CAPÍTULO 37. Herrera 2

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Oi, pessoal, como estão? Este é, sem dúvida, o maior capítulo até agora. Peço desculpas pelo tamanho, optei por deixá-lo assim em vez de dividi-lo em três partes. Com ele, fechamos o penúltimo arco da história das meninas.

Estou adorando ler todos os comentários de vocês e estou ansiosa para saber o que estão achando e quais pitacos vocês têm para o desfecho dessa história.

Um grande beijo para todas vocês, com muito amor no coração, Mabel <3

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ERIS DE MORI HERRERA

Misha ainda me olha com certa confusão, mas está disposta a me ouvir. Então, seja o que o universo quiser.

— Foi no aniversário de 11 anos da Haru que tudo começou — eu disse, iniciando um breve resumo da minha vida. — Estávamos nesse parque quando minha mãe sentiu um mal-estar. Meu pai, sempre muito preocupado com nós três, a levou ao hospital para se certificar de que estava tudo bem.

Não posso reclamar do meu pai durante a minha infância, ou melhor, durante a nossa infância. Ele sempre foi um pai presente e muito mais participativo que a média. Sabia tudo sobre nós três e se empenhava para fazer parte do nosso mundo. Afinal, éramos três mulheres e ele. Ele se esforçava, e a gente percebia isso.

A verdade é que o meu pai sempre foi um cara muito maneiro.

Mas, a partir daquele dia, os sintomas da minha mãe não cessaram, e ela nunca mais parou de visitar médicos, clínicas, hospitais... até que o diagnóstico finalmente veio.

— Esclerose Lateral Amiotrófica, um nome complicado para uma doença complicada — ou ELA, como é comumente chamada. — Minha mãe recebeu o diagnóstico e meu pai, um médico neurologista, vê a esposa, uma mulher jovem e cheia de vida, com um diagnóstico de uma doença neurodegenerativa e sem cura? — Perguntei mais como afirmação do que dúvida.

Era mesmo uma puta ironia do destino.

— Seu pai entrou em curto... — constata Misha.

— Quem dera ele tivesse apenas entrado em curto, Misha. Meu pai se afastou do trabalho, minha mãe parou de dar aulas, e eles passaram muitos meses viajando, entrando e saindo de hospitais ao redor do mundo. Numa busca cega por uma cura que, no fundo, ele sabia que não existia. O quadro da minha mãe evoluiu assustadoramente rápido. Eu vi minha mãe perder o brilho da vida... e quando completei 13 anos, uns dois anos após o diagnóstico, dona Andrea, já debilitada e desorientada, morando em um quarto de hospital, faleceu.

Lembro das últimas palavras da minha mãe, que eu deveria cuidar da Haru e que ela deveria cuidar de mim, porque dali em diante seríamos uma dupla para sempre.

— Foi nessa época que fiquei muito próxima da minha prima Isa. Ela foi uma espécie de irmã mais velha para mim e para a Haru, já que quase não tínhamos contato com a Nara.

Expliquei que a Nara é filha apenas da minha mãe e que quase não tive contato com ela durante boa parte da minha vida. Isso explica muita coisa sobre a nossa relação hoje em dia.

— Essa prima Isa é a Heloísa De Mori? A jornalista, chefe da Adria? — Misha pergunta num tom de voz lento, mas que indica que acabou de ligar alguns pontos de informação.

— Ela mesma. Isa é a nossa referência de irmã mais velha. Ela era aquela mulher incrível, sabe? Sempre tinha as conversas mais legais, os melhores conselhos, proporcionava os passeios mais incríveis. Nos levava para todos os lugares que você pode imaginar. Além, também, de ser a nossa primeira referência lésbica direta. 

ANTES QUE ELA VÁ EMBORA | ROMANCE LÉSBICOOnde histórias criam vida. Descubra agora