Minha mente ainda está cheia dos eventos de ontem à noite. Cheguei tarde em casa, e quando finalmente abri a porta, Angry já estava dormindo. Agora, enquanto mexo os ovos na frigideira, sinto uma nuvem de preocupação pairando sobre mim.
Termino de preparar o café da manhã e coloco tudo na mesa. Ouço passos pesados se aproximando, e quando olho para a porta, vejo Angry entrando na cozinha. Ele está sonolento, mas a raiva é evidente em seu rosto.
— Bom dia. — digo, tentando manter a voz leve.
Angry franze a testa, claramente irritado.
— Onde você estava ontem à noite?
Respiro fundo, sabendo que este momento chegaria.
— Angry, eu vou explicar tudo para você. Mas, por favor, preciso que você tenha paciência e seja um pouco compreensivo.
Ele cruza os braços e se encosta na porta, com o olhar ainda severo.
— Acho bom você ter uma ótima explicação, Smiley.
Sinto um aperto no peito, mas mantenho meu olhar firme. É melhor contar tudo de uma vez do que ficar enrolando, afinal, sei que Angry odeia isso. E se for para mim levar a bomba, que eu leve de uma vez.
— Eu estive com Ran. Nós estamos juntos há seis meses. Eu sei que você pode achar estranho ou difícil de aceitar, mas é importante para mim que você saiba a verdade. — falo e respiro fundo.
Angry pisca, com uma raiva em seus olhos se misturando com surpresa.
— Com Ran? O Ran da Tenjiku?! O Haitani?!
Assinto, sentindo a tensão aumentar.
— Sim, exatamente. Eu queria te contar antes, mas estava com medo de como você reagiria. Mas eu não quero mais esconder isso de você.
Angry fica em silêncio por um momento, processando a informação. O silêncio é quase ensurdecedor, e eu sinto cada segundo se arrastar como uma eternidade.
— Então você está namorando o Ran, da Tenjiku? Isso é sério, Smiley?
— Sim, Angry, é sério. Eu amo o Ran.
— Você não pode estar falando sério! — ele xinga e bate a mão na mesa. — Ele é nosso inimigo, Smiley! Como você pode fazer isso?
— Eu sei que é difícil de entender, mas Ran me faz feliz. Eu não vou terminar com ele só porque vocês têm uma história complicada.
— Complicada? É muito mais que complicada! Ele é nosso inimigo, Smiley. Como você pode trair nossa confiança assim? — ele diz com os olhos faiscando ódio.
— Não estou traindo ninguém, Angry. Eu só estou seguindo meu coração. Eu amo o Ran e isso não vai mudar. — digo firme.
— Então é isso? Você escolhe ele em vez da sua própria família? Em vez de mim? — ele diz ríspido.
— Não é uma questão de escolher entre você e ele. Eu quero vocês dois na minha vida. Eu amo vocês dois, de maneiras diferentes. Você como meu irmão, e ele como meu namorado.
— Isso é ridículo! — ele resmunga e se levanta. — Eu não posso aceitar isso. Se você está decidido a continuar com ele, então eu vou embora. Não aceito ter o meu inimigo como namorado do meu irmão.
— Angry, por favor, não faça isso. Nós podemos resolver isso juntos. Só preciso que você tente entender.
— Não há nada para entender. Você fez sua escolha. Agora eu estou fazendo a minha.
— Angry, não vá...
— Já decidi, Smiley. Eu vou embora.
Angry, meu irmão, vira de costas e caminha em direção à porta. Cada passo que ele dá parece uma punhalada no meu peito. Tento falar, tentar mais uma vez convencê-lo, mas minha voz falha. Ele já está decidido.
As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto, quentes e incessantes. Tento enxugá-las, mas é inútil. Não consigo controlar a dor que sinto vendo meu irmão se afastar assim.
— Angry, não vá... — murmuro, quase inaudível, mas ele não para.
A porta se fecha com um estrondo, um som que reverbera pela casa e pelo meu coração. É como se tudo ao meu redor tivesse parado. A casa parece de repente enorme e vazia, sem a presença dele.
Sinto minhas pernas fraquejarem e me encosto na parede, tentando recuperar o fôlego. As lágrimas continuam a cair, molhando minha camisa. Nunca imaginei que seria tão difícil. Nunca pensei que amar alguém pudesse causar tanta dor.
Minha mente está cheia de perguntas e incertezas. Será que eu fiz a escolha certa? Será que um dia ele vai me perdoar? A angústia é esmagadora, mas no fundo, sei que não poderia viver uma mentira.
Eu amo o Ran. E amo meu irmão. Não quero perder nenhum dos dois. Mas neste momento, a realidade é que Angry saiu de casa, e eu estou aqui, sozinho, tentando lidar com a dor e a culpa.
A casa, que sempre foi nosso lar, agora parece apenas um espaço vazio, cheio de lembranças e de tristeza.
Mas, por mais difícil que seja, sei que preciso ser forte. Por mim, por Ran, e pelo meu irmão. Um dia, espero que Angry entenda e aceite. Até lá, tenho que acreditar que o amor é mais forte que qualquer barreira, mesmo que a jornada seja dolorosa.
Com as mãos trêmulas, pego meu celular e ligo para Ran. Cada toque que ouço parece durar uma eternidade, até que finalmente ele atende.
— Smiley? O que houve? — a preocupação na voz de Ran é palpável.
— Ran... eu... preciso conversar com você. — digo, a voz entrecortada pelos soluços. — Angry... ele sabe de tudo agora.
O silêncio do outro lado é breve, mas cheio de compreensão.
— Amor, você está chorando? O que aconteceu?
— Ele não aceitou. — respondo com minha voz falhando. — Disse que se eu continuasse com você, ele ia embora. E agora ele... ele saiu de casa, Ran.
Ouço Ran respirar fundo, processando a informação.
— Eu entendo, bebê. Estou indo para a sua casa agora mesmo. Fica calmo, estou a caminho.
— Obrigado. — murmuro, sentindo um pequeno alívio ao saber que Ran está vindo. — Eu preciso de você aqui.
— Estarei aí em poucos minutos. — Ran diz com uma determinação clara em sua voz. — Aguenta firme, Smiley. Vamos resolver isso juntos.
Desligo o telefone, ainda sentindo o peso da tristeza e do desespero, mas agora misturado com uma faísca de esperança. Saber que Ran está vindo me dá forças para enfrentar esse momento difícil. Me sento no chão do meu quarto, abraçando meus joelhos, tentando controlar as lágrimas enquanto espero.
Os minutos parecem horas, mas finalmente ouço a campainha. Me levanto rapidamente e corro até a porta, abrindo ela para encontrar Ran ali, com sua expressão cheia de preocupação e amor.
Sem dizer uma palavra, ele me puxa para um abraço apertado, e as lágrimas voltam a escorrer, mas desta vez com a sensação de que não estou sozinho. Juntos, vamos encontrar uma maneira de superar isso, de reconstruir o que foi quebrado. Com Ran ao meu lado, sinto que posso enfrentar qualquer coisa.
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Segunda Chance (+16)
Fiksi Penggemar[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Após uma batalha brutal contra a gangue rival, Toman, Ran se vê confrontado por memórias dolorosas de um amor perdido. Seu ex-namorado, Smiley, agora inimigo, é uma lembrança constante do que ele uma vez teve e perdeu...