Chegamos em casa, exaustos e cheios de dores dos ferimentos e da tensão do dia. Rindou vai direto para o banheiro, murmurando algo sobre um banho quente ser a única coisa que pode salvar ele agora. Eu concordo silenciosamente, mas minha mente está em outro lugar.
Caminho ao meu quarto, um espaço que, apesar de todas as lutas e caos da vida, sempre foi meu santuário. Fecho a porta atrás de mim e me aproximo do guarda-roupa. Na parte inferior, há uma gaveta que está sempre trancada. Tiro uma pequena chave de dentro de uma caixinha no criado mudo, e a insiro na fechadura.
Ao abrir a gaveta, um sorriso melancólico se forma nos meus lábios. Lá dentro, estão inúmeras fotos minhas com o Smiley, além dos presentes feitos à mão que ele me deu ao longo do tempo. Pequenos momentos capturados e memórias preservadas em objetos tangíveis.
Pego a caixa que guarda essas memórias e me sento na cama. Abro a tampa e começo a olhar cada foto, cada presente, com uma atenção que faz meu coração apertar. Há uma foto de nós dois em um parque, rindo de algo que já nem lembro. Outra em que ele está me abraçando, com aquele sorriso contagiante iluminando seu rosto. E então, há uma pequena figura de origami que ele fez para mim em uma noite chuvosa.
Enquanto examino cada item, as emoções começam a transbordar. Sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, silenciosas no começo, mas logo se transformam em soluços que sacodem meu corpo.
Sinto falta dele, mais do que posso expressar. A saudade do que tínhamos é esmagadora. Queria poder voltar no tempo, reviver aqueles momentos de felicidade simples, aquela conexão que parecia inquebrável. Mas sei que isso é quase impossível.
As gangues inimigas, Tenjiku e Toman, nossos irmãos mais novos que jamais aceitariam, e os próprios membros de nossas gangues que veriam nossa relação como uma traição. E, acima de tudo, a dura realidade das palavras do Smiley que ainda ecoam na minha mente: ele disse na minha cara que não me amava mais.
Essa última lembrança é a mais dolorosa. A frieza nas palavras dele, o olhar decidido. Foi como se uma parte de mim tivesse sido arrancada naquele momento.
Continuo a olhar para as fotos, os presentes, as memórias. As lágrimas continuam a cair, e eu me permito chorar, pelo menos por um tempo. Preciso liberar essa dor, essa saudade, mesmo sabendo que não posso mudar o que aconteceu.
Eventualmente, limpo as lágrimas com a manga do uniforme e suspiro profundamente. Coloco tudo de volta na caixa e fecho a gaveta, trancando ela novamente. As memórias estão guardadas, pelo menos por enquanto.
Levanto e me aproximo do espelho, olhando meu reflexo. Os olhos vermelhos e inchados são um lembrete da dor que ainda sinto.
Rindou sai do banheiro, com o cabelo molhado e a expressão mais relaxada. Ele entra no quarto e olha para mim, com uma leve preocupação no rosto.
— Você está bem? — ele pergunta, a voz suave.
Assinto, forçando um sorriso.
— Sim, estou. Só... pensando em algumas coisas.
Ele me observa por um momento, mas não pressiona.
— Certo. Se precisar de algo, estou aqui.
— Obrigado, Rindou. — digo, genuinamente grato. Ele é meu irmão, e seu apoio significa mais do que posso expressar.
Enquanto ele se dirige para o seu quarto, eu me deito na cama, olhando para o teto. A saudade e a dor ainda estão lá, mas pelo menos não estou sozinho. E, por agora, isso é o suficiente para continuar.
Mas talvez eu devo me afastar o passado, afinal, acabou. O que tínhamos acabou. Não há como voltar a atrás de novo... acabou tudo acabou.
Me levanto da cama e caminho até o banheiro, retiro minha roupa toda suja de sangue e a deixo no chão para poder lavar separadamente das outras roupas.
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Segunda Chance (+16)
Fanfic[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Após uma batalha brutal contra a gangue rival, Toman, Ran se vê confrontado por memórias dolorosas de um amor perdido. Seu ex-namorado, Smiley, agora inimigo, é uma lembrança constante do que ele uma vez teve e perdeu...