Me Escute

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Estou caminhando pelas ruas de Tokyo, à procura do Angry, e me pergunto como cheguei a este ponto. Eu, Rindou, perambulando pela cidade em busca do meu inimigo. Nunca me imaginei nessa situação. Na verdade, sempre evitei qualquer tipo de contato com Angry, porque, sinceramente, nunca me importei, principalmente depois da lapada que eu levei naquele trágico 26 de fevereiro.

Mas agora é diferente. Estou fazendo isso pelo meu irmão, Ran.

Enquanto ando, olho ao redor, tentando imaginar onde Angry poderia estar. Talvez ele esteja em algum lugar com uma placa de "Cuidado: Enfurecido". Tento não rir alto com a ideia. Este é um território desconhecido para mim. Quem diria que eu estaria tentando resolver um conflito com alguém da Toman?

Passo por um café e olho através da janela, como se Angry pudesse estar sentado lá, tomando um café e resmungando sobre a injustiça do mundo. Nada. Continuo andando e penso em perguntar a um policial se ele viu um cara andando por aí com uma nuvem de raiva sobre a cabeça. Decido que isso seria uma má ideia.

Depois de alguns minutos, paro em um parque e olho ao redor. "Sério, Angry, onde você está se escondendo?" murmuro para mim mesmo. Me sento em um banco, tentando pensar como um detetive de filme. Talvez ele esteja em algum lugar onde possa socar coisas sem ser preso. Uma academia? Um dojo? Um clube de luta clandestino?

Finalmente, depois de mais alguns minutos de andar sem rumo, vejo alguém que parece familiar. Um cara de altura mediana, cabelo azul e com uma expressão de raiva permanente no rosto.

— Angry! — chamo, acenando para ele. Ele se vira, e posso ver que é realmente ele. O olhar de surpresa e desconfiança no rosto dele é quase cômico.

— Rindou? — ele diz, franzindo a testa. — O que você está fazendo aqui?

Dou de ombros, tentando parecer casual.

— Vim te procurar. Precisamos conversar. — falo enquanto caminho até ele.

Ele cruza os braços, claramente desconfiado.

— Sobre o quê? Não tenho nada para falar com você e eu não estou em um dia bom.

— Eu também não estou em um dia muito bom. — falo rindo. — Preciso falar com você sobre o Smiley e o Ran. — respondo, sentindo a seriedade da situação pesar sobre mim. — Eu sei que parece estranho, mas estou aqui para tentar resolver as coisas. Pelo meu irmão.

Angry parece ponderar por um momento, depois suspira.

— Não quero nem saber o nome do seu irmão.

— Da para calar a porra da boca e me ouvir? — resmungo e ele olha para mim furioso. — Eu entendo que não deve estar sendo nada fácil para você aceitar tudo isso, você me odeia, eu te odeio, Smiley ama meu irmão e o seu irmão ama o meu irmão. Sei que a situação tá mais fodida do que já era, mas vamos tentar deixar as coisas menos piores?

— Você está de brincadeira né?

— Você acha que eu iria andar por Tokyo que nem um louco a procura do meu inimigo por pura brincadeira? Não sou tão lesado da cabeça assim. — falo e cruzo os braços. — Eu só quero tentar amenizar as coisas. Não estou aqui para que você fique atrás de mim nem nada do tipo, só quero que a situação fique menos pesada.

Angry faz um sinal para que nos sentemos em um banco no parque. Eu, Rindou, nunca imaginei que estaria aqui, lado a lado com ele, tentando resolver um problema. Mas, pelo Ran, o meu irmão que literalmente deu o sangue para me criar, estou disposto a tentar.

Sentamos no banco, e eu respiro fundo, me preparando para a conversa.

— Olha, Angry. — começo, tentando soar o mais compreensivo possível. — Eu sei que toda essa situação é complicada. Mas precisamos conversar sobre Ran e Smiley. Eu quero ouvir o que você sente sobre tudo isso. De repente você e eu temos algum pensamento igual.

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