É madrugada quando sou despertado pelo som do vento forte batendo contra a janela. Abro os olhos sonolentos e me viro para olhar ao meu lado. Ran está lá, dormindo profundamente, com seu cabelo espalhado suavemente sobre o rosto.
Um sorriso involuntário escapa dos meus lábios ao vê-lo tão sereno. Decido me virar de lado, cuidadosamente me aproximando dele para abraçá-lo de conchinha. Ran se mexe um pouco ao sentir meu movimento, murmurando algo em resposta, ainda meio adormecido, antes de se acalmar novamente.
Deixo um beijo leve em suas costas e sorrio, grato pelo calor do seu corpo contra o meu nesta noite ventosa. Me aconchego mais perto dele, me deixando levar pelo conforto da sua presença enquanto o vento lá fora continua sua dança noturna.
De repente, me lembro como se fosse ontem da primeira vez que dormimos juntos. Era uma noite ventosa, o som das folhas sendo agitadas lá fora ecoava suavemente no quarto. Ran ainda tinha o cabelo totalmente loiro na época, antes da mudança para o bicolor que ele adotou depois, como ele é atualmente.
Ele estava usando uma camiseta preta de caveira e shorts cinza, confortáveis para dormir. Eu o observei por um momento enquanto ele se ajeitava na cama, com os cabelos dourados espalhados sobre o travesseiro. Seu rosto tranquilo à luz fraca do abajur era uma visão de paz que eu não queria interromper.
Nosso primeiro abraço naquela noite foi tímido, ambos conscientes do momento especial que estávamos compartilhando. Sentir seu calor ao meu lado, seus braços me envolvendo suavemente, era como se finalmente encontrasse o lugar onde eu pertencia.
Enquanto o vento lá fora continuava sua serenata noturna, eu sabia que ali, naquele instante, começava uma jornada de amor e companheirismo que nos uniria ainda mais ao longo dos anos. Mesmo depois de termos terminado.
Minha mente volta o presente e meus olhos vagueiam pelo quarto até o criado mudo ao lado da cama. Ali tem um porta-retrato muito fofo. É uma foto antiga do Ran e Rindou, ambos com cabelo loiro brilhante. É como se o tempo tivesse parado naquele momento de pura inocência e alegria.
Ao lado, uma foto mais recente captura Ran com seu cabelo bicolor, uma obra-prima que reflete sua personalidade única. Rindou, por sua vez, exibe seu cabelo loiro com mechas azuis, uma expressão de sua própria individualidade emergente. E ali também estamos nós dois, eu e Ran, juntos e felizes, em outra foto que registra um instante de amor e cumplicidade.
Um sorriso espontâneo se espalha pelo meu rosto enquanto observo essas imagens que contam nossa história. Ran sempre valorizou nossa família acima de tudo, e é isso que o torna tão especial e acolhedor, assim como o nosso relacionamento. Somos uma tapeçaria de momentos, cada foto representando um capítulo precioso que construímos juntos.
Estamos na sede da Toman, reunidos como sempre após mais um dia tumultuado nas ruas. Enquanto conversamos, Mikey nota o anel no meu dedo e comenta casualmente:
— Esse anel é bonito hein? Quem é a sortuda?
Eu sorrio e respondo:
— Na verdade, é um sortudo. É o Ran.
O olhar de surpresa se espalha pelo rosto do Mikey, seus olhos se arregalam um pouco.
— Ran? Mas Ran é...
— É homem e nosso inimigo. — completo, antecipando a reação dos outros membros da Toman.
O templo fica silencioso por um momento, todos processando a informação. Finalmente, Mikey quebra o silêncio:
— Cara... como assim?
Respiro fundo antes de continuar, sentindo a importância de cada palavra.
— Já faz seis meses desde que estamos juntos, oficialmente.
O choque no rosto do Mikey é palpável, mas ele não é o único surpreso. Todos os membros da Toman estão olhando para mim, tentando entender essa revelação. É então que Mikey menciona:
— E o Angry? Ele vai aceitar isso?
Com um sorriso suave, respondo:
— Ele já aceitou. Ele até chama o Ran de mãe.
Uma mistura de emoções passa pelos rostos ao meu redor - incredulidade, curiosidade e talvez um pouco de respeito. Eu rio suavemente diante das suas expressões confusas.
— Bom, quando eu me casar com o Ran, vocês estão todos convidados para o casamento. — brinco, tentando aliviar a tensão.
Aos poucos, a atmosfera volta ao normal, e as conversas recomeçam. A Toman é uma família, e agora eles sabem mais um detalhe sobre um dos seus membros. Eles aceitam, como sempre fizeram, e isso me enche de gratidão.
— Cara você está namorando ao Ran Haitani... — diz Draken impressionado. — Quando isso aconteceu?
— Na verdade, já namoramos a dois anos atrás. Mas terminamos assim que o Kisaki entrou na Toman, e eu terminei com o Ran porque eu sabia que o Kisaki poderia explanar tudo. E bem, se passou dois anos, a gente se reencontrou e aqui estamos nós, de novo.
— Quem faz o papel de mulher? — pergunta Mikey curioso e Draken da um tapa no ombro dele. — Ai Kenzinho! Eu só quero saber. — ele resmunga e passa a mão na área onde Draken bateu.
— É o Ran. Ele que faz o papel de mulher. E ele faz isso muito bem. Angry e Rindou são os nossos filhos, eu sou o pai e ele é a mãe.
— Caralho, eu queria poder ser você agora hein. — brinca Kazutora. — Mó gatinha a sua "mulher", pegaria ele de frente, de costas e de lado.
— Quer morrer porra? — falo sério. — A próxima vez que você falar mais alguma coisa sobre o Ran, eu juro que vou esfregar a sua cara no asfalto quente.
— Quem mandou ter mulher bonita.
— Agora a pouco todo mundo odiava o Ran, agora estão todos de graça?
— Calma aí, ele é o nosso inimigo, mas ele não deixa de ser bonito. Isso é a única coisa que não foi esclarecida aqui. — explica Kazutora.
— É, ele tem razão. O que em ele tem de filho da puta, ele tem de bonito. Pegaria ele. — brinca Mikey.
— Vão pra porra todos vocês. — resmungo rindo e todos caem na gargalhada.
Se eu já estou sendo alvo de piadinhas, imagina o Ran quando revelar para a Tenjiku que ele namora comigo?
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Segunda Chance (+16)
Fanfiction[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Após uma batalha brutal contra a gangue rival, Toman, Ran se vê confrontado por memórias dolorosas de um amor perdido. Seu ex-namorado, Smiley, agora inimigo, é uma lembrança constante do que ele uma vez teve e perdeu...