Estamos chegando na minha casa, o lugar onde posso finalmente relaxar depois de tudo. Ran está comigo, empurrando minha cadeira de rodas com um cuidado que, admito, é bem tocante. Quando chegamos à entrada, ele para e olha para os degraus.
— Vamos lá, Smiley. — ele diz, com um leve sorriso. — Vamos te levar para dentro.
Com um esforço combinado, ele me ajuda a subir os degraus. Ele segura a cadeira firmemente e, juntos, conseguimos superar cada obstáculo. Apesar de toda a nossa história e das complicações, há algo reconfortante em saber que Ran está aqui, disposto a ajudar.
Quando finalmente chegamos ao topo dos degraus, ele abre a porta e me empurra para dentro.
— Bom, aqui estamos. — Ran diz sorrindo dando um passo para trás. — Você está bem?
Olho para ele, vendo a preocupação em seus olhos.
— Estou, Ran. Obrigado por me trazer até aqui.
Ele sorri, aquele sorriso que conheço tão bem.
— Não foi nada. Sabe que sempre estarei aqui para ajudar.
— Eu aprecio isso.
Ele dá um último olhar ao redor, se certificando de que está tudo em ordem.
— Certo, acho que é hora de eu ir.
— Ran. — chamo antes que ele se vire para ir embora. — Sério, obrigado por hoje. Significa muito.
Ele acena, seus olhos suavizando.
— Cuide-se, Smiley.
E com isso, ele se despede, descendo os degraus com a mesma leveza que o trouxe até aqui. Fico observando até que ele desapareça da minha vista, sentindo uma mistura de gratidão e uma pontada de saudade.
Enquanto fecho a porta, não posso deixar de pensar em como, apesar de tudo, ainda há uma conexão entre nós. E, por agora, isso é o suficiente.
Percebo que sou recebido por um silêncio que parece incomum. Normalmente, a casa está cheia de vida, mesmo que seja apenas eu e meu irmão mais novo, Angry. Mas agora, tudo parece quieto demais.
— Angry? — chamo, esperando ouvir alguma resposta, mas nada. O silêncio permanece.
Estranho. Decido ir até o quarto dele para ver se está tudo bem. Com um pouco de esforço, manobro minha cadeira de rodas pelo corredor, cada movimento ecoando na casa silenciosa.
Chego à porta do quarto do Angry e bato levemente.
— Angry, você está aí?
Ainda sem resposta. Empurro a porta devagar e dou uma espiada. Lá está ele, deitado na cama, dormindo profundamente. Seus cabelos bagunçados estão espalhados pelo travesseiro e seu rosto, normalmente tão tenso, está sereno e tranquilo.
Entro no quarto, me aproximando devagar para não acordá-lo. O alívio me invade ao vê-lo assim. A luta recente com a Tenjiku deve ter sido exaustiva e dolorosa para ele e vê-lo dormindo tão profundamente me faz perceber o quanto ele também precisa de descanso.
Fico ali por um momento, observando meu irmão. Apesar de toda a dureza que ele carrega, há uma vulnerabilidade nele quando está dormindo, uma lembrança de que, no fundo, ele ainda é o meu irmãozinho.
— Descanse bem, Angry. — murmuro, saindo do quarto com cuidado para não fazer barulho. Enquanto volto para a sala, me sinto mais tranquilo, sabendo que ele está seguro e descansando.
A casa ainda está silenciosa, mas agora o silêncio não parece tão opressivo. É um silêncio de paz, algo raro em nossas vidas tumultuadas. Aproveito o momento para relaxar, finalmente sentindo que, pelo menos por agora, tudo está bem.
As horas se passa e eu me encontro sentado na sala, aproveitando um raro momento de tranquilidade, quando ouço a campainha tocar. Com algum esforço, rodo minha cadeira até a porta e a abro, encontrando Draken ali parado.
— Draken, que surpresa! — digo com um sorriso no rosto. — Entra, por favor.
Ele entra, e eu o guio até o sofá.
— Fala baixo, tá? O Angry está dormindo.
Draken acena com a cabeça, compreensivo, e se senta no sofá.
— Como você está, Smiley? Precisa de alguma coisa?
— Estou bem, obrigado. Só um pouco cansado, mas nada que eu não possa aguentar. — respondo, tentando manter o tom leve.
Draken me observa por um momento antes de continuar.
— Bom, sabe se que se precisar de qualquer coisa, tem eu, Mikey e todos da Toman para isso não sabe? — ele diz com um sorriso no rosto.
— Eu sei que eu tenho o apoio de todos vocês, e eu admiro muito isso, obrigado. — falo e dou um tapinha em suas costas.
Draken fica em silêncio por alguns segundos, e eu percebo que ele quer dizer alguma coisa, mas parece que ele está meio receoso. Portanto, decido perguntar.
— Você tá estranho. Quer me dizer alguma coisa, Draken?
— Eu? — ele pergunta e ri. — Ah nada. — ele diz e eu o encaro. — Tá... mano é que eu não consigo tirar da minha cabeça a forma como você defendeu Ran na reunião hoje. Quando citei o nome dele, você ficou bem bravo.
Eu tento contornar a situação com um sorriso forçado.
— Ah, aquilo? Deve ter sido a pancada na minha cabeça. Às vezes, eu digo coisas sem pensar quando estou assim.
Draken não parece convencido. Ele me encara com seus olhos penetrantes, como se tentasse ler meus pensamentos.
— Não pareceu isso, Smiley. Na verdade, parecia que você estava escondendo alguma coisa.
Sinto um frio na espinha, mas tento manter a calma.
— Sério, Draken, não é nada. Só estou cansado e preocupado com o Angry, sabe?
Ele continua a me olhar fixamente, como se esperasse que eu revelasse mais.
— Smiley, somos amigos há muito tempo. Você sabe que pode confiar em mim. Se tem algo acontecendo, algo que eu deva saber, você pode me contar.
Eu suspiro, sentindo o peso da situação.
— Draken, tem coisas que são complicadas, entende? Coisas que não são fáceis de explicar.
Ele acena, finalmente relaxando um pouco.
— Eu entendo, cara. Só quero que você saiba que estou aqui se precisar de ajuda.
Agradeço com um sorriso, aliviado por ele ter deixado o assunto de lado, pelo menos por enquanto.
— Obrigado, Draken. Agradeço muito.
Ele dá um tapinha no meu ombro antes de se levantar.
— Bom, vou deixar você descansar. Qualquer coisa, me liga.
— Pode deixar. — respondo, acompanhando ele até a porta.
Depois que ele vai embora, fecho a porta e suspiro profundamente. A situação com Ran é algo que preciso resolver, mas agora, pelo menos, tenho um pouco mais de tempo para pensar em como vou fazer isso. E, por enquanto, isso é o suficiente.
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Segunda Chance (+16)
Fanfiction[𝗢𝗯𝗿𝗮 𝗙𝗶𝗻𝗮𝗹𝗶𝘇𝗮𝗱𝗮] Após uma batalha brutal contra a gangue rival, Toman, Ran se vê confrontado por memórias dolorosas de um amor perdido. Seu ex-namorado, Smiley, agora inimigo, é uma lembrança constante do que ele uma vez teve e perdeu...