Dou uma risada curta, tentando manter a situação leve.

— Relaxa, Angry. Eles só vieram comer, como a gente.

Mas sei que para Angry, a presença do Rindou é mais que uma simples coincidência. Ele sempre teve problemas com Rindou, e vê-lo aqui só piora as coisas. Tento ignorar a tensão, concentrando em Ran, que agora está pegando um lugar para sentar.

Enquanto Ran e Rindou se acomodam, volto minha atenção para Angry, tentando retomar nossa conversa. Mas a presença do Ran continua a iluminar meu dia, como sempre.

— Se eu pudesse, eu mandava esses dois "simpáticos de Roppongi" para sete além. — diz Angry.

— Calma Angry, eles não estão fazendo nada para nós dois. Não precisa ficar bravo, hm?

— Mesmo assim. Só a presença desses dois me irrita.

— Já pensou se você tivesse que aguentar eles como parte da sua família?

Angry se engasga com o seu lanche e só se desengasga após beber um pouco do seu suco. Ele demora para se recompor, mas assim que volta ao normal me encara com um olhar julgador.

— Tá louco? Pancou de vez? — ele diz e me encara sério. — Que Deus me proteja de ter esses porra como parte da minha família. Por que está me dizendo isso?

— Ah só estou dizendo isso para te provocar, algodãozinho. — falo e dou um tapinha em seu ombro. — Mas olha, o Ran ele pode até ser o nosso inimigo, mas ele é bonito não é? Eu super pegaria ele.

Angry me olha com ainda mais ódio e bate a mão na mesa, o que me deixa muito surpreso.

— Se algum dia você cogitar a ideia de pegar ele, eu vou embora de casa. E eu não tô falando brincando.

— Ué por que?

— Ele é o nosso inimigo Nahoya! A porra do nosso inimigo! Imagina se você sei lá, namorasse com ele e eu tivesse que todo dia ver esse porra na nossa casa? E pior, ter que conviver com o irmão dele?

— Tudo pode ter um novo começo ué. De repente eles não são tão filhos da puta assim.

— Nahoya, não quero saber. Se você quiser pegar o Ran, você pega, mas me avisa antes para mim sair de casa e procurar outro lugar para morar. Por que eu não suportarei a ideia de ver vocês trocando "carinho" e beijos na minha frente.

— É só você pegar o Rindou ué, aí fica parzinho.

Observo a mandíbula do Angry se contrair com o meu comentário. Ele me encara ainda mais sério do que antes e depois aponta o dedo na minha cara.

— Prefiro morrer do que ter que pegar aquele porra chamado Rindou Haitani.

— Cuidado hein, ódio demais pode ser amor.

— Tá me estranhando?! — ele diz ainda mais bravo e eu abro um sorriso ainda maior. — Tá achando que eu sou gay? Tá achando que eu tenho parafusos a menos para pegar aquele loirinho?

— Ui ui ui, chamou ele de "loirinhol". Lá ele.

— Vai a merda Nahoya.

Angry se levanta da mesa frustrado, enquanto eu abro um sorriso brincalhão. Olho para a mesa da frente e vejo Ran se segurando para não rir. Ele escutou toda a conversa, e provavelmente Rindou também pois ele também não para de rir.

É, Angry realmente odeia o Rindou com todas as suas forças, mas acho que uma hora ou outra ele vai ter que "aprender" a gostar, afinal eu namoro ao irmão mais velho dele. E se eu quero manter um relacionamento sério e firme, ambos os lados precisam de dar bem... mesmo que isso demore.

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